Na busca do autoconhecimento e da autorrealização, um
dos grandes ganhos da prática continuada de yoga é o treino do desapego (aparigraha, em sânscrito), a não acumulação de bens materiais; o não apego a cargos, posições e, até mesmo, a pessoas.
Em qualquer situação, nós apenas estamos, temporariamente; não somos.Tudo que temos é empréstimo do qual deveremos prestar contas. Pessoas estão conosco para compartilhar momentos, amparar, incentivar e crescer junto. Esse é o conceito de família, da célula individual à família humana: apoiar-se mutuamente e se desenvolver. Não somos proprietários
de nada, muito menos de alguém. Nem mesmo de nossos filhos...
Como disse o sábio profeta, na obra de Khalil Gibran, em tradução de Mansour Challita: Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós... Difícil, sem dúvida, mas verdadeiro.
Alcançar tal nível de desapego é tarefa árdua, sobretudo nos nossos dias, com o estímulo comercial a tantas datas
comemorativas. Comemora-se tudo na teoria e na ânsia de comprar e ter. Esquece-se de comemorar o Ser. Crianças têm acesso a celulares, tablets,
computadores, brinquedos caríssimos, carrinhos de controle remoto, desde que
nascem... Jovens e adultos atualizam seus
equipamentos eletrônicos a cada nova versão. Adultos querem a última moda em acessórios, roupas, carros.... Para quê? Não é a última. É só a mais
recente. Virão outras e outras e mais outras...
Imagem: infobarrel.com |
O importante é não se deixar influenciar pela
propaganda ostensiva e excessiva de novos produtos; é buscar viver de forma
simples e confortável, mas sem apego às novidades e, sobretudo, sem deixar-se possuir pelo objeto em questão.
Se for importante para o trabalho, para o conforto e bem-estar, vale. Mas nunca
se esqueça de que é você que deve possuir o equipamento, a ferramenta, a roupa. Jamais o
contrário.
Nessas datas comemorativas ou aniversários, por exemplo, o objetivo maior
parece ser apenas aquecer o comércio, vender, comprar, trocar e comprar novamente. Esquece-se de celebrar aquelas datas, de fato, de celebrar o aniversariante, de
festejar a vida daquele ser e suas possibilidades futuras; mais ainda,
esquece-se de celebrar a própria Vida, nosso maior presente. No período natalino, a
azáfama das compras toma o lugar da preparação e da celebração profunda do aniversariante do dia, daquele ser iluminado, manso, acolhedor, compassivo, guia espiritual e modelo para tantos de nós.
Nunca é demais repetir, mas sobretudo nesses tempos em que o Planeta se ressente do nosso consumo exagerado e incontrolável, e da situação precária de tantos,
é essencial contribuir para uma efetiva cultura da paz, já que o consumo
consciente é uma de suas principais bandeiras.
Consciência, consumo consciente,
desapego e solidariedade. Feliz Natal.
Imagem: Imagem: portfolioblog.com
Identifiquei-me com suas palavras. Consumo consciente, desapego, solidariedade fazem um bem muito grande - não só ao mundo, mas a cada um que os pratica. Merry Christmas to you, too!
ResponderExcluirE Feliz Dia do Arquiteto! :)
Obrigada, meu bem, pelas suas palavras e pela lembrança do dia do arquiteto e urbanista, porque cada projeto do arquiteto cria um pedaço da cidade e a cidade é de todos. A responsabilidade é grande. Merry Christmas ! Beijos
ResponderExcluirVolte sempre!!!😉