Um texto curto, sensível e cheio de esperança, de um amigo de longa data e que hoje mora no Planalto Central, me trouxe inspiração para este post. Obrigada, Carlos Sá!
Hoje, ler e ouvir as notícias deste nosso mundo individualista, ganancioso, hipócrita e preconceituoso, e perceber o desprezo de alguns pela miséria humana de todo dia; a leviandade de uns diante da carência e da dor de outros; o comportamento violento de tantos diante dos "diferentes" (diferentes de quem?); o cinismo de uns diante da dura realidade nada invisível de outros...tudo isso nos revolta, preocupa, assusta e entristece.
Diante disso, fazer o quê? Fugir? Ignorar? Colocar a cabeça num buraco? Reagir na mesma moeda? Cair na vida, enlouquecer, embriagar-se? Não, nada disso é solução. Nem para nós, nem para o outro, nem para o mundo. E, sim, é preciso lembrar, relembrar e tornar a lembrar que, se estamos aqui, somos parte do problema, mas também da solução. Então, vamos repetir a pergunta: o que fazer diante disso tudo?
Única resposta possível: a nossa parte. E como isso conta...
Como nos informam a física quântica e as várias tradições filosóficas e religiosas, o yoga nos ensina que é preciso romper a apatia, fazer nossa parte e agir no mundo sem se deixar abalar, sem perder a alegria interior, a equanimidade (santosha, segundo o Ashtanga Yoga de Patanjali). É preciso mobilizar esforços, conhecimento, recursos, dons e talentos para mudar. A realidade nos atropela de várias maneiras e não dá para continuar na nossa bolha, no nosso mundinho, vivendo como se o “outro” não existisse. Provavelmente, não veremos o resultado imediato de nossas ações, mas elas virão. Ao menos, são sementes que irão frutificar no tempo devido, mas o fruto e esse tempo também dependem de nós.
Imantamos, carregamos, preenchemos nosso corpo, nossa casa, cidades e o planeta com a vibração de nossos pensamentos e ações. Como ímãs, atraímos o que emitimos e, já sabemos, baixas frequências vibratórias dão origem a desequilíbrios, doenças, mal-entendidos, lutas. Em outras palavras, para evoluirmos é preciso aumentar a própria frequência vibratória (por conseguinte, a imunidade) e, num efeito dominó, a frequência do todo, por meio da ação prática no bem.
Afinal, como dizia Clóvis José O. Souza, colega arquiteto e professor de Geografia, "não estamos aqui a passeio, mas a trabalho". Trabalho duro, sério comprometido com nosso próprio desenvolvimento como habitantes deste planeta: agindo de acordo com a tríade platônica na busca da beleza (manifestada por meio da harmonia, ética e justiça), da bondade (compaixão e solidariedade) e da verdade (autoconhecimento e sabedoria), colocando-nos no lugar do outro e agindo como gostaríamos que agissem conosco. Um dia, alcançaremos equilíbrio, harmonia, sabedoria, justiça, tudo integrado. Nossa energia (e a do todo) se elevará e, da mesma forma que uma chama pode diminuir a escuridão de um ambiente, a alegria, a compaixão e o bem agir contaminam nosso entorno e além.
Então, que cada um faça sua parte, agindo de acordo com esse tripé, elevando a própria frequência vibratória, sendo luz, amparo, acolhimento e solidariedade, e a vida vai começar a fluir sem tantos tropeços, sem tanta dor. É fato que não podemos mudar, de imediato, os acontecimentos (que, mesmo a contragosto, aumentam nossa compreensão da realidade), mas certamente podemos mudar a forma de agir e reagir diante eles. E mais: podemos servir de exemplo para aqueles que ainda não entenderam nosso papel aqui, tampouco o fato de que ninguém evolui sozinho.
Referências
https://www.dragon-br.com/publicacoes/artigos/a-piramide-do-processo-evolutivo.html