Várias obras da literatura mundial, poemas e livros
técnicos são recriados em outras línguas, a partir da figura do tradutor,
permitindo seu acesso a um público muito maior. Filmes são traduzidos, legendados ou dublados em diversos idiomas. No entanto, nem sempre os tradutores são mencionados e
devidamente valorizados. Várias editoras, ao criar seus catálogos, ainda omitem
o nome dos tradutores. Mas não deveriam, justamente, ser elas as primeiras a
incentivar e reconhecer o trabalho desses profissionais?
A atuante tradutora Denise Bottman, há algum tempo, encabeçou e tornou bastante
conhecida a campanha “Não gosto de plágio" (aqui). O objetivo era protestar contra a reedição de clássicos da literatura com a utilização de nomes fictícios ou, simplesmente, sem os créditos devidos aos tradutores.A ideia do
movimento, encampada por dezenas de profissionais e veículos de comunicação,
pretendia ir além e conscientizar público em geral, editores, jornalistas
e resenhistas sobre o papel do tradutor propondo aumentar a visibilidade e colocar o nome daquele profissional em qualquer referência, escrita ou verbal, a respeito
de obras traduzidas. Fica dado o alerta. A campanha não tem
data de validade. É permanente.
Imagem : http://naogostodeplagio.blogspot.com.br/2010/01/materia-de-marcelo-gusmao-na-caros.html |
Quer ver?
Todos conhecem Harry
Potter. Acredito que muitos saibam o nome da autora da série: a britânica Joanne Kathleen Rowling, ou J.K. Rowling. Sabe-se também que uma grande maioria de espectadores viu os
filmes legendados ou leu as obras em português. Mas, pergunto: quantos sabem quem é a
tradutora da série?
A tradução e criação de neologismos, como quadribol, por exemplo deve-se ao trabalho sério e primoroso da tradutora Lia Wyler, cujo excelente resultado foi bastante elogiado, inclusive pela própria autora da série do bruxinho. Aliás, o termo quadribol só existe na tradução brasileira. Em todas as outras traduções manteve-se o termo correspondente em inglês - quidditch. Convenhamos, não foi uma saída formidável? Não me canso de admirar e aplaudir essa nossa tradutora do Rio de Janeiro, nascida em Ourinhos no interior de São Paulo.
Lenita
Esteves é outro nome de peso no
nosso meio profissional, que ficou mais conhecida na mídia, a partir da tradução
da trilogia O Senhor dos Anéis. Sem dúvida, outra obra de fôlego e que merece
nosso aplauso e reconhecimento.
Não vou me delongar, só quis dar dois exemplos
bastante significativos. De cabeça, das listas, seminários e leituras, lembro-me dos nomes de Paulo Rónai, Mário Quintana, Haroldo
de Campos, Paulo Henriques Britto, Clarice Lispector, Paulo Mendes Campos, Ivo
Barroso, Boris Schnaiderman, Caetano Galindo, Ana
Maria Machado, Jorio Dauster, Marcelo Cipolla,
Beatriz Medina, Renato Aguiar, Isa Mara Lando, Ana Rezende, Silvio Levy, Ivone Benedetti, Adail Sobral, Elaine
Trindade, Petê Rissati, Telma Franco Diniz etc. Com certeza, esqueci de muitos nomes e já me desculpo por isso. Mas temos entre
nós uma infinidade de excelentes profissionais da tradução que traduzem obras estrangeiras para o
português. Em outro momento falarei de outros
tantos profissionais que fazem o inverso, traduzindo nossas obras-primas para outros idiomas.
A esse respeito, há algum tempo, publiquei aqui no
Blog Anita Plural, uma campanha com o sugestivo nome de ‘Vamos dar nomes aos
bois’ (ver aqui). O tema continua e continuará sempre em voga. É imprescindível
dar crédito a tradutores, autores, poetas, compositores, fotógrafos,
arquitetos, designers, artistas...enfim, aos idealizadores de qualquer obra, produto ou projeto. Nada nasce do zero, ainda que seja com feito com base em ...(aqui
deve-se citar a fonte). Alguém trabalhou, pesquisou, decidiu e revisou para
produzir algo. Este esforço merece respeito e reconhecimento.
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