Éramos felizes e não sabíamos. Será? Será que éramos felizes? Ou será que não sabíamos disso? Deixo a resposta ao leitor.
Ilustração: Nicolas Viot – no livro “O Passeio da Fleur” |
Da minha parte, tenho certeza de que éramos felizes. A propósito, leia o post A casa da infância. Brincávamos no quintal, com terra, grama, água e plantas; subíamos em canos, muros, muretas e árvores; comíamos amora e goiaba do pé, balançávamos nas árvores, pulávamos corda, juntávamos a rede toda, primos e amiguinhos da rua, para brincar de roda, pique, queimada etc... Enfim, que eu me lembre, portanto, a minha foi uma infância muito feliz. Pais presentes; o pai trabalhava fora e a mãe também trabalhava, mas de casa, e mesmo assim, ela nos paparicava bastante, brincava conosco e, quando cansávamos de correr, sentávamos e a ajudávamos a montar as peças de bijuteria que ela produzia, ou a separar as linhas para seus bordados ou.... Tarefas simples, separar por cores as linhas, contar as peças, juntá-las por tamanho, separar um certo número e por aí vai. Para nós era outra brincadeira.
Nunca tivemos ajudante doméstica, mas a casa, pequena, era um brinco de tão bem arrumada e asseada. Ah, sim, e nossas roupinhas eram impecáveis. Como a maioria das escolas na época, usávamos uniforme escolar – meia branca, sapatos pretos (bem engraxados e brilhantes), saia plissada azul-marinho, camisa branca de manga comprida, gravata azul-marinho e os cabelos impecavelmente arrumados em rabo de cavalo com fita branca. Ela fazia questão – suas filhas eram um primor só!
Mas nós também a ajudávamos nos serviços da casa – organizar nossos materiais, as almofadas, passar enceradeira, tirar pó, lavar uma louça... então sobrava tempo para tudo: para ela brincar conosco, para nós fazermos as tarefas escolares (que eu me lembre não eram tantas como as de hoje, ou eu, ao menos, nunca sofri com elas), para brincar com os amiguinhos na rua ou no quintal e para sentar no muro da frente, comer uma bela cenoura (tenho uma vívida imagem dessa cena na mente) e contemplar o pôr do sol.
Aos finais de semana, íamos ao clube Floresta (hoje Espéria), com meu pai. Enquanto ele remava, eu ia tinha aula de ginástica rítmica e depois, íamos nadar. em geral, mais meu pai e eu; só, mais tarde, é que o irmão temporão começou a nos acompanhar. Minha mãe e minha irmã não eram muito ligadas a esportes, então, nem sempre elas iam conosco ao clube. Quando iam, era ótimo.
Foto: Paula Mendonça. https://conexaoplaneta.com.br/blog/se-essa-rua-fosse-minha-eu-mandava-crianca-brincar/
Às vezes, íamos ao cinema,
para ver na telona algum filme para a família. Lembro-me dos filmes da Romy
Schneider da série Sissi. Aliás, há pouco, a Netflix lançou uma série sobre a
história dela, a imperatriz da Áustria. Mas nem vou assistir... para mim,
aqueles filmes eram puro sonho e não quero estragar o sonho com a realidade
crua e a maldade daquela época.
Não havia internet, celulares, tablets, redes sociais, nem horas perdidas diante da TV. Aliás, a TV chegou lá em casa quando eu tinha sete ou oito anos e, mesmo assim, tínhamos horário para ver alguns desenhos. E só! Mas, definitivamente, foi uma infância muito feliz!
“Uma cidade boa para crianças será um lugar bom para todo mundo”. Nelson Mandela
(Continua no próximo post)
Referências
http://transporteativo.org.br/ta/?p=6761
https://conexaoplaneta.com.br/blog/se-essa-rua-fosse-minha-eu-mandava-crianca-brincar/
https://anitadimarco.blogspot.com/2021/08/ecos-culturais-casa-da-infancia.html
https://anitadimarco.blogspot.com/2020/12/ecos-culturais-lembrando-antigas.html
Seu texto como sempre muito ricoe verdadeiro. Eu concordo com você. Nossa época foi muito feliz .
ResponderExcluirOi, Mara. Obrigada. Sim, as crianças estão perdendo muitas dessas atividades naturais da infância. Bjs
ExcluirBeleza de recordaçao/ jcampos
ResponderExcluirLindo, obrigado por compartilhar as lembranças, me fez lembrar as minhas.
ResponderExcluirAdorei Anita! Me identifiquei com muitas coisas, viajei pra minha infância!
ResponderExcluirVc se lembra do anúncio dos cobertores Paraíba? Nem inagibanavmos que iríamos estudar a casa dele, né?
Excluirhttps://anitadimarco.blogspot.com/2022/08/ecos-culturais-progaganda-comercial-ou.html?m=1
Muitas crianças estão hipnotizados, robotizados.
ResponderExcluirTendo vivido na infância quase todaa aa mesmas experiências que você , Anita, posso afirmar: era feliz, maa não sabia... À época só queria crescer, para não tomar banho pontualmente às 16:00 h dormir ao anúnciodis cobertores Parayba, às 21h, e tão pouco obedecer a ninguém...rsrsrs
ResponderExcluirHahahha, Maria Lúcia, deve ser vc... Eu me lembro demais do anúncio dos Cobertores Paraíba.... Leia aqui, e obrigada, bjs https://anitadimarco.blogspot.com/2022/08/ecos-culturais-progaganda-comercial-ou.html?m=1
ExcluirNão, Anita...Sou a Lilian Conde...rsrsrs
ExcluirOi, Lilian, me desculpe. Estava falando com minha amiga sobre os cobertores ....hahahha, valeu. Abração ...
ExcluirAnitinha!Gostei demais do texto e também acho que éramos mais felizes. Recordei com alegria,saudades e emoção a minha infância. Obrigada por fazer recordar! Bebel
ResponderExcluirbrava....mi hai riportato indietro nel tempo, facendomi ricordare l'infanzia felice vissuta insieme alla famiglia e amici a Grisolia .
ResponderExcluirGrazie, carini.....eravamo felici....è vero!
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