domingo, 20 de novembro de 2016

Línguas & Tradução | Quem traduziu?



Várias obras da literatura mundial, poemas e livros técnicos são recriados em outras línguas, a partir da figura do tradutor, permitindo seu acesso a um público muito maior. Filmes são traduzidos, legendados ou dublados em diversos idiomas. No entanto, nem sempre os tradutores são mencionados e devidamente valorizados. Várias editoras, ao criar seus catálogos, ainda omitem o nome dos tradutores. Mas não deveriam, justamente, ser elas as primeiras a incentivar e reconhecer o trabalho desses profissionais?   

A atuante tradutora Denise Bottman,algum tempo, encabeçou e tornou bastante conhecida a campanha “Não gosto de plágio" (aqui). O objetivo era protestar contra a reedição de clássicos da literatura com a utilização de nomes fictícios  ou, simplesmente, sem os créditos devidos aos tradutores.A ideia do movimento, encampada por dezenas de profissionais e veículos de comunicação, pretendia ir além e conscientizar público em geral, editores, jornalistas e resenhistas sobre o papel do tradutor propondo aumentar a visibilidade e colocar o nome daquele profissional em qualquer referência, escrita ou verbal, a respeito de obras traduzidas. Fica dado o alerta. A campanha não tem data de validade. É permanente. 
Imagem : http://naogostodeplagio.blogspot.com.br/2010/01/materia-de-marcelo-gusmao-na-caros.html
Quer ver? 
Todos conhecem Harry Potter. Acredito que muitos saibam o nome da autora da série: a britânica Joanne Kathleen Rowling, ou J.K. Rowling. Sabe-se também que uma grande maioria de espectadores viu os filmes legendados ou leu as obras em português. Mas, pergunto: quantos sabem quem é a tradutora da série? 

A tradução e criação de neologismos, como quadribol, por exemplo deve-se ao trabalho sério e primoroso da tradutora Lia Wyler, cujo excelente resultado foi bastante elogiado, inclusive pela própria autora da série do bruxinho. Aliás, o termo quadribol só existe na tradução brasileira. Em todas as outras traduções manteve-se o termo correspondente em inglês - quidditch. Convenhamos, não foi uma saída formidável? Não me canso de admirar e aplaudir essa nossa tradutora do Rio de Janeiro, nascida em Ourinhos no interior de São Paulo.

Lenita Esteves é outro nome de peso no nosso meio profissional, que ficou mais conhecida na mídia, a partir da tradução da trilogia O Senhor dos Anéis. Sem dúvida, outra obra de fôlego e que merece nosso aplauso e reconhecimento. 

 Não vou me delongar, só quis dar dois exemplos bastante significativos. De cabeça, das listas, seminários e leituras, lembro-me dos nomes de Paulo Rónai, Mário Quintana, Haroldo de Campos, Paulo Henriques Britto, Clarice Lispector, Paulo Mendes Campos, Ivo Barroso, Boris Schnaiderman, Caetano Galindo, Ana Maria Machado, Jorio Dauster, Marcelo Cipolla, Beatriz Medina, Renato Aguiar, Isa Mara Lando, Ana Rezende, Silvio Levy, Ivone Benedetti, Adail Sobral, Elaine Trindade, Petê Rissati, Telma Franco Diniz etc. Com certeza, esqueci de muitos nomes e já me desculpo por isso. Mas temos entre nós uma infinidade de excelentes profissionais da tradução que traduzem obras estrangeiras para o português. Em outro momento falarei de outros tantos profissionais que fazem o inverso, traduzindo nossas obras-primas para outros idiomas.

A esse respeito, há algum tempo, publiquei aqui no Blog Anita Plural, uma campanha com o sugestivo nome de Vamos dar nomes aos bois’ (ver aqui). O tema continua e continuará sempre em voga. É imprescindível dar crédito a tradutores, autores, poetas, compositores, fotógrafos, arquitetos, designers, artistas...enfim, aos idealizadores de qualquer obra, produto ou projeto. Nada nasce do zero, ainda que seja com feito com base em ...(aqui deve-se citar a fonte). Alguém trabalhou, pesquisou, decidiu e revisou para produzir algo. Este esforço merece respeito e reconhecimento.   

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