terça-feira, 25 de junho de 2019

Ecos Imateriais | Yoga no dia a dia

Yoga não se restringe à prática semanal de uma ou duas horas. É uma filosofia de vida, um caminho, uma escolha de como ser e agir no dia a dia. De nada adianta fazer "perfeitamente" aquela postura acrobática na aula, mas mentir, ser rude, desonesto, violento e preconceituoso. Isso é hipocrisia. Porém, todas as técnicas aprendidas na prática semanal podem/devem ser aplicadas nas situações cotidianas.  

Em primeiro lugar, é sempre bom ter em mente que ninguém é perfeito. Nem na família, nem no trabalho e tampouco no ambiente social. Todos têm manias e idiossincrasias. Nós também. E, convenhamos, ninguém se relaciona todo o tempo apenas com pessoas pelas quais tem afeto ou admiração. O fato é que, em qualquer ambiente, do micro ao macro, percebe-se que nem todos sabem conviver em grupo ou em comunidade.  Nos mais diversos ambientes, o bom observador percebe atitudes ríspidas, grosseiras, individualistas, desrespeitosas e preconceituosas. É fácil observar o que falta. Faltam atitudes de civilidade, educação, respeito, acolhimento, generosidade e solidariedade.  

Imagem: espaçoaurablogspot.com
São situações que, todos os dias, desafiam nossa capacidade de autocontrole, mas são também momentos em que é preciso aplicar o que o yoga nos ensina há milhares de anos. O importante é fazer a nossa parte, dar sempre o nosso melhor e, ao ter consciência do que nos aborrece, buscar formas de relaxar corpo e mente evitando as consequências físicas dessas contrariedades: tensões, dores de cabeça, de estômago, náuseas e outras provocadas por emoções como raiva, inveja ou tristeza. Tudo pode ser fruto de um ambiente desequilibrado e não podemos permitir que isso nos desequilibre. Fácil não é, pelo contrário; é difícil, mas que deve ser praticado e aprendido, em prol de nossa saúde física, mental, emocional e espiritual.  

No trabalho, por exemplo, algumas situações podem causar desconforto e estresse. Posturas simples, respirações,técnicas de concentração e meditação podem ser aplicadas em qualquer lugar e ambiente. O aluno consciente e treinado não precisa ter à sua disposição o aroma do incenso, a música suave, a iluminação sutil, o colchonete ou a voz do professor.
Perceber-se, seja em que estado for, já é um resultado da prática de yoga, mas saber lidar com as situações adversas e aplicar o que aprendeu é mais importante. Então, quando estiver aborrecido, inquieto, faça movimentos simples para se realinhar e observe o resultado. 

1. Atenção à  respiração.
Inspire com calma, sentindo que a cintura se expande para os lados, abrindo a caixa torácica e a parte alta do peito; observe o percurso, a temperatura e o ruído do ar. Observar a respiração ajuda a equilibrar nossos sistemas: acalma a mente, impede-nos de reagir de forma agressiva e impensada a alguém e ainda nos traz de volta ao nosso centro. Respire! Não custa nada e é a técnica mais próxima de você: onde estiver, lá estará sua respiração. 

2. Manter a postura correta. 
Se perceber o cansaço chegando, alongue-se. Se estiver sentado, deixe as costas retas, braços ao lado do corpo; ao inspirar, abra o peito, alongue a coluna e, devagar, incline a cabeça para trás, olhando para cima, sem forçar a nuca. Ao expirar vá arredondando as costas, devagar trazendo a cabeça para a frente até o queixo tocar o peito. Depois, deixe o tronco cair à frente, grude o peito nas pernas e, por alguns instantes, cabeça, rosto e braços ficam soltos, pendurados, completamente e relaxados. Se estiver em pé, contraia abdômen, glúteos e períneo, estique os braços ao alto. Espreguice e volte. A partir da cintura, tombe o tronco para um lado, permaneça alguns instantes, volte e tombe para outro. Se preferir, use o apoio de uma mesa....    

3. Entoar um mantra 
Mentalmente, entoe OM ou outro mantra, baixinho ou em voz alta. Se preferir, crie um com suas palavras. Por exemplo, ao inspirar repita “estou” e ao expirar, “tranquilo”... Estou tranquilo; estou tranquilo... Ou inspire mentalizando o que quer absorver; e, ao expirar, elimine o que lhe causa desconforto. Por exemplo: inspiro discernimento/ expiro dúvidas; inspiro energia vital/ expiro desânimo... 
4. Meditar caminhando. 
Caminhe devagar e observe seus passos, o toque dos pés no chão: primeiro o calcanhar, depois a ponta dos pés; calcanhar, ponta dos pés.... Aos poucos, sincronize os passos com a respiração. Logo, você se reequilibra. Apenas caminhe, respire e perceba o fluxo da vida.
Um último alerta, mas fundamental: saiba que a luz que brilha em você também brilha no outro. É dever de cada um, a seu tempo, fazê-la brilhar, mas ela está sempre lá, perene e forte...

Namastê!

terça-feira, 18 de junho de 2019

Ecos Culturais | Yes, Viva São João!

Yes, nós temos festas juninas (aqui) foi o primeiro post em que falo dessa tradição cultural tão rica do nosso país. Afinal, diversidade, simplicidade, acolhimento, alegria e boa comida sempre foram marcas registradas de nossas celebrações. Um Brasil de imensos contrastes, um patrimônio cultural material e imaterial de dar inveja a muita gente. Duvida? Pergunte aos gringos que adoram aparecer e ficar por aqui. 
A seguir uma pequena lista, muito pequena mesmo, só para você se lembrar das tradições, costumes, hábitos, folclore, cultos religiosos, literatura popular, danças, ritmos e culinária  do nosso imenso Brasil: 
Da região Norte, diversidade e influência indígena estão em:
- Lendas: do boto, curupira, boitatá, saci, da mula sem cabeça, iara, vitória-régia, cobra grande ;
- Tradições e festas únicas como o boi bumbá (Parintins), Círio de Nazaré,  festas do Divino, de Jerusalém da Amazônia, folias de reis, congadas, cavalhadas;
- Ritmos e danças: carimbó, camaleão, dança do maçarico, do siriá, marambiré, lundu marajoara, marujada, samba do cacete, retumbão, jacundá etc. 
- Culinária: frutos como açaí, pupunha, tucumã, buriti, bacuri, guaraná, graviola, cupuaçu; além de muitos tipos de peixe, mandioca, carne de sol, muçarela de búfala, tucupi (caldo de mandioca), maniçoba (feijoada paraense), tacacá (caldo com goma de mandioca);
- Indústria de cosméticos à base de: açaí, pitanga,  andiroba, muru-muru, castanhas etc.
- Artesanato: com peças de madeira, látex, couro, sementes, barro, pedra-sabão, cerâmica, fibras e penas produzindo potes, bolsas, cestos, enfeites.

 Da  região Nordeste, a miscigenação religiosa e cultural dos indígenas, africanos e portugueses gerou:
- Folclore/festas populares: carnaval, festas juninas, reisado ou folia de Reis, de Iemanjá, lavagem do Bonfim; 
- Ritmos/ instrumentos e danças: capoeira, quilombo, frevo, maracatu; berimbau, caxixi, atabaque, reco-reco e pandeiro.
 Artesanato de Recife. Foto: Anita Di Marco 
- Literatura de cordel: pura expressão dos costumes populares e regionais;
- Culinária: bolo de rolo, acarajé, sarapatel, carurú, vatapá, buchada de bode, frutos do mar; frutas como araçá, graviola, seriguela, umbu, buriti, cajá, caja-manga e macaúba, além de quitutes juninos (canjica, pamonha, bolo de milho, cuscuz, pé de moleque, milho assado/cozido, quentão etc.)
- Artesanato, objetos decorativos e utilitários feitos com renda, fibra de coco, sementes, cabaça, madeira, conchas, cerâmica, redes, areia colorida etc.

Procissão do Fogaréu. Pirenópolis, GO.

Do Centro-Oeste, a influência de indígenas, portugueses, bolivianos e paraguaios foi produzindo:
- Festas: cavalhadas, congadas, procissão do fogaréu, Folia de Reis, Festas do Divino e de Nossa Senhora dos Navegantes e romarias do Divino Pai Eterno;
- Ritmos/danças e músicas: siriri, cururu, dança sertaneja, rasqueado e guarânia, entre outros;

- Artesanato: com vime, palha, barro, tecidas em tear manual ou couro e capim dourado;  
- Culinária: pamonha salgada com linguiça, curau, galinhada, peixe na telha, arroz de carreteiro ou com pequi, curau e empadão. Destacam-se os lindos doces, como os feitos pela poetisa Cora Coralina, e  sorvetes deliciosos.


Folias de Reis. Foto: Divulgação
Do Sudeste, as influências indígena, africana, europeia e asiática: 
- Festas: juninas e quadrilhas, comidas típicas, congadas, folias de Reis, do Divino, de Iemanjá, do peão de boiadeiro, réveillon, carnaval;
- Danças/ritmos: bate flechas e ticumbi/congada, ambas capixabas, mineiro-pau (mineira), batuque (umbigada), samba de lenço, capoeira, catira, caxambu, ciranda, congo, fandango, jongo, quadrilha e músicas como samba, bossa nova, chorinho, lundu, pagode e funk.
- Culinária: especialidades como feijoada (carioca), caldeirada e moqueca (capixaba) doce de leite, pão de queijo e queijo fresco (mineiros), pastel e pizza, típicos de são Paulo, e ainda angu, bolinho de bacalhau, bolo de fubá, cuscuz, farofa, feijão tropeiro ou tutu, frango com quiabo, mandioca ou aipim, virado à paulista e cachaça.
- Folclore e lendas: o Sudeste acompanha muitas tradições do Nordeste como o saci-pererê e o lobisomem. Uma lenda urbana de Varginha, sul de Minas, é a do Corpo Seco. No dia dos mortos, os corpos secos se levantam e andam em procissão pela cidade. Deve-se fechar as portas e evitar olhar...(obrigada, tia Vera).
- Artesanato: bordados, tapeçaria, cerâmica, rendas, peças em estanho, barro, latão, palha de milho entre outros. 

Da região Sul: influência e elementos culturais de índios, escravos e imigrantes (portugueses, italianos, alemães, ucranianos, holandeses, japoneses etc):
- Festas: N.Sra dos Navegantes, Ocktoberfest, Festa da Uva, das Flores, da Cerejeira; vaquejadas;
- Danças: das fitas e outras típicas dos imigrantes;
- Culinária: churrasco, barreado, vinho, massas, doces etc.
- Artesanato e costumes: flores, chimarrão, bombacha, poncho e produtos em couro, vime, couro, tricô e renda. 

Tudo isso sem falar dos grandes profissionais e figuras do país que desbravaram e divulgaram nossos conhecimentos e riqueza cultural; sem falar do nosso riquíssimo patrimônio arquitetônico, variado, monumental ou não, construído ao longo da história e, há tempos, pedindo socorro para ser devidamente valorizado e preservado como parte insubstituível de nossa identidade; sem falar de nosso povo valente e lutador que sofre, mas não deixa de lado a solidariedade com os desvalidos; que perde, mas não desiste de lutar; que sonha com um lugar melhor para todos...
 Nosso país é maravilhoso e, um dia, chegará aquele futuro com o qual todos sonhamos, independentemente de raça, cor, credo, escolaridade e classe social, no qual todos se sentirão realizados e plenos, porque seus direitos fundamentais serão, naturalmente, respeitados e garantidos.
Yes, nós temos Brasil!  

Referências:
https://www.todamateria.com.br   
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/