Umberto Eco. Imagem: espalhafactos.com |
Há algum tempo, escrevi
sobre doi grandes tradutores recém-falecidos, Boris Schnaiderman e Gregory
Rabassa. Hoje, vou
falar de outro mestre do assunto, o tradutor Umberto Eco (1932-2016).
Linguista, filósofo, crítico literário e semiólogo, o italiano também faleceu
neste ano de 2016 e também nos deixou órfãos de um pensamento lúcido, crítico e
coerente.
Lembro do professor da Universidade de Bolonha,
Umberto Eco, mencionado nas aulas do professor de semiologia, Décio Pignatari
(1927-2012), nos meus tempos de FAU-USP em um universo no qual estávamos todos
submersos, mas do qual ainda não havíamos nos inteirado de forma concreta e
reflexiva, até aquela data. Seu nome, seus livros e reflexões me acompanharam,
desde então. Os tópicos incluíam questões dos signos, significados e significantes, conteúdos e
repertórios. Os livros de Eco mencionados e estudados eram Obra Aberta
(1962), Apocalípticos e Integrados (1964), A Estrutura Ausente (1968),
entre outros, todos publicados pela Editora Perspectiva, na Coleção
Debates.
Depois, já militando na área da tradução, lia
seus títulos mais recentes sobre a beleza, filosofia e tradução: Quase a
mesma coisa ((Dire quase la stessa cosa, 2003); Sobre a Literatura (2002), e suas
duas histórias - a da Feiúra (2007) e a da beleza (2012), todos publicados pela Editora Record e traduzidos por Eliana Aguiar. Entre os dois extremos, a
literatura; ao seu primeiro romance, O nome da Rosa, seguiram-se Baudolino, A
ilha do dia anterior e O Pêndulo de Foucault, todos de sucesso.
Eco dizia que a famosa expressão italiana traduttore-traditore
deriva da história de um imperador que, ao perceber que não fora
interpretado de forma correta em uma determinada ocasião, supostamente, teria
dito "tradutor traidor".
Bom, verdade ou não, o fato é que isso levaria à
conclusão (errada) de que quem traduz acaba sempre traindo o texto original. No
livro “Quase a mesma coisa", Eco sustenta que a tradução se baseia
em um processo de negociação no qual sempre haverá certa perda – renuncia-se a
alguma coisa para se obter outra. Esta sim, é uma verdade
insofismável.
A tradução, sem dúvida, é uma arte: precisa, mas
delicada e frágil; depende de habilidade de ler, entender e negociar e para começar requer, no
mínimo, humildade, curiosidade, vasta cultura geral e grande conhecimento das duas línguas. A cada dia, vemos exemplos de boas traduções e outras não tão
boas. Vemos imprecisões e soluções brilhantes. De qualquer forma, a cada tradutor
corresponde uma sentença, uma opção, uma decisão.
Até a próxima.
Referências:
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