segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Línguas, Literatura & Reflexão | Carpe diem

Carpe diem completa o significado da expressão latina tempus fugit, o tempo nos foge, tudo é efêmero, tudo passa. Se o tempo voa, o melhor que temos a fazer é aproveitar o dia de hoje. Literalmente, quer dizer "colha o dia", melhor, aproveite seu dia. 
Mas é importante que se diga, como tudo que fazemos e dizemos, a expressão carrega também a noção de responsabilidade. Aproveite o dia, mas responda pelo que semeou. Isso vale para tudo, sobretudo para tempos onde palavras vãs parecem querer justificar toda e qualquer atitude. Se não hoje, a responsabilidade será cobrada pelo futuro e pela História. Aliás, a História é implacável.
Em tempo. É também o título de outro livro de crônicas do grande educador e psicanalista Rubem Alves. Carpe Diem: As anotações diárias de Rubem Alves, publicado pela editora Papirus, em 2014. Dizia ele: 

“Colha o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará    podre. A vida não pode ser economizada para amanhã.
Acontece sempre no presente." 
-  Rubem Alves (1933-2014)

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Línguas, Literatura & Reflexão | Tempus fugit



A expressão latina Tempus fugit significa "o tempo foge, o tempo voa, ou a vida é breve”. Parece ter sido usada, pela primeira vez, pelo autor do épico Eneida, o poeta romano Públio Virgílio Maro (70 a.C–19 a.C.), na obra Geórgicas, composta de quatro livros, ao dizer: Sed fugit interea fugit irreparabile tempus (Mas ele foge: irreversivelmente, o tempo foge). 

Tempus fugit é também o título de um livro de crônicas do psicanalista e educador mineiro Rubem Alves (1933-2014), publicado pelas Edições Paulinas, em 1990.  Na contracapa ele diz:

Sentia que o relógio chamava para o seu tempo, que era o tempo de todos aqueles fantasmas, o tempo da vida que passou…. Tenho saudades dele. Por sua tranquila honestidade, repetindo sempre, incansável, tempus fugit. Ainda comprarei um outro que diga a mesma coisa. Relógio que não se pareça com este meu, no meu pulso, que marca a hora sem dizer nada, que não tem histórias para contar. Meu relógio só me diz uma coisa: o quanto eu devo correr para não me atrasar…Mas o relógio não desiste. Continuará a nos chamar à sabedoria: tempus fugit…Quem sabe que o tempo está fugindo descobre, subitamente, a beleza única do momento que nunca mais será…"
- Rubem Alves

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Arte & Cultura | Louise Bourgeois



Obra de Louise Bourgeois, no MAM de São Paulo. Imagem: mam.org.br

Lançado pela Tate Gallery, em junho de 2016, o Vídeo (em inglês) traz depoimentos da entrevista feita, há alguns anos, com a artista francesa Louise Bourgeois (1911-2010) por  Francis Morris,  diretora da Tate Gallery, de Londres.  Francis  salienta a inteligência feroz de Louise ao responder as perguntas da entrevistadora, não muito bem articuladas, segundo a própria Francis. O filme traz cenas de sua casa e atelier em NY e várias de suas célebres aranhas. Uma delas hoje está no Museu de Arte Moderna, do Ibirapuera, em São Paulo.
A primeira aranha surgiu por volta de 1947, sempre no papel de criadora e protetora, como o de sua mãe. Isso se prolonga até meados dos anos 1990.  Bourgeois praticava na arte o que fazia e dizia da vida: que a vida é uma série continuada de verbos: tentar, fazer, falhar e refazer... 
Traz ainda o depoimento do amigo e assistente Jerry Gorovoy que destaca a inteligência da artista, a ansiedade, o trabalho como resultado do trabalho sobre sentimentos extremos e opostos. Segundo Jerry, ela dizia que, através de sua arte, transformava coisas e sentimentos ruins - raiva, trauma, ira, frustração - em material para grandes trabalhos ...  Transformava-os em coisas boas, transformava ódio em amor.
A artista em sua casa, em NY. Imagem:issuemagazine.com
 Descrevia a si própria como um “gorila lutador”, alguém que sempre lutou, e considerava-se privilegiada pelo dom de estar em contato com seu inconsciente. Descrevia isso como sanidade, autorrealização e um dom presente em cada artista. Para seu assistente, a arte foi para ela uma forma de terapia e salvou-lhe a vida.

Referências:
http://issuemagazine.com/louise-bourgeois/#/