É o nome do livro da escritora chilena Marcela Serrano: Dez Mulheres, tradução de Paulina Wacht e Ari
Roitman, RJ: Ed. Objetiva, 2012. Um livro que aborda a questão feminina, não
sob o ponto de vista do observador, mas de quem conta a própria história.
Os personagens: Natasha e outras nove mulheres com suas
histórias de vida.
O cenário: Santiago do Chile, como pano de fundo e ainda o Atacama, Itália, Espanha, entre outros lugares.
O período? Depende de quem conta a história. Para uns é a segunda metade
da década de 1970, após a tomada do Palácio de La Moneda, ou seja, depois do trágico desfecho do curto governo de
Salvador Allende; para outras, é um tempo mais distante, no mesmo país andino ou na Europa,
e por aí vai.
Um livro que desnuda a alma feminina e suas nuances: seus anseios e
carências; seus medos e ousadias; suas perdas e conquistas; suas duras verdades
e mentiras piedosas; suas alegrias simples e lembranças íntimas, o que lhes
permite reviver o passado, aprender com ele ou mostrar a falta de perspectiva
diante do relógio, cujos ponteiros indiferentes marcam não só o tempo, mas
também o rosto, o pescoço e o cérebro.
A seu modo, cada uma fala da importância
de celebrar o tempo presente e de como se lembram – hoje – do que passou,
do que passaram, do que poderia ter sido...Da doída e intensa constatação de que é impossível disfarçar o ódio porque
ele tinge como sangue; do angustiante instante “eureca’ ao
compreender que a dor está, sim, presente no DNA de certas pessoas e por isso
elas são como são; ou da lenta e decidida constatação de que não "já se prestam mais para
escrever e ler frivolidades"...
Enquanto isso, inertes e com olhos vazios, outras mulheres olham pela
janela de seus apartamentos gelados e veem a vida passar; tentam se esquecer
e se aquecer, em vão, porque está o frio vem da alma; e tentam fugir dos medos de tudo e de todos, da sensação de
solidão e das inúmeras camadas de silêncio...
Francisca, Mané, Juani, Simona, Layla, Andrea, Luisa, Guadalupe, Ana Rosa
e Natasha.
Impossível não se identificar com elas em algum momento de suas vidas.
Impossível não tirar o chapéu para essas mulheres corajosas, que quiseram
dominar suas histórias e as narraram, porque "só narrando uma história é
que podemos ter domínio sobre elas". Aplausos para mais uma
brilhante e sensível escritora chilena.
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