Amigos queridos (e muito generosos) elogiaram os posts do Anita Plural em que falo sobre a língua portuguesa, nossa flor do Lácio, e me pediram uma sequência daqueles dois posts (Ver aqui e aqui). O fato é que muitos veem, leem e ouvem determinados termos em algum lugar e, sabe-se lá por quais motivos, continuam utilizando esses termos de forma acrítica, o que faz com que alguns erros se perpetuem e acabem correndo o risco de virar verdade (como algumas “notícias”). Aqui, não posso deixar de tirar meu chapéu à excelente e certeira previsão de Umberto Eco, sobre como a internet deu espaço a uma legião de imbecis...
Enfim, alguns desses novos termos acabam
sendo incorporados ao dia a dia das pessoas, ao mesmo
tempo em que outros caem em desuso já que as línguas são vivas e,
portanto, sujeitas à modificações e adaptações. Em todo caso, não se deve reduzir tudo à
simplista discussão de certo ou errado, mas fiz, então, uma nova lista de palavras e expressões que devemos esquecer... em prol de nossa sanidade
linguística.
1 - Imexível: os mais jovens provavelmente não se lembram de um certo
ministro da era Collor que criou o termo acima, ao referir-se a
si próprio como permanente no cargo que então ocupava. Aliás, ninguém é nada, todos estamos, concordam? Em um cargo, posição ou situação por um certo período de tempo, do qual
iremos prestar contas. Mas, apesar da fala do
ministro, o termo imexível não existe, está bem?
2 - Correr risco de vida (ou de morte). Na pressa, um indivíduo pode ter sentido medo de que alguém estivesse correndo o risco de
perder a vida e, na pressa, suprimiu o “perder
a”. Pronto! E todos caíram matando em cima do sujeito. Afinal, corre-se algum tipo de risco em situações perigosas, ruins. Por exemplo, corre-se o risco de morrer, de sofrer um acidente, de perder alguém querido, de ser demitido, de se machucar, certo? Nunca há risco de
se conseguir coisas boas, há possibilidades de alcançá-las. Mas, hoje, a nossa língua já incorporou esse uso e as duas formas são consideradas corretas: 'risco de vida' e ‘risco de
morte’.
3 - Anexo
ou em anexo. Bom, se o documento é
enviado junto com o e-mail ou com uma carta, o tal documento é o anexo (algo que
foi anexado). Não é necessário dizer, portanto seguir “em anexo”, expressão
considerada errada por muitos gramáticos. Use: a carta segue anexa; os documentos
foram anexados.
Outra acepção refere-se a uma edificação ligada a outra: Há pouco tempo, construíram um anexo para o hotel.
Outra acepção refere-se a uma edificação ligada a outra: Há pouco tempo, construíram um anexo para o hotel.
4 - Incluir
(fora dessa). A tal expressão ‘me inclua fora
dessa’ já deu pano para manga, não é mesmo? É importante verificar se o que falamos tem sentido. O verbo incluir, por exemplo, não combina com 'fora'. Quem inclui, insere,
agrega, acrescenta ou coloca dentro de um local, de um texto, de um grupo, de
uma equipe. Portanto, inclua o verbo incluir em sua listinha de termos que merecem
bastante atenção, está bem?
5 - Ir
ao encontro de / de encontro a. Se algo vier ao seu encontro, você
pode ficar satisfeito, porque houve concordância e harmonia.
Agora, se algo vier de encontro a você, pule fora e acautele-se porque aí vem bomba. De encontro a significa oposição, algo em sentido contrário! Entendeu?
Agora, se algo vier de encontro a você, pule fora e acautele-se porque aí vem bomba. De encontro a significa oposição, algo em sentido contrário! Entendeu?
6 - Onde e
Aonde. Duas formas e dois usos. Onde indica permanência: Onde você mora? Onde está o livro?
Aonde significa ‘para onde’ e é usado com verbos de movimento: Aonde iremos esta noite?
Aonde significa ‘para onde’ e é usado com verbos de movimento: Aonde iremos esta noite?
7 - Haver e a
ver. O verbo haver é sinônimo
de existir: Deve haver/ existir
uma forma mais fácil de explicar isso.
O exemplo não tem nada a ver (não está relacionado) com o que foi mostrado. Devidamente entendido?
O exemplo não tem nada a ver (não está relacionado) com o que foi mostrado. Devidamente entendido?
8 - Atoa e à toa. Atoa não existe. O correto é usar sempre à
toa, separado e com crase no a. À toa significa sem razão especial, sem motivo, sem ter o que fazer, ao acaso: Ficou uns três dias à toa e desperdiçou um
valioso tempo. Perguntei à toa, sem nenhum interesse.
9 - Senão e
se não. Senão indica ‘a não
ser’, ‘caso contrário’. Exemplos: Está
bem, pode vir, senão você vai se lamentar até amanhã.
Se não (separado) é conjunção condicional ‘se’ e o advérbio ‘não’ e, portanto, indica uma condição: Se não chover, iremos à praia.
Se não (separado) é conjunção condicional ‘se’ e o advérbio ‘não’ e, portanto, indica uma condição: Se não chover, iremos à praia.
10 - Acerca
de e a cerca de. Em outro post,
já falei sobre a diferença entre o afim (semelhante) e o a fim de
(finalidade)... São termos diferentes, com usos diferentes. ‘Acerca de’
significa a respeito de, sobre. Exemplo: Eles
adoram discutir acerca das novas teorias.
A cerca de, por sua vez, indica distância, proximidade: Eles moram a cerca de dois quilômetros da escola.
A cerca de, por sua vez, indica distância, proximidade: Eles moram a cerca de dois quilômetros da escola.
11
– Onde e em que: Muitas pessoas usam ‘onde’ em suas falas quando, na
verdade, deveriam usar pronomes relativos (em que, no qual, nos quais)... Onde é usado para
expressar ideia de lugar, como no exemplo: De onde ele estava, não conseguia ver todo o campo. Do
lugar onde ele estava, não via todo o campo.
Quando não for esse o caso, use pronomes relativos: Aquele era o momento em que todos se levantaram e aplaudiram o palestrante.
Quando não for esse o caso, use pronomes relativos: Aquele era o momento em que todos se levantaram e aplaudiram o palestrante.
12 - Menos
ou menas. Convenhamos, sempre que ouço um ‘menas’ (e não são poucas vezes), meu ouvido chega a doer. O termo não existe, nunca existiu e não existirá jamais, por mais dinâmica que seja a língua.
Menos significa em quantidade menor, é advérbio invariável. Assim, pode-se usar tanto com palavras femininas como com palavras masculinas. O tal menos dá conta do recado, está bem? Exemplos: Há menos maçãs aqui do que peras.
Menos, então, pessoal, muito menos! Até a próxima!
Menos significa em quantidade menor, é advérbio invariável. Assim, pode-se usar tanto com palavras femininas como com palavras masculinas. O tal menos dá conta do recado, está bem? Exemplos: Há menos maçãs aqui do que peras.
Menos, então, pessoal, muito menos! Até a próxima!
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