sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Vida & Yoga | Consumismo x Desapego


Na busca do autoconhecimento e da autorrealização, um dos grandes ganhos da prática continuada de yoga é o treino do desapego (aparigraha, em sânscrito), a não acumulação de bens materiais; o não apego a cargos, posições e, até mesmo, a pessoas. Em qualquer situação, nós apenas estamos, temporariamente; não somos.Tudo que temos é empréstimo do qual deveremos prestar contas. Pessoas estão conosco para compartilhar momentos, amparar, incentivar e crescer junto. Esse é o conceito de família, da célula individual à família humana: apoiar-se mutuamente e se desenvolver. Não somos proprietários de nada, muito menos de alguém. Nem mesmo de nossos filhos...  Como disse o sábio profeta, na obra de Khalil Gibran, em tradução de Mansour Challita: Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós...  Difícil, sem dúvida, mas verdadeiro.    
 Alcançar tal nível de desapego é tarefa árdua, sobretudo nos nossos dias, com o estímulo comercial a tantas datas comemorativas. Comemora-se tudo na teoria e na ânsia de comprar e ter. Esquece-se de comemorar o Ser. Crianças têm acesso a celulares, tablets, computadores, brinquedos caríssimos, carrinhos de controle remoto, desde que nascem...  Jovens e adultos atualizam seus equipamentos eletrônicos a cada nova versão.  Adultos querem a última moda em acessórios, roupas, carros.... Para quê? Não é a última. É só a mais recente. Virão outras e outras e mais outras... 
Imagem: infobarrel.com
O importante é não se deixar influenciar pela propaganda ostensiva e excessiva de novos produtos; é buscar viver de forma simples e confortável, mas sem apego às novidades e, sobretudo, sem deixar-se possuir pelo objeto em questão. Se for importante para o trabalho, para o conforto e bem-estar, vale. Mas nunca se esqueça de que é você que deve possuir o equipamento, a ferramenta, a roupa. Jamais o contrário. 

Nessas datas comemorativas ou aniversários, por exemplo, o objetivo maior parece ser apenas aquecer o comércio, vender, comprar, trocar e comprar novamente. Esquece-se de celebrar aquelas datas, de fato, de celebrar o aniversariante, de festejar a vida daquele ser e suas possibilidades futuras; mais ainda, esquece-se de celebrar a própria Vida, nosso maior presente. No período natalino, a azáfama das compras toma o lugar da preparação e da celebração profunda do aniversariante do dia, daquele ser iluminado, manso, acolhedor, compassivo, guia espiritual e modelo para tantos de nós. 

Nunca é demais repetir, mas sobretudo nesses tempos em que o Planeta se ressente do nosso consumo exagerado e incontrolável, e da situação precária de tantos, é essencial contribuir para uma efetiva cultura da paz, já que o consumo consciente é uma de suas principais bandeiras. 
Consciência, consumo consciente, desapego e solidariedade.  Feliz Natal. 
Imagem: Imagem: portfolioblog.com

2 comentários:

  1. Identifiquei-me com suas palavras. Consumo consciente, desapego, solidariedade fazem um bem muito grande - não só ao mundo, mas a cada um que os pratica. Merry Christmas to you, too!

    E Feliz Dia do Arquiteto! :)

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  2. Obrigada, meu bem, pelas suas palavras e pela lembrança do dia do arquiteto e urbanista, porque cada projeto do arquiteto cria um pedaço da cidade e a cidade é de todos. A responsabilidade é grande. Merry Christmas ! Beijos
    Volte sempre!!!😉

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