sexta-feira, 16 de maio de 2025

Ecos Culturais | Sili...Sili... o quê?

Silibrina. SI-LI-BRI-NA.  Bem, em um país de dimensões continentais, como o nosso Brasil, é imensa a diversidade das manifestações culturais e folclóricas, sobretudo pela miscigenação de nosso povo. Afinal recebemos influências de várias culturas como a dos povos originários, dos africanos, dos portugueses, italianos, espanhóis e de outros tantos imigrantes. Essa variedade de influências é que enriquece a nossa cultura. Tanto é que muitas manifestações culturais são estranhas a muitos brasileiros. Por exemplo, só há pouco tempo descobri a silibrina ou a corrida de barcos de fogo. Você sabe do que se trata?

Pois, vamos lá. São celebrações do Nordeste brasileiro, e viva o Nordeste! A silibrina é uma manifestação folclórica popular de Sergipe, sobretudo dos municípios de Lagarto e Estância, duas cidades onde se concentra a maior produção de fogos de artifício do estado. Mas o evento também ocorre na Bahia. 

 

Comemorada há mais de 80 anos em Lagarto, a festa é tradição local da noite do dia 31 de maio, espécie de abertura das festas juninas  e recheada de música, banda de pífaros, zabumba e reco-reco, dança, queima de fogos, comidas típicas e muita cachaça. Diz a lenda que a cachaça é para dar coragem aos que participam das festividades. E ainda que José Antônio da Costa, o popular Maninho de Zilá, foi um dos idealizadores da festa, lá no início do século 20. Eclético, Maninho começou como marceneiro, depois fabricante de fogos artifício, virou o primeiro fotógrafo de Lagarto, exibiu filmes para a população e ainda tocou numa banda durante antigos carnavais. 

 

Durante a festa, são encenadas lutas de espadas, busca-pés e a subida do mastro. Aliás, os preparativos para escolher o melhor mastro já começam no dia anterior, quando, animados por uma banda de pífaros, um grupo se dirige à mata vizinha para escolher o melhor mastro. No local da festa, os brindes são dispostos no topo do mastro e quando os competidores tentam subir, os demais soltam fogos tentando desestimulá-lo. Perigo, perigo, perigo! Já houve  várias tentativas de acabar com a festa, mas até hoje a silibrina corre solta por lá... 

 

Na cidade vizinha de Lagarto, Estância, também denominada “capital brasileira do barco de fogo”, além da guerra de busca-pés celebra-se a corrida de barcos de fogo, patrimônio cultural sergipano, desde 2003.  Promovida pelos fogueteiros, a corrida reúne pequenos barcos movidos pela queima de pólvora que deslizam  ao longo de um cabo de aço aéreo de 300m , na Praça Barão do rio Branco. A decoração e a velocidade do barco (vai e volta) são os critérios para declarar o vencedor (Veja o vídeo aqui). 

 

Diz a tradição que o primeiro barco foi criado, no final dos anos 1930, pelo fogueteiro Chico Surdo, ou Antônio Francisco da Silva Cardoso. Ele queria criar um barco que não necessitasse das águas do Rio Piauitinga para navegar. A primeira versão era um barco de papelão movido por dois foguetes, deslizando sobre um arame preso em dois mastros, um de cada lado do rio. Com o tempo, a construção do barco foi aprimorada e a corrida passou a ser o principal elemento das festas juninas da cidade. 

 

E você? Conhecia a silibrina? Teria coragem de se aventurar?

Referências

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cilibrina

https://memorial.org.br/exposicoes/acervo/

https://web.archive.org/web/20080508151627/http://linux.alfamaweb.com.br/fijav/historiadebate2/memorial/maninho.htm

https://pt.wikipedia.org/wiki/Barco_de_Fogo

https://edubastos.blogspot.com/2012/12/a-silibrina-e-para-quem-tem-coragem.html

@silibrina (Instagram) 

SILVA, Aidam Santos. A silibrina: trajetória de uma manifestação popular lagartense (1985-1995),  2011.

10 comentários:

  1. Bonita e explosiva e, mais que tudo, perigosa manifestação. Em Varginha meu pai, Antônio Pinto, dizia que o Chico Fogueteiro fazia coisas maravilhosas. Zé Marcelino

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    1. Zé, querido, como você tem histórias. Tem que colocar isso em livro... Beijos

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  2. Fui criada tão próxima dessas manifestações culturais uma pena que muitas já não são vistas. Mas viva o nosso Nordeste que mantém viva toda cultura e o folclore.

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    1. Viva mesmo!!!! Acho uma riqueza .. Neusinha, é você, não? Beijos, querida

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  3. Queste manifestazioni cultarali sono un vero tesoro per tutti i popoli,anche noi in Calabria abbiamo il "PALO DELLA CUCCAGNA" alto circa 10 metri,che sarebbe un gioco di tradizione popolare in cui i partecipanti devono prendere i premi(di solito sono di genere alimentare) posti in cima al palo che viene ricoperto di grasso o di altre sostanze scivolose per rendere difficile la salita da parte dei partecipanti.Ricordo che si faceva a Grisolia nel mese di maggio di fronte a casa mia,oggi non piu',ma in altri paesi della calabria ancora si fa.Un abbraccio Tonino

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    1. Che meraviglia, anche a Grisolia. Io non conosceva questo gioco ..si, si, sono un tesoro e dobbiamo conservarli.... Per i nostri nipotini e le altre generazione....così si trasmette la cultura.....un grande abbraccio, Tonino, a te e a Lorella, , e grazie per essere sempre qui.

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  4. Muito bom! Viva mesmo o Nordeste com suas diferentes comemorações. Bebel

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  5. Conheci a festa quando fizemos uma pesquisa das tradicionais festas e manifestações culturais brasileiras. Riqueza.! Cada cantinho do nosso país guarda surpresas inimagináveis.

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    1. Claro, vc é professora esforçada, preparada e interessada... Uma riqueza sem fim. Beijos

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