Ao abraçar uma religião ou filosofia de vida, vivenciar o caminho escolhido não se restringe à prática diária ou
semanal de frequentar um templo, uma igreja ou local de prática. Yoga, por exemplo, é um sistema
completo, uma filosofia de vida, um caminho, uma escolha de como ser e agir no
dia a dia. Não adianta executar uma postura (asana) com perfeição absoluta, mas ser violento, preconceituoso, desonesto, individualista, mentiroso e ignorar a dor do outro
no dia a dia. A cada aula, o praticante é lembrado que a pessoa que está praticando naquele momento é a mesma que age no mundo, ou seja, o que se aprende nas aulas, na experiência e nos
livros sagrados deve ser aplicado no cotidiano, já que yoga é uma filosofia
prática, não livresca. Como vivemos em sociedade, o convívio social exige
atitudes civilizadas, cordatas, respeitosas e solidárias em qualquer ambiente – em casa, no trabalho, na
escola, no trânsito, nas ruas. Além disso, mesmo que ninguém mais veja suas atitudes, sua consciência é onipresente, vê e sabe como você age.
Hoje muitos fatos, situações e notícias desafiam nosso equilíbrio emocional, mas é exatamente nesses momentos que é necessário aplicar o que o yoga nos ensina há milhares de anos. Não se trata de viver numa bolha, mas de identificar o que nos perturba, tomar uma atitude e agir, se for o caso, mas também buscar formas de relaxar corpo e mente, evitando as consequências físicas e emocionais impulsivas derivadas de reações descontroladas, como raiva, por exemplo. Nossas reações não podem controlar nossas ações.
O praticante consciente,
idealmente, não permite que o ambiente o desequilibre. Para atingir a
paz interior, ele dispensa incenso, música suave, iluminação
sutil e a voz de um professor. O fato de se perceber, de tomar
consciência de seu
estado já é um resultado da prática de yoga, é verdade, mas o saber
lidar com situações adversas e aplicar o que aprendeu é mais importante.
Então, sempre que algo o(a) afligir,
realinhe-se antes de agir: respire com consciência, ore, entoe um
mantra ou repita mentalmente ao inspirar “estou” e, ao expirar, “tranquilo” -
estou tranquilo, estou tranquilo - e volte ao seu centro. Se preferir, faça uma
meditação caminhando, observando o toque dos pés no chão, o ritmo respiratório,
as cores e sons da natureza. Logo você consegue retomar seu equilíbrio e aí
pode agir, sem correr o risco de apenas reagir irrefletidamente, no calor das emoções. E isso deve ser buscado o tempo todo, em todas as situações. A prática facilita a obtenção desse estado.
Um último e importante detalhe: embora às vezes pareça impossível perceber, a luz que brilha em você é a mesma que brilha no outro. O que nos diferencia é a intensidade do brilho de cada um, como um diamante, cujas arestas estão mais ou menos lapidadas. Mas, não se engane, fazer brilhar essa luz é trabalho e esforço individual e intransferível de cada um. Namastê!