quinta-feira, 15 de julho de 2021

Ecos Humanos | Trabalho e Emprego

Em algum momento, em algum lugar, lembro-me de ter lido ou ouvido do carismático educador e filósofo Mário Sergio Cortella uma frase que me encantou – uma dentre as tantas que tenho comigo.  Na ocasião, ele mostrava a diferença basilar entre os termos emprego e trabalho. Dizia que emprego é fonte de renda mensal, ao passo que trabalho é fonte de vida, alegria e realização. 
Como curiosidade, Cortella citou o lema da Ordem dos Beneditinos, fundada por São Bento (Benedetto de Nursia), no século VI: Ora et Labora (Ore e trabalhe). Comentou ainda que outra regra da ordem dizia que era proibido resmungar. E continuava: “Vejam só! Não é proibido discutir, debater, mas resmungar é proibido, porque todo aquele que vive resmungando não faz a sua parte: – "Credo, que horror! Alguém tem que fazer alguma coisa”! E, além de resmungão, dizia Cortella, esse indivíduo é pessimista, porque nada faz e espera a ação dos outros. Já o otimista, aquele que faz acontecer, ainda que com receio, vai em frente, pega o chifre pelo boi, aproveita a oportunidade e faz o seu melhor sempre...  

Comparação simples, porém verdadeira.  Daí a importância de trabalhar no que nos torna felizes e, desde cedo, tentar identificar a nossa vocação. Não adianta disfarçar, porque para bom observador é evidente a relação do indivíduo com seu trabalho (ou emprego). Um gosta do que faz e, mesmo quando não é o que mais queria, cumpre sua tarefa da melhor forma possível. É ético e comprometido. O outro faz o mínimo possível porque “aquilo” é "só" seu emprego, seu ganha-pão. Talvez este último não tenha tido a sorte de descobrir do que gosta, ou pior, não tenha tido sequer a chance de procurar descobrir. De qualquer forma, a atitude no trabalho muda tudo e esse indivíduo tem uma grande chance de ser infeliz.  

Afinal, como cantava Gonzaguinha, é preciso reconhecer "a beleza de ser um eterno aprendiz". Em vez de reclamar, é melhor cumprir o lema beneditino, porque a oração, o entusiasmo, a boa vontade e a alegria são atitudes que deixam tudo mais leve, mesmo o trabalho pesado e enfadonho. Sempre aprendemos algo e sempre alguém nos ensina, ou melhor, todo nos ensinam: aprendemos o que fazer e como agir, ou o contrário - o que não fazer e como não agir. De qualquer maneira, sempre podemos aprender. Por fim, o que é feito com o coração se desenvolve mais e melhor, frutifica mais rapidamente e inspira mais. Tudo é uma questão de escolher o conceito certo: você tem um emprego ou um trabalho? Seu copo está meio cheio ou meio vazio?  

8 comentários:

  1. Respostas
    1. Caro leitor, obrigada por comentar, mas se você não deixa seu nome no corpo da mensagem, não consigo saber quem é. Um abraço

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    2. Marlene Aparecida
      Adorei o texto.. Como é bom saber e lutar por um trabalho ,que nos traga o gosto pela vida. O que me apaixona é o desejo de sempre estar aprendendo.

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  2. Ótimo Anitinha! Texto bastante incentivador!O trabalho dignifica o homem ainda mais feito de coração. Bebel

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  3. Nada melhor que trabalhar no que dá prazer e realiza, bjs Anita

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  4. Brilhante, Anita!
    Ri com o "resmungar"... muito bom!
    Sempre pensei que quem não gosta de trabalhar tem algo errado.
    Se trabalhar com o que se gosta não é sempre fácil, imagine trabalhar com o que não se gosta.
    O trabalho tem muitas vertentes. Prazer; alegria; orgulho; dureza; responsabilidade; sacrifício... Quando a felicidade acontece, é uma bênção.
    Abraços

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  5. Amo meu trabalho, talvez por isso eu trabalhe tanto. Mas é isso, sem responsabilidade, não frutifica. Um abraço

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  6. Nada como trabalhar no que se gosta. Ótimo texto como sempre

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