terça-feira, 13 de outubro de 2015

Línguas & Literatura: Dica de Leitura - Dez mulheres



 É o nome do livro da escritora chilena Marcela Serrano: Dez Mulheres, tradução de Paulina Wacht e Ari Roitman, RJ: Ed. Objetiva, 2012. Um livro que aborda a questão feminina, não sob o ponto de vista do observador, mas de quem conta a própria história.
Os personagens: Natasha e outras nove mulheres com suas histórias de vida.
O cenário: Santiago do Chile, como pano de fundo e ainda o Atacama, Itália, Espanha, entre outros lugares.
O período? Depende de quem conta a história. Para uns é a segunda metade da década de 1970, após a tomada do Palácio de La Moneda, ou seja, depois do trágico desfecho do curto governo de Salvador Allende; para outras, é um tempo mais distante, no mesmo país andino ou na Europa, e por aí vai.
Um livro que desnuda a alma feminina e suas nuances: seus anseios e carências; seus medos e ousadias; suas perdas e conquistas; suas duras verdades e mentiras piedosas; suas alegrias simples e lembranças íntimas, o que lhes permite reviver o passado, aprender com ele ou mostrar a falta de perspectiva diante do relógio, cujos ponteiros indiferentes marcam não só o tempo, mas também o rosto, o pescoço e o cérebro.
A seu modo, cada uma fala da importância de celebrar o tempo presente e de como se lembram – hoje – do que passou, do que passaram, do que poderia ter sido...Da doída e intensa constatação de que é impossível disfarçar o ódio porque ele tinge como sangue; do angustiante instante “eureca’ ao compreender que a dor está, sim, presente no DNA de certas pessoas e por isso elas são como são; ou da lenta e decidida constatação de que não "já se prestam mais para escrever e ler frivolidades"...
Enquanto isso, inertes e com olhos vazios, outras mulheres olham pela janela de seus apartamentos gelados e veem a vida passar; tentam se esquecer e se aquecer, em vão, porque está o frio vem da alma; e tentam fugir dos medos de tudo e de todos, da sensação de solidão e das inúmeras camadas de silêncio... 
Francisca, Mané, Juani, Simona, Layla, Andrea, Luisa, Guadalupe, Ana Rosa e Natasha.  
Impossível não se identificar com elas em algum momento de suas vidas. Impossível não tirar o chapéu para essas mulheres corajosas, que quiseram dominar suas histórias e as narraram, porque "só narrando uma história é que podemos ter domínio sobre elas". Aplausos para mais uma brilhante e sensível escritora chilena.   

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