Imagem:Cobogós: herançacultural.com.br |
Para
quem desconhece o termo, um bom dicionário de língua portuguesa ou de arquitetura nos traz a definição adequada:
1. Arq.Cons. Peça de construção vazada, feita
de cerâmica, cimento, gesso etc., utilizada em paredes e fachadas com o fim de
obstruir a incidência direta dos raios solares mas permitir a ventilação e a
entrada de luz natural.
E vai
além, diz de onde surgiu o nome.
[F.:
Das iniciais dos sobrenomes CO_imbra, BO_eckmann e GÓ_is (posv. dos engenheiros
que iniciaram o uso desse tipo de elemento vazado, em PE, nos anos 1930)].
E ainda dá uma variação possível, dentre
outras. [Var.: combogó.]
Heureca!
Tudo de bom.
Cobogós são elementos construtivos
modulares e vazados, versáteis, criativos, lúdicos e utilíssimos: filtram parte da luz,
deixam passar uma ventilação suave, impedem o olhar perscrutador que devassa,
mas deixam entrever algo do que acontece do outro lado, a depender da luz...sempre a
luz.
Seus ancestrais, os tradicionais muxarabis da
arquitetura mourisca, (treliças de madeira em janelas e balcões que garantem
privacidade das mulheres), também permitiam a visão de dentro para fora, não o
contrário. Depois de passar por
Portugal, os tais fechamentos também chegaram na nossa arquitetura colonial, em discretas treliças e gelosias [Do Aulete: sf. 1. Arq. Grade
de ripas de madeira cruzadas no vão de porta ou janela, que permite a
quem está no interior ver o exterior sem ser visto com clareza; RÓTULA; 2. Persiana que pode ser enrolada em sua parte superior. [F.: Do it. gelosia 'persiana #####]].
Cobogós são uma invenção do final da década de 1920, precisamente, 1929. Hoje,
estão de volta, para deleite de arquitetos e apreciadores das nossas tradições. Como visto acima, o termo surgiu a partir da junção das iniciais
dos sobrenomes dos criadores, três engenheiros atuando em Recife: o português Amadeu Oliveira COimbra, o alemão Ernest August BOeckmann
e o brasileiro Antônio de GOis.
No
início, eram feitos só de cimento ou concreto, mas com o tempo surgiram cobogós
de outros materiais como argila, vidro, cerâmica, madeira, plástico e até
porcelana. Arquitetos
como Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Afonso Eduardo Reidy, João Filgueiras Lima (o
Lelé) e outros tantos grandes arquitetos modernos os utilizaram em inúmeros projetos.
Brasília está recheada de edifícios com cobogós e também Recife, Olinda, Rio de
Janeiro, São Paulo, Campinas, Belo Horizonte etc. Depois, durante algum tempo, o cobogó foi visto com um olhar preconceituoso e pejorativo, confundido com fechamento da 'fachada de fundos'.
Agora, repaginados ao gosto do cliente e dos arquitetos, conforme o bolso e a criatividade de cada um, os elementos vazados, ou cobogós, reapareceram com toda sua potencialidade e brasilidade e continuam criando poesia concreta com seus jogos de luz e sombra nos ambientes, através das mãos de diversos arquitetos, como, por exemplo, Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci (Brasil Arquitetura) e Márcio Kogan (mk27), só para citar alguns.
Agora, repaginados ao gosto do cliente e dos arquitetos, conforme o bolso e a criatividade de cada um, os elementos vazados, ou cobogós, reapareceram com toda sua potencialidade e brasilidade e continuam criando poesia concreta com seus jogos de luz e sombra nos ambientes, através das mãos de diversos arquitetos, como, por exemplo, Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci (Brasil Arquitetura) e Márcio Kogan (mk27), só para citar alguns.
Edifício Eiffel (1956), de Oscar Niemeyer, região central de São Paulo, com seus famosos cobogós na fachada . Imagem: Wikipedia. |
Centro de Tecnologia e Geociências. Proj. Regional Esteves,Campus UFPE|Foto:Josivan Rodrigues |
Biblioteca Nacional de Brasília (2008), projeto de Oscar Niemeyer. Imagem: Wikipedia. |
Casa Cobogó. Studio MK 27, Marcio Kogan e Carolina Castroviejo. Foto: Nelson Kon |
Vejam
o excelente vídeo com explicações pelos arquitetos Luciana Saboia, prof. da UnB, e André Nepomuceno. Brasilidade-História do Cobogó|Arquitetura Brasileira (TV Camara).
Referências:
Bonduki,
Nabil em Revista AU: http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/235/historia-em-detalhe-299896-1.aspx
Galeria
da Arquitetura: http://www.galeriadaarquitetura.com.br/projetos/referencias-ambientes-c/90/cobogos-e-muxarabis/
Blog
do Dimitri:
http://dimitriganzelevitch.blogspot.com.br/2015/09/o-uso-do-cobogo.html
Sempre um prazer ler seus artigos, obrigado.
ResponderExcluirEu e que agradeço. sempre bom receber comentários de wuem entende... Abraços e volte sempre.
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