quarta-feira, 4 de maio de 2022

Ecos Imateriais | Ancestralidade

Foto: Anita Di Marco. Santana, SP
São bem conhecidos os calendários da filosofia SEICHO-NO-IÉ, sempre com belas imagens e mensagens.
Tenho dois deles, ambos com variações sobre o mesmo tema: fazer refletir. A cada 30 ou 31 dias vejo a mesma mensagem, já que o calendário tem frases em número suficiente para cobrir um mês e, aí, recomeça. Logo cedo, leio a mensagem do dia. Uma delas diz “Todo ser humano traz dentro de si a vida dos antepassados”. Toda vez, paro para refletir no que isso significa e como eu me posiciono diante dessa imensa verdade tão pouco reconhecida. 
Como sincronicidade existe, há pouco tempo assisti a uma palestra da querida amiga terapeuta Carolina Young sobre o mesmo tema. Suas palavras pareciam sair do meu coração. Aquela foi a deixa para eu concluir e publicar este post.

Em outras palavras, nunca fomos sozinhos, somos um ponto no meio de uma longa linha que permitiu a cada um de nós estar aqui, hoje. É como se fôssemos uma célula de uma imensa árvore, a árvore da vida, com todos as suas partes interligadas, todas sobrevivendo pela força nutritiva das raízes.... Assim como no yoga reverenciamos a tradição à qual nos filiamos, na vida também é preciso reverenciar e reconhecer que somos parte de uma extensa linhagem. Entretanto, ingenuamente, acreditamos que a nossa vida está desvinculada desse todo. Acreditamos que o que sentimos, fazemos e pensamos - ideias, dons, traços e tendências - são só nossos. Na verdade, sentimos mais fortemente os reflexos da genética, mas somos também envolvidos por algo muito mais sutil e imaterial – características, talentos, crenças, valores, energia de conquistas, dissabores, alegrias e situações inacabadas. Nossos ancestrais, nós e nossos descendentes somos parte dessa mesma linha. Então, quando ouvimos aquela célebre frase de garotos rebeldes: “Não pedi para nascer”, só podemos rir. “Ah, não tenham dúvidas, vocês pediram, sim; pediram muito e dentro dessa linhagem”.

Sempre me comove o modo reverente e respeitoso com que os indígenas, os povos originários e as culturas orientais tratam seus ancestrais. Mas não no Ocidente apressado e imediatista. Não valorizamos nossos velhos, suas experiências, sua sabedoria acumulada, seu legado. Não valorizamos o tempo que podemos passar com eles, bebendo informações que só eles podem nos transmitir. São privilegiados aqueles que ainda têm pais, avós e bisavós vivos! Assim, como forma de autoconhecimento, é vital reconhecer esse manancial, valorizar, aprender e beber de seus saberes,  porque, como já disse, não somos o início nem o fim de nada, somos apenas mais um ponto. É preciso descobrir o que herdamos, fortalecer a egrégora familiar, que carrega a memória dos nossos ancestrais, recarrega nossas energias e nos revigora; é necessário restabelecer a conexão com essa ancestralidade por meio do coração, de atitudes e gestos de gratidão, preces, orações, celebrações e sorrisos para que, por meio desses gestos, nossos ancestrais percebam nosso carinho, nossa gratidão e possam seguir adiante. Recusar-se a perceber o valor da ancestralidade é diminuir a dimensão de sua própria vida, da vida dos que foram e dos que virão e, em última análise, da nossa humanidade.   

Como bônus, entender essa ligação imaterial facilita o entendimento sobre a vida e a morte, porque na realidade, com a morte, não deixamos de existir. Aqueles que nos antecederam, de certa forma, vivem em nós, assim como vivemos naqueles que nos sucedem. Assim, a cada um de nós cabe resgatar e resolver processos inacabados dos ancestrais (mesmo que de forma inconsciente) e, dessa forma, desobstruir, aliviar o mais possível, o caminho de nossos descendentes. Cada geração é responsável por esse trabalho duplo - resgatar o que ficou para trás e suavizar o que ainda virá.

Que em nossas meditações e orações, celebremos nossos ancestrais, visualizando essa linhagem infinita, para frente e para trás, envolvida em luz; que saibamos reconhecer e reverenciar o aprendizado deles recebido e repassado aos nossos descendentes, agradecer por fazer parte e honrar essa linhagem fazendo o nosso melhor a cada dia. 

Para terminar, um beijo agradecido àquela ancestral que vive e viverá para sempre no nosso coração, nossa mãe. Feliz dia das mães! Namastê!

Referências   

https://caminhandoembeleza.com/curando-nossa-ancestralidade-feminina/

https://vrnews.com.br/honre-a-sua-ancestralidade-2/

https://www.personare.com.br/tag/ancestralidade

12 comentários:

  1. Um belo texto e um assunto que deveria ser mais divulgado e discutido , muito bom Anita ,eu adoro esse tema e concordo plenamente com vc . Valorizar seus pais ,avós e bisavós . É uma fonte de sabedoria inesgotável, e muito rica . Parabéns. 🌹

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  2. Lindo texto!
    Viva a energia do cuidado, do aconchego, que as mães manifestam

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  3. Profundo... analise mais do que real....

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  4. Parabéns!!! Lindo texto 💕💕💕 Muito importante a valorização dos nossos ancestrais.

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  5. Anita, excelente o seu texto. Realmente, somos a soma das nossas experiências passadas. E temos que valoriza-las sempre, pois são elas que nos fazem olhar para o futuro!

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  6. Muito bom Anitinha! Como é bom sabermos de nossa ancestralidade.

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  7. Nós somos o passado e futuro.

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  8. Que texto bonito, é muito bonito pensar dessa maneira que somos parte de um todo cósmico e que ao morrer nos desprendemos do ego e retornamos ao todo, enfim o passado e o futuro sempre juntos. feliz dias das mães a todas as pessoas.

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  9. Lindo texto Anita. Feliz Dia das Mães

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  10. Adore seu texto Anita, também acho valoroso sabermos sobre nossos antepassados.
    Diariamente oro por aqueles que me antecederam

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  11. Que bonito! Eu iria além a ancestralidade humana, chegaria a um ancestral comum a toda forma de vida! Aí sim percebemos o quanto estamos conectados e somos parte de tudo o que vive! Mas as lições são as mesmas: respeitar os ancestrais e preparar o mundo para os que ainda estão por vir! Beijão.

    Daniel Barros Ortega

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