terça-feira, 28 de julho de 2015

Paisagem: Orquídeas e bromélias

Tenho dois amigos gaúchos, tranquilos, risonhos, e muito queridos: Pedro e Lígia Holderbaum, ambos arquitetos simpaticíssimos e muito, muito competentes. Eu os conheci em Varginha, logo que cheguei à cidade. Em uma das saídas para conhecê-la, gostei de algumas casas e pensei comigo: - Têm todo o jeitão de terem sido projetadas por arquitetos, e dos bons!
Aliás, isso é verdade e muito interessante. Com a prática, dependendo de sua formação, quando você bate o olho, dá para saber se o projeto é ou não de arquiteto e mais ainda, dá para saber que tipo de arquiteto ele é! Ou até quem ele é!
Bom, voltando... Descobri que as casas, de fato, haviam sido projetadas por um casal de arquitetos e fui descobrir quem eram os dois. Por pouco tempo, mantivemos contato real; agora, o contato é, basicamente, virtual (pena!), porque eles logo se mudaram para Joinville. Egoisticamente, fiquei triste por mim (tenho certeza de que você conhece a sensação, não?), mas feliz por eles. E truco! O tempo mostrou que eles estavam certos.
Fizeram alguns trabalhos como arquitetos, como paisagistas, organizaram algumas edições da Festa das Flores de Joinville e, em pouco tempo, montaram a sua própria flora, a Flora Holderbaum, fundada em 1994. 
Desde então, com a competência e habilidade que sempre mostraram em seus projetos, lidam com orquídeas e bromélias. Produzem e melhoram espécies brasileiras como a Cattleya intermedia, a Laelia purpurata e a Cattleya labiata em especial, assim como na criação de híbridos de Cattleya.  E enviam para todo o Brasil.
No site, você também descobre os cuidados com suas orquídeas e bromélias. Aproveite. 
Fiz esse post para matar a saudade dos meus amigos Lígia e Pedro.


Referências: 
http://floraholderbaum.com/  

Arte, Cultura & Memória: Folclore Brasileiro

 Imagem: http://www.aprovincia.com.br/conversa-de-pescador/folclore/ 
Em junho, já falei da riqueza de nossas tradições culturais e de nosso folclore,  quando me referi às festas juninas, no post Yes, nós temos festas juninas!  Além do Dia dos Pais, em agosto comemora-se o Dia do Folclore, no dia 22, data criada pelo governo brasileiro em 1965 para homenagear nossa rica cultura popular. O termo vem do inglês antigo e significa "povo" (folk) + "cultura, conhecimento" (lore). Segundo o dicionário Houaiss, folclore é:   
- conjunto de costumes, lendas, provérbios, manifestações artísticas em geral, preservado, através da tradição oral, por um povo ou grupo populacional; cultura popular, populário. 

Abrangente, o termo engloba tudo que identifica um povo e o caracteriza: literatura, teatro, dança, música, comida, artesanato, mitos, simpatias, brincadeiras, lendas, jogos, festas, ditos populares, superstições, parlendas, trava-línguas, etc. Fruto do imenso cadinho cultural que é o Brasil, nosso folclore tem a contribuição de diversos povos e lugares - índios, portugueses, outros europeus e africanos. Dessa mistura toda, nasceu a colorida colcha de retalhos formada por uma infinidade de pequenos pedaços diferentes em padrões, cores e dimensões. Um verdadeiro patchwork, ou colcha de retalhos. É fundamental, portanto, conhecer, estudar, cultivar e divulgar nossas tradições e costumes, como forma de manter vivas nossas raízes e nosso patrimônio cultural intangível.
Então, se você...evita passar debaixo de uma escada, morre de medo de gato preto, gosta das histórias contadas na roça, coloca um ramo de arruda atrás da orelha para espantar mau olhado, usa uma figa ou uma ferradura atrás da porta para dar sorte, bate três vezes na madeira para evitar que algo ruim lhe aconteça, usa sal grosso na água na entrada da casa para se proteger da inveja, coloca uma vassoura atrás da porta para despachar uma visita chata, gosta de festa junina, de pular fogueira, de soltar fogos e de fazer simpatias, dá três pulinhos para encontrar algo que perdeu, usa fitinha do Bonfim, gosta de brincar e cantar cantigas de roda, sabe as brincadeiras de trava-línguas... 
Enfim, se faz tudo isso e mais centenas de outras coisas, como fumar cigarro de palha, brincar de bumba-meu-boi, da malhação do Judas, Folias de Reis, congadas, procissões várias, carnaval... Saiba que tudo isso tem suas mais genuínas raízes em nosso folclore. Tenho certeza de que, quando criança, todo mundo já ouviu falar de alguns desses mitos, lendas e personagens:
- Saci Pererê: menino negro de uma perna só que, com o cachimbo e um gorro vermelho, vive voando em seu redemoinho, provocando rajadas de vento, fazendo travessuras, mas também ajudando a proteger a mãe-natureza;
- Iara ou mãe-d’água: metade mulher e metade peixe que, com seu canto atraente, atrai e encantar os homens até levá-los para o fundo do rio;
- Boto: jovem atraente que seduz  mulheres, leva-as para a beira de um rio, deixa-as grávidas e, antes da madrugada, mergulha de novo e se transforma em um boto cor de rosa;
- Curupira ou Caapora: de cabelos compridos e os pés virados para trás, também protege as matas e os animais silvestres;  
- Boitatá ou fogo-que-corre: cobra de fogo que protege as matas, florestas e os animais silvestres;
- Cuca: figura de uma velha que tem cabeça de jacaré, voz assustadora e persegue crianças desobedientes;  
- Mula sem Cabeça: mulher que, como castigo após ter tido um caso com um padre, é transformada numa mula sem cabeça que galopa e salta sem parar, nas noites de quinta para sexta-feira;
- Lobisomem: homem que, após ter sobrevivido ao ataque de um lobo, transforma-se em lobo nas noites de lua cheia. E por aí vai...
Mas folclore é coisa muito séria e, quando se fala em folclore brasileiro, não se pode esquecer de figuras ímpares, como Monteiro Lobato (1882-1948), Mário de Andrade (1893-1945) e Câmara Cascudo (1898-1986), motivo para outro post.  

Referências:

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Línguas & Literatura: Mário, Oneyda e Varginha

Em março último, fiz um comentário sobre o livro À Outra Margem, do psicólogo, pesquisador e historiador José Roberto Sales, atual presidente da Academia Varginhense de Letras, Artes e Ciências – AVLAC (Línguas, Literatura & Tradução: À Outra Margem). 


 
Capa de À outra margem, 1ª edição

Agora, em segunda edição, o livro vem enriquecido por análise do autor / pesquisador sobre a troca de correspondência entre Mário de Andrade (1893-1945), mentor intelectual e depois amigo, e Oneyda Alvarenga (1911-1984), pupila, depois amiga e herdeira cultural do mentor. O autor analisa as cartas e destaca as observações feitas à cidade de Varginha, também sua terra natal, no cenário das cartas trocadas entre 1932 e 1940, mas também apresenta a cidade com os dados da época, conforme publicação de então, contrapondo, em alguns momentos, as opiniões de Oneyda sobre o caráter provinciano da cidade.


 
Capa da 2ª edição, baseada no quadro de José Fernando Campos, outro acadêmico da AVLAC

Cuidadoso, minucioso e perspicaz, o autor identifica o período histórico, as entrelinhas, os neologismos e vocabulário próprio de ambos e, mais importante, localiza e expõe ao leitor uma Oneyda sensível e tímida, determinada e corajosa, humilde e agradecida ao mestre durante sua busca profissional e pessoal, busca essa que teve início ao deixar Varginha e partir, corajosamente, para o mundo novo representado por São Paulo, em uma longa viagem de trem de 14 horas, à época... Mostra também um Mário de Andrade que discutia, ponderava, aconselhava, mas também se espelhava em Oneyda, que a incentivava e acreditava nela bem mais do que ela própria.  
A segunda edição de À Outra Margem será lançada em agosto, em data a ser definida, mas no dia 30 de julho na Academia Varginhense de Letras, Artes e Ciências, na Sala da Torre da Estação Ferroviária de Varginha, haverá outro evento com a presença e palestra de Valquíria Maroti Carozze, pesquisadora com formação em Biblioteconomia e Documentação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo - ECA-USP, Mestre em Filosofia pelo Instituto de Estudos Brasileiros – IEB-USP e especialista em Oneyda Alvarenga. Na ocasião, Carozze também lança seu livro “Oneyda Alvarenga: da poesia ao mosaico das audições” (São Paulo: Alameda, 2014. 450p.). A pesquisadora fez o texto de apresentação da segunda edição do livro de José Roberto Sales. 


 
Convite lançamento livro de Valquíria Carozze

Como se isso não bastasse para homenagear a ilustre personagem, pretende-se realizar uma exposição, com concepção e curadoria de Vanessa CTReis e eu, sobre a vida da folclorista, musicista, musicóloga e pesquisadora. 
Aos moradores da terra natal de Oneyda Alvarenga, caberá aproveitar essa fartura de eventos e  informações sobre a trajetória da varginhense iniciada ao deixar sua cidade natal para estudar piano com Mário de Andrade, pontuada pela amizade e respeito mútuo e coroada pela construção paulatina e sólida de seu saber sobre folclore, música e etnografia, materializada na organização do acervo musical e de folclore da Discoteca Pública Municipal de são Paulo, hoje localizada no Centro Cultural São Paulo e denominada  Discoteca Municipal Oneyda Alvarenga. Oneyda foi a primeira diretora da instituição e permaneceu no cargo de 1935, ano de sua criação, a 1968, quando se aposentou. 
Em sua terra natal, no entanto, 'Oneidíssima', como às vezes Mário de Andrade a tratava, talvez mereça maior divulgação para ser mais conhecida e reconhecida. O trabalho de José Roberto Sales permite que a cidade olhe com outros olhos para a filha ilustre que emprestou seu nome a logradouros e instituições públicas em Varginha e São Paulo, além de ser autora de diversas publicações e trabalhos na área.

É fundamental mostrar, às novas gerações, o passado, as tradições, as conquistas do país, sobretudo com aqueles personagens da terra natal. Mas não se trata de bairrismo e sim de apontar a grande contribuição dessa personalidade na vida cultural brasileira. Trata-se de destacar e apreciar aquilo que temos e que, muitas vezes, não é devidamente valorizado, sobretudo quando se trata de uma figura feminina. Infelizmente, muitas mulheres ainda são invisíveis aos olhos de muitos. 
Quatro momentos que têm Oneyda Alvarenga como tema, quatro tributos: dois livros, uma palestra e uma exposição; quatro privilégios para a população local. Só a ela cabe aproveitar esses momentos e mergulhar no universo magnífico de construção do conhecimento e de sua própria cultura.
Parabéns aos pesquisadores e autores, José Roberto e Valquíria pelo empenho e seriedade de suas pesquisas; parabéns aos organizadores, parceiros e patrocinadores da exposição.
Oxalá, o nome de Oneyda Alvarenga seja sempre lembrado e reverenciado junto com o grande Mário de Andrade, não só no Brasil, mas também e, sobretudo, na sua própria terra natal - Varginha, sul de Minas Gerais.    

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Vida & Yoga: Santosha (contentamento)

Dentro de nossa tradição, referência e prática de yoga o YogaSutra,  compêndio elaborado por Patanjali e subdividido em quatro livros que totalizam 195 aforismos, vamos falar um pouco de cada uma das restrições e observâncias (yamas e niyamas), que constituem o código de conduta ética do yoga e estão presentes no segundo livro, o livro da Prática (Sadhana Pada). Mas, não vou falar na ordem em que aparecem. Vou falando de acordo com aquilo que os alunos me solicitam.  
Hoje falo de Santosha, a terceira observância (niyama). Traduz-se por contentamento, alegria interior, equanimidade [contentment under all circumstances]. O centro de gravidade do praticante de santosha está em si próprio e não no outro, ou nas circunstâncias externas. Ele não permite que nada o abale, o que reafirma o terceiro sutra, do primeiro livro, o Samadhi Pada:  


 Então o Observador permanece nele mesmo.   
YS-I, 3.

Um detalhe sutil, mas fundamental para a aquisição da observância do contentamento, é encontrada em outras traduções: é a palavra ‘cultivo’. Santosha não brota do nada, pelo simples desejo. É uma prática a ser cultivada, nutrida, regada, cuidada e preservada, assim como um bebê ou uma planta tenra que pode sofrer abalos a todo o momento.


 Da alegria nasceram todos os seres; pela alegria existem e crescem; à alegria eles retornam. 
- Taittirya Upanishad 

Depende da vontade de cada um desenvolver esse olhar atento e cuidadoso, pois santosha depende da atitude que se tem diante da vida, daquilo que se vê e da forma como se vê:
- Quando alguém lhe oferece um copo com água até a metade, o que você vê? Um copo meio cheio ou um copo meio vazio?
Essa atitude fará toda a diferença na vida. O contentamento enraizado torna tranquilo e pacífico aquele que o pratica, sem sentir que é ameaçado ou desafiado, a todo o instante. Aquele que está firmado no contentamento interior, em santosha, representa um violento a menos na sociedade. É um ser disponível, mas nada espera; assume o compromisso de agir da melhor maneira possível, em todos os campos e atividades, porém sem acomodação e enfrentando cada situação com uma mente lúcida e serena. 
Age como um profissional da Vida, faz o que deve ser feito, o que gostaria que lhe fizessem; não tem aversões (dvesha) ou desejos e apegos (raga), age de forma consciente e, portanto, não reage de forma impensada, regido apelas pelo instinto.
Santosha pede ao praticante que faça do trabalho, do estudo, da rotina ou de qualquer atividade da vida diária um ato de consagração à Vida. Para isso não é necessário renunciar à vida, mas deixar que o espírito de renúncia reine em nossas atividades.

YS II-29. Yama (restrição), Niyama (observância), Asana (postura), Pranayama (regulação da respiração), Pratyahara (restrição dos sentidos), Dharana (fixação), Dhyana (meditação) e Samadhi (contemplação) são os oito meios de se alcançar o yoga.

YSII-30. Ahimsa (não-violência), Satya (verdade), Asteya (abster-se do que não lhe pertence), Brahmacharya (continência, moderação) e Aparigraha (não acumulação, não avareza, desapego), são os cinco Yamas (restrições).

YS II-31. Estas restrições, no entanto, são um grande voto quando tornam-se universais, não sendo restringidas por qualquer consideração de classe, lugar, tempo ou conceito de dever.

YS II 32. Saucha (Pureza), Santosha (contentamento), Tapas (austeridade, disciplina mental e física), Svadhyaya (estudo das escrituras e autoestudo) e Ishvara Pranidhana (devoção ao Absoluto, entrega) são os Niyamas (observâncias).

YS II-33. Quando estas restrições e observâncias são inibidas por pensamentos perversos, o oposto deve ser pensado. 
  
Referências:
Taimini, I.K. A ciência do yoga. Trad. Milton Lavrador. Brasília: Ed. Teosófica, 2004
http://www.geocities.com/Athens/6709/page8.html 
Publicado em:  22/julho 2015 

domingo, 19 de julho de 2015

Paisagem: As cores do inverno...

Não, não, não... Nem pense nisso. Não estou preocupada com as cores das roupas ou calçados ou acessórios da estação. Longe disso. Quem me conhece sabe que essa não é a minha praia. Ao dar o título a esta postagem, quis me referir às cores presentes na natureza, flores, sobretudo, nessa estação. É incrível...  
Nosso inverno aqui não é branco (ufa!); às vezes, pode ser um pouco mais cinza com dias nublados, mas é muito mais colorido e chamativo do que parece com plantas e flores, cujas formas e cores fogem do lugar comum: muitos tons de verde, rosa, roxo, amarelo, fúcsia, laranja, vermelho, lilás, branco e cor de maravilha...   
  

 
É bem isso, uma maravilha.    
Buganvília (primavera), érica, azálea, manacá de cheiro, amor-perfeito, camélia, ciclâmen, hortênsia, kalanchoe, flor de maio, begônia, petúnia, tulipas, narciso, agapanto, helicônia, margarida, íris, algumas variedades de orquídeas, vários tipos de ipê e ainda jasmim-manga, eritrina (suinã), resedá, acácia mimosa...





Ufa, essas são apenas algumas das flores e árvores que florescem no inverno. Aprecie as fotos, as cores, as formas, a diversidade. Olhe com atenção e se surpreenda, cada vez mais, com a exuberância da natureza, mesmo no inverno.   

 

  


Fico devendo o amarelo dos ipês....só em agosto e o vermelho vivo das eritrinas...  
Fotos:  Anita Di Marco
Referências:

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Reflexão: Yoga e ação

YOGAH KARMASHU KAUSHALAM.
[Yoga é perfeição na ação].
- Bhagavad Gita, II:50

Diferentemente do que muitos pensam, yoga não conduz à inação. É, ao contrário, uma filosofia da ação e uma terapêutica contra a agitação. A ação inteligente é serena, mas firme; o homem criativo é interiormente tranquilo. No sábio que medita há um intensíssimo dinamismo que não pode ser entendido pelo homem ocidental pragmático, apressado e superlativo. O sábio somente  se ocupa, não se pré-ocupa, faz o que deve ser feito. 
No Bhagavad Gita, como vimos acima, Krishna define Yoga como “a excelência na ação”. O que temos que fazer deve ser bem feito sempre, pois a ação ou obra imperfeita implica uma dívida, à qual ficamos vinculados. Não só segundo o Gita, mas segundo todos os livros sagrados, só o perfeito agir nos liberta. 



Mukunda Lal Ghosh nasceu em janeiro de 1893 em Gorakhpur, na Índia e faleceu em Los Angeles, Califórnia em 1952. Yogananda (1893-1952) foi o nome adotado em 1915, após formar-se pela Universidade de Calcutá e fazer os votos como monge.   Ananda significa bem-aventurança suprema a partir da união divina (yoga). Passou a vida dedicando-se a esta união e à difusão do Kriya Yoga no Ocidente.   Em vários de seus escritos e lições, Yogananda sempre alertava seus discípulos para a necessidade desse bem agir e de ser um profissional da Vida, todo o tempo, em todo o lugar e em qualquer ação.  
Imagens: 
http://www.srf-saojosedoscampos.com.br/paramahansa/ 

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Arte & Cultura: Outro lutier...

 Aos amantes da arte da luteria, trago hoje mais um vídeo sobre lutiers. Este conta um pouco da história e da trajetória do lutier norte-americano James Olson. Aliás, segundo Daniel Soares -- aquele meu amigo dos tempos do Colégio Cedom de SP e apaixonado por chorinho e luteria --, o cantor James Taylor é um grande fã dos violões feitos por Olson. Apreciem sem moderação. 


Olson Guitars Shop Interview-https://www.youtube.com/watch?v=5H5IBKxlwJw  - 10:43
Publicado em 27 de nov de 2014.  James A. Olson ("Jim") has been handcrafting acoustic flattop guitars since 1977. His instruments began getting national attention in the mid 1980s, after Phil Keaggy commissioned the first cedar-topped Olson SJ guitar and began playing Olson guitars almost exclusively on his acoustic albums and in concert. In 1989, James Taylor purchased three of Jim's guitars; through Taylor's visibility, Olson guitars became known and prized by a wide variety of players around the world. Today an impressive number of well-known players in styles spanning fingerstyle to bluegrass to country to pop are proud Olson owners. Produced by Thomas Strand 
 http://vimeo.com/thomasstrand/   /   http://thomasstrand.com/ . 

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Paisagem construída: Gentileza urbana...

Gentileza parece uma mercadoria que anda em baixa, ultimamente, não só nas relações interpessoais, mas também nas cidades. 
Segundo dados recentes das Nações Unidas Mais de metade da população mundial (54%) mora em cidades(1). E assim, por princípio, todos querem usufruir as coisas boas que a cidade nos oferece, sobretudo, a convivência e o estar junto das pessoas, caso contrário ainda estaríamos morando na área rural e afastados uns dos outros. Para aproveitar esse 'estar junto', nada como ambientes e espaços públicos bem construídos, bem projetados, confortáveis, seguros e agradáveis.
Só que quase sempre nos esquecemos de que somos responsáveis também por esses espaços e pela cidade onde moramos. Hábitos simples, aparentemente inócuos, se praticados por um só indivíduo, tornam-se avalanche quando multiplicados: jogar um papel de bala na rua, pegar uma mudinha daquela planta do jardim público, quebrar uma luminária, chutar um banco ou uma lixeira, quebrar as placas com os nomes das ruas, ‘garimpar’ placas de sinalização, ocupar vagas de idosos ou de pessoas com necessidades especiais sem fazer parte desses grupos, nos ônibus e metrô ocupar assentos reservados a determinados grupos, como gestantes e idosos, estacionar mal ocupando o espaço de dois carros,  etc... Isso só para lembrar situações quase corriqueiras, mas que causam um estrago tremendo em longo prazo. 
Falta de sinalização, equipamentos urbanos depredados, bueiros entupidos, lâmpadas quebradas,  e milhares de reais indo para o ralo são apenas algumas das consequências desses atos, muitas vezes ‘justificados’ como molecagem e impertinência, mas que revelam uma profunda falta de respeito, consciência e civilidade.
Todos nós, sem exceção, somos responsáveis pelo espaço público, pela cidade e pelas ruas, símbolos de troca e convivência. Ser responsável significa cuidar daquilo que também nos pertence e o espaço público pertence a todos nós.  

Gentileza Urbana    
Desde 1993, o Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB-MG promove o concurso Gentileza Urbana, visando promover e reconhecer intervenções do cidadão ou da iniciativa privada que tragam um novo olhar sobre as cidades, promovam a convivência e a melhoria da qualidade de vida urbana, em geral, ampliando o conceito de cidadania, criando uma cidade mais amável e humana.


Em 2011, a arquiteta Eneida Ferraz Cruz e eu fomos premiadas pela concepção, montagem e curadoria de uma exposição itinerante - Nosso Patrimônio vai às Escolas -, levada às escolas públicas de Varginha, focalizando o patrimônio histórico e cultural, em geral, e o da cidade, em especial, bem como a importância da preservação desse patrimônio para a consolidação de nossa identidade.
Há alguns bons anos, ainda estudante de Arquitetura, estagiei na Secretaria de Planejamento do Estado de SP, em departamento sob o comando do professor e arquiteto Eduardo Yazigi. Em determinada ocasião, promoveu-se um concurso de fotografias com o título A cidade é também sua casa’, cujo objetivo era expandir a noção de que as cidades eram organismos vivos e, como tal, dependiam de todos, cidadãos e poder público.
O resultado foi surpreendente. Havia de tudo, mas as fotos mais interessantes retratavam variadas atitudes de cuidado, gestos sutis e simples, mas de um imenso carinho pelas cidades. Gestos que denotavam apropriação de um espaço e, de novo, quem se sente também dono de algo cuida desse algo. Objetivo alcançado.
Anos depois, quando visito algumas cidades, fico me lembrando com saudades daquelas fotos. Onde estarão aquelas pessoas? Será que se cansaram de ser gentis com suas cidades?  Nunca é tarde para lembrar que a cidade onde moramos é nossa casa maior... A responsabilidade é a mesma, só que em outra escala, porque também estamos lidando com a casa maior do ‘outro’.
Se gentileza no plano individual nos leva a uma situação de mais satisfação e menos estresse, o que poderá causar uma situação em que todos os habitantes são mais gentis com sua cidade? Sempre me lembro daquela figura carioca folclórica, o Profeta Gentileza (1917-1996), conhecido por escrever frases e poemas nos muros da cidade do Rio que chamavam a atenção para o individualismo do homem, para a perda da capacidade de ouvir e sentir o outro... Gentileza gera gentileza era o seu mote. 
Gentileza gera gentileza, em todas as dimensões de nosso convívio, da família ao país. Só depende de nós.

Imagens: www.netmundi.org 

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Arte & Cultura: Músicas que falam ao coração: Gracias a la Vida

Há músicas e músicas. Há as horríveis, as medíocres, as insossas, as bonitas, as lindas, as especiais e as especialíssimas...
Há as alegres e tristes; as que fazem sorrir ou chorar; que nos animam, nos tocam a alma ou nos deprimem, seja pela melodia ou pela letra...
Há aquelas que celebram a vida e nos incentivam a continuar, dissolvem o desânimo, as tristezas e a desesperança...
Há aquelas que aquecem nossos corações e dão lugar a sentimentos ternos e sublimes...
Outras despertam memórias bem guardadas, de tempos passados, lugares visitados, situações, pessoas e fatos vividos e compartilhados...
Há aquelas que mostram como ainda somos pequenos enquanto outras falam da grandeza do ser humano, ou de suas limitações e da necessidade de reverência absoluta diante da Natureza e da Vida.
Há músicas que são verdadeiras revelações, traduzindo meu sentir e meu pensar... 
Definitivamente, quem não gosta de música “é ruim da cabeça e doente do pé”.
Gracias a la Vida é uma das músicas que me marcaram. Aqui magistralmente interpretada por três ícones da arte musical: Elis Regina, Mercedes Sosa (1935-2009) e Joan Baez. A autoria é da compositora chilena Violeta Parra que a compôs em 1966, um ano de cometer suicídio.
Canção lindíssima! Quiçá, epitáfio de muitos; meu, com certeza... 

1-"Gracias a la vida" - Elis Regina (1945-1982)– 4:24  (Falso Brilhante 1976) https://www.youtube.com/watch?v=QhZYeWATfhg    
                                
2- Joan Baez & Mercedes Sosa Gracias A La Vida. Anfiteatro Romano, Xanten na Alemanha,1988.6.min.

                        
3-Joan Baez - Gracias a la vida. Gravado ao vivo no Festival Vieilles Charrues, Carhaix, Bretanha, na França, em 2000.  5:08 - https://www.youtube.com/watch?v=DFZxBvUMlG0  


Gracias a la vida 
(De Violeta Parra)

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me dio dos luceros que cuando los abro

perfecto distingo lo negro del blanco

y en el alto cielo su fondo estrellado

y en las multitudes el hombre que yo amo.

Gracias a la vida, que me ha dado tanto
me ha dado el oido que en todo su ancho
graba noche y dia grillos y canarios
martillos, turbinas, ladridos, chubascos
y la voz tan tierna de mi bien amado.

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado el sonido y el abedecedario
con él las palabras que pienso y declaro
madre amigo hermano y luz alumbrando,
la ruta del alma del que estoy amando.

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado la marcha de mis pies cansados
con ellos anduve ciudades y charcos,
playas y desiertos montañas y llanos
y la casa tuya, tu calle y tu patio.

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me dio el corazón que agita su marco
cuando miro el fruto del cerebro humano,
cuando miro el bueno tan lejos del malo,
cuando miro el fondo de tus ojos claros.

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado la risa y me ha dado el llanto,
así yo distingo dicha de quebranto
los dos materiales que forman mi canto
y el canto de ustedes que es el mismo canto
y el canto de todos que es mi propio canto.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Reflexão: Unidade

As bolhas são numerosas e diferentes umas das outras, mas o mar é apenas um. Da mesma forma os egos são muitos, enquanto que o Self é apenas um.  
Bhagavan Sri Ramana Maharshi* (1879-1950) 

*Shri Ramana Maharshi foi um dos grandes representantes da sabedoria milenar da Índia no século XX, pelo fato de ter vivido plenamente essa sabedoria.  Na maior parte das vezes, transmitia seus ensinamentos, aos discípulos, em silêncio absoluto. Ficou mais conhecido através dos livros ‘A Índia Secreta’, de Paul Brunton e ‘Autobiografia de um Iogue’, de  Paramahansa Yogananda. Mahatma Ghandi também foi ao seu encontro, em busca de apoio para o movimento de libertação da Índia. 


Referências e imagem:

domingo, 5 de julho de 2015

Vida & Yoga: Os Kleshas

Os Kleshas ativos podem ser reduzidos pela meditação. YogaSutra (YS) 2,11
Para Patanjali, toda angústia advém do desconhecimento ou da ignorância do ser humano sobre sua própria natureza e sua real essência. Essa ignorância (avydia) é o que gera toda aflição e obstáculo à evolução do homem e  constitui o primeiro dos kleshas, termo sânscrito traduzido como aflições/obstáculos que impedem o desenvolvimento integral do praticante. Além dessa ignorância (avydia), as outras causas são: 
asmita (noção de individualidade ligada ao ego: eu sou, eu fiz, eu criei, eu arrumei; eu consegui...); 
- raga (desejo e paixão: quero porque quero, gosto, desejo, preciso...); 
- dvesha (aversão, repugnância: eu não gosto, detesto, odeio, não suporto, desprezo...) e 
- abhinivesha (medo da morte ou apego excessivo à vida). 
Para Patanjali os kleshas podem ser destruídos através de abhyasa (prática assídua, esforço) e vairagya (desapego), duas palavras aparentemente simples, mas que implicam enorme esforço da vontade. Ele menciona uma tríplice autodisciplina, sistemática, para que o praticante queime “as sementes das aflições”, como uma espécie de preparação para o caminho do yoga, já que o yoga, como esforço da vontade em uma prática constante e disciplinada, ajuda o praticante a vencer os kleshas. Essa tríplice autodisciplina é denominada por ele de yoga preliminar e abrange: 
- Tapas (austeridade e autodisciplina, que se vincula à vontade);
- Svadhyaya (instrução no ensinamento sagrado aliado ao autoestudo, que se vincula ao intelecto); e
Ishvara Pranidhana (entrega à vontade de Deus, que se vincula ao aspecto emocional).  

Referências:

http://yogazine.theglobalyogi.com/yoga-philosophy-articles/the-causes-of-pain-and-the-five-kleshas/#.VWoP0NJViko  



Os kleshas sutis podem ser reduzidos seguindo os oito passos do yoga. 
 YogaSutra(YS)2, 28-29