De modo geral, sabemos que a tradução para a nossa língua portuguesa permite que tenhamos acesso a obras da literatura universal escritas em outros idiomas e vice-versa. Quer dizer, a literatura e a tradução aproximam contextos e culturas e o mesmo ocorre com a tradução para o português de obras literárias produzidas pelos povos originários. São textos, livros, músicas e poemas de autores indígenas que abordam a concepção de mundo desses povos, que nos é apresentada por meio de seus costumes, rituais, tradições, manifestações, narrativas cosmológicas, grau de importância da ancestralidade, da integração homem e natureza etc. É uma troca.
No sentido inverso, uma das obras já traduzidas para o tupi moderno, o nheengatu, foi justamente O Pequeno Príncipe, uma das mais conhecidas da literatura mundial (ler aqui). Dos autores indígenas, citamos apenas alguns dos mais conhecidos: Daniel Munduruku, Lucas Ycard Marubo, Ailton Krenak, Kaká Werá, Denilson Baniwa, Jama Wapichana, Truduá Dorrico, Davi Kopenawa, Olívio Jekupé, Yaguarê Yamã, Marcos Terena, Olivio Jekupe, Maria Kerexu, Auritha Tabajara, Graça Graúna, Eva Potiguara, Edson Kayapó entre muitos outros. A propósito, pesquise e leia sobre o coletivo Leia Mulheres Indígenas (@leiamulheresindigenas).
É preciso, portanto, valorizar, aplaudir e divulgar os lançamentos e eventos que tratam não só do universo literário dos povos originários, mas também de sua tradução para outras línguas. Neste caso, são eventos que podem ser considerados atos de resistência desses povos, pois, apesar de sua enorme riqueza cultural, por muito tempo foram silenciados e invisibilizados e, infelizmente, ainda o são por alguns setores.
Um desses eventos, pouco divulgado na grande mídia e sem o merecido destaque, foi a tradução da Constituição Federal de 1988 para o nheengatu, única língua viva descendente do Tupi antigo, que permite a comunicação entre comunidades de distintos povos espalhados em toda a região amazônica (Continua no próximo post).
Referências
https://www.youtube.com/watch?v=6IndreDLIUM
https://www.cartacapital.com.br/educacao/dez-obras-com-a-tematica-indigena/
https://www.fundobrasil.org.br/blog/5-escritoras-indigenas-para-conhecer-e-acompanhar/
https://www.geledes.org.br/cinco-escritoras-indigenas-contemporaneas-que-precisam-ser-divulgadas/
https://anitadimarco.blogspot.com/2019/05/ecos-linguisticos-o-pequeno-principe-em.html
Ótimo texto Anitinha! Conhecermos e valorizar os nossos povos originários é de grande valor.
ResponderExcluirComo é bom ficar sabendo disso, que as traduções para o nheengatu possibilitam o conhecimento das leituras! Parabéns de novo, Anita! É preciso muito mais esforços pra fortalecer o conhecimento das culturas indígenas , sempre!
ResponderExcluirQue legal! Informações que não sabia.... adorei!
ResponderExcluirExcelente, Anita! Tema lindo. Irei atrás dessas obras. Tenho um livro aqui de 1000 páginas com centenas de poemas bilíngues (nheengatu e português) de contos sobre a cosmologia Guarani, suas origens míticas, conhecimentos de botânica, zoologia, causos, tudo contado pelos próprios guaranis e coletado pelo Antropólogo e Linguista Wilson Galhego Garcia. O livro se chama “Nhande Rembypy, Nossas Origens”. É fascinante.
ResponderExcluirAbraços, João Marcos Massote
Deve ser um livro maravilhoso, mesmo. Viu tentar achar também. É nossa herança, né? Uma cultura belíssima, respeitosa, integrativa.. Vá fundo, bjs
ExcluirJusta homenagem a nossa língua geral, Anita. Zé Marcelino
ResponderExcluirAssim como é extremamente importante, que as obras dos povos originários sejam conhecidas, quando traduzidas, para nossa língua o oposto também deve ser considerado : permitir que as obras universais sejam traduzidas .para esses idiomas. Troca de conhecimento.
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