Em inglês, existe uma expressão intrigante: “take for
granted”. Em português, pensando no trivial, no corriqueiro (não em Direitos Humanos, algo totalmente legítimo), seria considerar algo - um afeto, uma amizade, um emprego ou posição - como certo, óbvio, permanente, inquestionável e sem nenhum condicionante. Ora, sabemos, ou deveríamos saber, que mágica não existe, que tudo passa (até a própria vida) e nada é para sempre. Como dizia meu avô italiano, tudo na vida é passageiro, menos o cobrador e o motorneiro! (Desculpe-me, caro leitor, mas essa é para meus irmãos e meus primos, netos do vô Chico). Ei, família!
Vamos supor que o indivíduo vá atrás de algum sonho (óbvio, sem passar por cima de ninguém) e consiga atingir sua meta. Plantar uma árvore, escrever um livro, aprender um idioma, qualquer coisa... Porém, mais do que apenas chegar lá, é preciso manter essa conquista (de novo, sem pisar em ninguém), com constância e e zelo - regar a planta, estudar e praticar a nova língua, aprender sempre, dando sempre o seu melhor etc. Mas voltando à expressão 'take for granted', provavelmente, aquilo que mais se aproxima do seu sentido seja o amor de mãe, em princípio, incondicional... Será mesmo? A história e a realidade nos dizem que nem sempre é assim. De qualquer forma, não é por ser incondicional que não deva ser cultivado e cuidado com zelo e carinho, como uma delicada flor.
Mas, veja só! Existe, sim, algo inquestionável e ao qual todos temos direito: a respiração. A maioria de nós respira de forma mecânica e quase nem percebe como respira. Só toma consciência desse movimento sutil e vital do corpo quando fica sem ar por questões físicas ou emocionais. Tomemos a quietude, como exemplo. Objeto do desejo de muitos, não é fácil alcançá-la, muito menos mantê-la. O mundo à nossa volta quer atividade constante, ruído e movimento. Mas a sabedoria oriental nos diz que, no olho do furacão, é possível atingir essa quietude interna, apesar do movimento exterior. Que não se espere, porém, que o mundo pare - pensamentos, ruídos, tumulto, agitos continuarão a existir. Tudo depende de nossa disposição, força de vontade, prática e treinamento no domínio da mente.
Antes de tudo, mais do que almejar a quietude, é preciso tomar consciência do ato de respirar e perceber a respiração como âncora, na qual devemos fixar nossa atenção em busca dessa quietude. Alguém mostra-se mais sereno não porque ficou sem pensamentos (impossível mesmo), mas porque não se deixou perturbar, não se apegou, não reagiu a eles, deixando que sigam seu caminho. Afinal, pensamentos existem como nuvens no céu - vêm e vão. Então, deixe que passem. Como? Fixando a atenção na respiração. A cada novo pensamento que surgir, gentilmente, volte à atenção para sua âncora.
É evidente que, quando inquietos e com a "cabeça cheia", não somos a melhor versão de nós mesmos para decidir qualquer coisa. Então, a partir de agora, comece a prestar atenção na respiração e aproveite esse presente que lhe é dado de forma inquestionável: inspire, deixe que o ar entre e preencha seus pulmões da linha da cintura até a parte alta do peito, absorva o prana/energia universal e expire e, ao expirar, junto com o ar solte ansiedade, temores, dúvidas. Após alguns instantes, as preocupações e os pensamentos ficam distantes por um tempo, o tempo necessário para você entrar em quietude interna e se equilibrar. Aí, sim, mais tranquilo, sereno e equilibrado, você tomará decisões mais acertadas. Com consciência plena, respiramos melhor, pensamos melhor, falamos melhor, agimos melhor, erramos menos, cuidamos melhor de nós mesmos, do outro e vivemos melhor. Todos nós, porque respiração é a própria vida! Aliás, essa pequena prática de prestar atenção em si mesmo, na respiração, já é uma meditação. Parabéns, você aprendeu a meditar, aí mesmo, sentado ou em pé, apenas sendo, prestando atenção na respiração e no seu silêncio interior!
Parabéns Anita! Você sempre arrasa!!!!
ResponderExcluirDifícil, mas oerfeito!
ResponderExcluirMais uma vez, um ótimo texto seu Anita.
ResponderExcluirVou por em pratica
ResponderExcluirOlha... esse texto veio a calhar!
ResponderExcluirDemais.
Sabedoria necessária e de muita ajuda prática neste momento!
Que venham outros.
Maravilhoso, Anita! Vivemos de forma mecânica e não temos consciência de nossa respiração. Ótimo ensinamento!
ResponderExcluirExato, Teresa, eu sempre digo que muitos não vivem... São vividos .. triste, né? Obrigada pelo comentário. Bjs
ExcluirOi Anitinha! Texto muito bom e nos chama atenção pra nós mesmos também.
ResponderExcluirMais um ótimo texto de Anita. Proposta difícil, mas que vale a pena.
ResponderExcluirBoa reflexão ❤️
ResponderExcluirObrigado pela dica! :)
ResponderExcluirDaniel O