Ecos Humanos | Trabalho, bendito trabalho!

Em um post mais antigo, Trabalho e emprego, já mencionei a diferença entre trabalho e emprego, citando o educador e filósofo Mário Sérgio Cortella e sua lembrança do lema da Ordem dos Beneditinos. Fundada por São Bento (Benedetto de Nursia), no século VIm, a ordem tinha como lema: Ora et labora (ou, ora et labora et legge - oração, trabalho e estudo).

Então, custa-me muito entender pessoas que não gostam de trabalhar. Há pouco tempo, alguém me disse que somos a última geração que vive do seu trabalho. Como assim? Não consigo acreditar nisso e não me imagino sem trabalhar, nunca fiquei sem trabalho; mesmo quando estava desempregada, eu arrumava coisas para fazer. Porque é pelo trabalho que conseguimos dignidade, alcançamos nossos sonhos, aprendemos, crescemos e desenvolvemos os talentos que a Vida nos deu. É preciso colocar esses talentos em prática. A propósito, o educador Mário Sérgio Cortella tem outra frase genial quando diz que "emprego é fonte de renda e trabalho é fonte de vida". Outra frase forte e verdadeira vem de Gibran Khalil Gibran que diz: "E se não sabeis trabalhar com amor, mas apenas com desagrado, é melhor deixardes o trabalho, sentar-vos à porta do templo e pedir esmolas àqueles que trabalham com alegria." 

O fato é que as conquistas de qualquer trabalho levam tempo – de prática e de amadurecimento para dar frutos. Porém, no mundo de hoje, vejo muitos que só querem ser tiktokers ou influencers (aliás, há dias li algo assim: 'se existem influencers é porque há idioters' - verdade!), viver de renda ou de herança e consideram o trabalho um suplício e não uma ação que traz realizações, brio, honra e amor próprio àquele que o realiza. Porém, mesmo com tais pessoas podemos aprender algo, ao menos sobre como não agir. 

De qualquer forma, é preciso que se diga que o trabalho deve ser bem remunerado, com todos os direitos do trabalhador. Situações de trabalho em condições similares à escravidão, em pleno século 21, nos deixam perplexos e chocados. O correto é cada um fazer bem a sua parte, seja o empregador, seja o trabalhador, colocando-se no lugar do outro, porque isso também nos será cobrado.

Basta pensar um pouco: o que seria da humanidade sem as pesquisas, os testes e os desenhos de Leonardo da Vinci, o trabalho intenso de Thomas Alva Edison e seus experimentos para chegar até a lâmpada elétrica, ou dos esforços do casal Marie e Pierre Curie para descobrir a radioatividade, ou dos anos de estudos e testes de Alberto Santos Dumont, ou das descobertas de Einstein, Fleming, Louis Pasteur, Vital Brasil, Carlos chagas, Adolfo Lutz, Bertha Lutz, Miguel Nicolelis e de tantos outros? O que seria da humanidade sem as vacinas, os avanços da medicina, da física, da engenharia e das pesquisas em geral? Estamos onde estamos porque muitos se esforçaram por muito tempo, bem antes de chegarem às suas invenções e conquistas. Nada se consegue sem esforço, sem trabalho árduo, sem empenho.

Portanto, que ninguém se iluda! Trabalhar é uma lei natural e faz bem ao corpo, à mente e à alma, enquanto a preguiça e a vadiagem danificam os neurônios, as sinapses e o caráter. Sou favorável àquela velha frase atribuída à Thomas Edison: "Meu trabalho é 1% inspiração e 99% transpiração". Então, aquele que não trabalha, não valoriza o trabalho e, pior, desdenha aqueles que trabalham não passa de uma triste figura, um ser humano incompleto. Mais dia, menos dia, isso lhe será cobrado. 

Bendito seja o trabalho nosso de cada dia, mas se ainda estiver em dúvida, reflita sobre o lema dos beneditinos: ora et labora.

Referências

https://anitadimarco.blogspot.com/2021/07/ecos-humanos-trabalho-e-emprego.html 

https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2018-04/papa-confederacao-beneditina.html

https://didatica.tech/historia-das-grandes-descobertas-cientificas-que-mudaram-o-mundo/

https://www.ebiografia.com/cientistas_brasileiros_mais_importantes/

https://forbes.com.br/forbes-mulher/2022/06/16-cientistas-brasileiras-que-fizeram-historia/