Yoga não se restringe à prática semanal de uma ou duas horas. É uma filosofia de vida, um caminho, uma escolha de como ser e agir no dia a dia. De nada adianta fazer "perfeitamente" aquela postura acrobática na aula, mas mentir, ser rude, desonesto, violento e preconceituoso. Isso é hipocrisia. Porém, todas as técnicas aprendidas na prática semanal podem/devem ser aplicadas nas situações cotidianas.
Em primeiro lugar, é sempre bom ter em mente que ninguém é perfeito. Nem na família, nem no trabalho e tampouco no
ambiente social. Todos têm manias e idiossincrasias. Nós também. E, convenhamos, ninguém se relaciona todo o tempo apenas com pessoas
pelas quais tem afeto ou admiração. O fato é que, em qualquer ambiente, do micro ao macro, percebe-se que nem todos sabem conviver em grupo ou em comunidade. Nos mais diversos ambientes, o bom observador percebe atitudes ríspidas, grosseiras,
individualistas, desrespeitosas e preconceituosas. É fácil observar o que falta. Faltam atitudes de civilidade, educação,
respeito, acolhimento, generosidade e solidariedade.
Imagem: espaçoaurablogspot.com |
São situações que, todos os dias, desafiam nossa
capacidade de autocontrole, mas são também momentos em que é preciso aplicar o que o yoga nos ensina há milhares de anos. O importante é fazer
a nossa parte, dar sempre o nosso melhor e, ao ter consciência do que nos aborrece, buscar formas de relaxar
corpo e mente evitando as consequências físicas dessas contrariedades: tensões,
dores de cabeça, de estômago, náuseas e outras provocadas por emoções como
raiva, inveja ou tristeza. Tudo pode ser fruto de um ambiente
desequilibrado e não podemos permitir que isso nos desequilibre. Fácil
não é, pelo contrário; é difícil, mas que deve ser praticado e
aprendido, em prol de nossa saúde física, mental, emocional e espiritual.
No trabalho, por exemplo, algumas situações
podem causar desconforto e estresse. Posturas simples, respirações,técnicas
de concentração e meditação podem ser aplicadas em qualquer lugar e ambiente. O
aluno consciente e treinado não precisa ter à sua disposição o aroma do
incenso, a música suave, a iluminação sutil, o colchonete ou a voz do
professor.
Perceber-se,
seja em que estado for, já é um resultado da prática de yoga, mas saber lidar
com as situações adversas e aplicar o que aprendeu é mais importante. Então, quando estiver aborrecido, inquieto, faça movimentos simples para se realinhar e observe o resultado.
1. Atenção à respiração.
Inspire com calma, sentindo que a cintura se expande
para os lados, abrindo a caixa torácica e a parte alta do peito; observe o
percurso, a temperatura e o ruído do ar. Observar a respiração ajuda a
equilibrar nossos sistemas: acalma a mente, impede-nos de reagir de forma agressiva e impensada a alguém e ainda nos traz de volta ao nosso centro. Respire! Não
custa nada e é a técnica mais próxima de você: onde estiver, lá estará sua
respiração.
Se perceber o cansaço chegando, alongue-se. Se
estiver sentado, deixe as costas retas, braços ao lado do corpo; ao
inspirar, abra o peito, alongue a coluna e, devagar, incline a cabeça para
trás, olhando para cima, sem forçar a nuca. Ao expirar vá arredondando as
costas, devagar trazendo a cabeça para a frente até o queixo tocar o peito. Depois, deixe o tronco cair à frente, grude o peito nas pernas e,
por alguns instantes, cabeça, rosto e braços ficam soltos, pendurados, completamente e relaxados. Se estiver em pé, contraia abdômen,
glúteos e períneo, estique os braços ao alto. Espreguice e
volte. A partir da cintura, tombe o tronco para um lado, permaneça alguns instantes, volte e tombe para outro. Se preferir, use o apoio de uma mesa....
3. Entoar um mantra
Mentalmente, entoe OM ou outro mantra, baixinho ou em voz alta. Se preferir, crie um com suas palavras. Por exemplo, ao inspirar repita “estou” e ao expirar, “tranquilo”...
Estou tranquilo; estou tranquilo... Ou inspire mentalizando o que quer absorver; e, ao expirar, elimine o
que lhe causa desconforto. Por exemplo: inspiro
discernimento/ expiro dúvidas; inspiro energia
vital/ expiro desânimo...
4. Meditar caminhando.
Caminhe devagar e observe
seus passos, o toque dos pés no chão: primeiro o calcanhar, depois a ponta dos
pés; calcanhar, ponta dos pés.... Aos poucos, sincronize os passos com a
respiração. Logo, você se reequilibra. Apenas caminhe, respire e
perceba o fluxo da vida.
Um último alerta, mas fundamental: saiba que a luz que brilha em você também brilha
no outro. É dever de cada um, a seu tempo, fazê-la brilhar, mas ela está sempre lá, perene e
forte...
Namastê!