sexta-feira, 27 de março de 2020

Ecos Humanos | Ainda a Covid 19



Sempre que me preparo para escrever o post semanal para o blog Anita Plural, penso no tema a abordar. Na minha lista de textos prontos, ou quase prontos, prestes a ser disparados, não encontrei nada para o momento em que vivemos. Resolvi, então, escrever de novo sobre a situação atual (que vem assombrando a população em geral e os próprios profissionais da área de saúde) e falar desse vírus microscópico, com um poder de transmissão jamais visto, nos dizeres de um enfermeiro. Em outra notícia, vista hoje cedo, dia 27 de março de 2020, uma médica falava que o “11 de setembro não foi nada comparado ao que enfrentamos hoje”, salientando que os hospitais daquele país parecem zonas de guerra e que, logo, terão que fazer a terrível escolha: quem será tratado ou não. Sistemas de saúde do mundo estão entrando em colapso. Isso já ocorre na Espanha e na Itália. É muito, muito duro!  

 https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2020/02/11
 O novo vírus já cobrou muitíssimas vidas: de anônimos e de pessoas conhecidas. Todas as profissões e classes sociais já foram atingidas. A realeza foi atingida. Aparentemente, a doença iguala a todos. Só aparentemente. Nos noticiários, uma multidão de anônimos, idosos e pessoas comuns, se transforma em números aterradores... Mais de 900 mortos em um dia na Itália, 700 na Espanha, numa conjuntura inimaginável até poucas semanas atrás, algo que deixará marcas terríveis e que não será esquecido. Oxalá tudo isso sirva para o ser humano se transformar, ressignificar sua vida, suas prioridades e seus valores. Pensar no coletivo. Ainda vejo aqueles que continuam lendo, ouvindo e entendendo somente aquilo que querem.  Não têm olhos de ver, tampouco tiram a venda dos próprios olhos. Mas o tempo é implacável e ensina. A natureza ensina e esta é uma dura lição para o ser humano. 

Imagem: https://www.eosconsultores.com.br/
De qualquer forma, diante da gravidade do momento, as medidas individuais de proteção são cruciais para prevenir-se e resguardar os demais. Ninguém está imune e todos têm familiares e amigos mais velhos. Então, sigamos a ciência e as orientações dos especialistas em saúde, mantendo distanciamento social. Junto com a questão de saúde, há a questão social e econômica. Governos de vários países já lançaram medidas de apoio a trabalhadores formais e informais, a pequenas e médias empresas. Por isso, diante dessa e de outras “crises”, vale lembrar, mesmo para quem nunca concordou, a importância e a necessidade de se ter um Estado forte. 

Importante também é se lembrar de agradecer aqueles que se mantêm na linha de frente para que possamos ficar protegidos em casa: os motoristas de ônibus, os lixeiros, os taxistas, os cozinheiros dos restaurantes que continuam servindo em domicílio; os entregadores, tão desprotegidos, em suas motos e bicicletas, o pessoal da saúde, da farmácia, dos supermercados, os caminhoneiros, os agricultores. Isso sem falar nos milhões de desempregados e na população de risco; esses, porém, nem pensam em “crise”, pois já experimentam, constantemente, o caos em suas vidas. Mentalize todos eles em suas orações.  

 https://oregional.net/com Imagem: divulgação   

Apesar de tudo, não se pode ceder à tristeza nem ao medo. Lá no fundo, tente perceber o que ocorre: a Terra dizendo basta ao ser humano, rebelando-se contra a forma como tem sido tratada há séculos. Então, sabendo disso, procure manter o corpo forte, a mente tranquila e equilíbrio emocional. Pratique dança, música, yoga, meditação, leitura, canto, bordado, ginástica... seja o que for. Mantenha-se protegido, fortaleça sua estrutura emocional, conserve o espírito aberto e sereno, forte e confiante. Enfrente seus medos com coragem, porque tudo passa. Isso também passará.  

quarta-feira, 18 de março de 2020

Ecos Humanos | Covid 19: CV, o vírus do despertamento


"Não precisamos de muita coisa. Só precisamos uns dos outros".
  Carlito Maia, publicitário (Lavras,1924- São Paulo, 2002)

Sempre acreditei nessa frase profética do mineiro de Lavras, Carlito Maia. Porém, mais do que nunca, diante de uma pandemia de Coronavírus (Covid-19), como a que o mundo enfrenta neste momento, ela é absolutamente verdadeira.
Nos piores momentos da humanidade é que vemos surgir o melhor e o pior do ser humano. Do lado positivo, o trabalho de milhares de trabalhadores da saúde e da educação, a solidariedade de tantos anônimos conscientes que se revezam e se esforçam para superar a situação o mais rápido possível. Do lado negativo, a ignorância, o oportunismo, o egoísmo, a ganância e a exploração do homem pelo homem. Lucrar com a desgraça alheia, com a dor e a doença é de uma falta de compaixão e de uma baixeza inominável. Não consigo encontrar um adjetivo adequado para qualificar essa pessoa e suas ações.  
O momento é de valorizar a vida e não os ganhos ou as perdas do mercado, porque a energia do dinheiro só é boa quando gira e atende ao maior número possível de pessoas. A vergonhosa e flagrante desigualdade do nosso país é prova do mau uso dessa energia que, quanto mais concentrada, mais deixa invisíveis justamente os mais vulneráveis. No entanto, talvez pela primeira vez de fato, a crise atual represente uma mudança de paradigma e faça a humanidade literalmente parar, questionar, repensar e, oxalá, ressignificar sua vida, seus conceitos e preconceitos, seus bons e seus maus hábitos, seu egoísmo.

Imagem: https://educador.brasilescola.uol.com.br
Ter a consciência de que não se é sozinho é a primeira constatação. Devido ao aumento exponencial da disseminação do Covid 19, é importante obedecer às autoridades de saúde e tomar os cuidados necessários de higiene para evitar contaminar os mais vulneráveis. Agindo assim, podemos achatar a curva de disseminação do vírus e evitar a sobrecarga dos sistemas de saúde.
De todo modo, como o vírus atinge o sistema respiratório, disciplinas como o yoga e o tai chi chuan, por exemplo, ajudam a expandir a caixa torácica e fortalecer esse sistema. Então, além dos cuidados de higiene, absolutamente necessários e reais, vamos respirar de forma consciente, meditar, relaxar, cantar, dançar, ouvir música, ler bons livros, ter bons pensamentos, bom senso e fé, porque essas são atitudes que ajudam a manter o equilíbrio emocional e a harmonia interna, portanto, reforçam nosso sistema imunológico. 
É sabido que as emoções têm influência direta sobre o funcionamento do nosso corpo e, a partir de situações como essa podemos mudar a forma como sentimos e como agimos. É preciso autodomínio; é preciso vencer o medo que pode baixar as defesas do organismo. É vital cultivar bons sentimentos e boas vibrações. É essencial reavaliar o tipo de alimento/energia que ingerimos, que nos sustenta e imanta. É preciso repensar nossos hábitos, nossos valores e despertar o respeito ao outro, a empatia e a solidariedade.
O cuidado consigo e com os outros faz parte dos hábitos naturais de pessoas conscientes em uma sociedade civilizada: ser responsável, respeitar o outro, reaprender a vê-lo, ouvi-lo e preocupar-se com ele. Somos todos interdependentes e a cura é coletiva. Essa compreensão fará a diferença, não só para nós, mas para todo o universo. 
Quando terminei de escrever este post, recebi de uma amiga o texto do jornalista Jamil Chade, no El País. Vale a pena ler aqui e pensar. 

Referências
Ministério da Saúde do Brasil: https://saude.gov.br
https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-03-17/a-crise-que-definira-nossa-geracao.html

segunda-feira, 9 de março de 2020

Ecos Culturais | Tecnologia e progresso | ZAP


Imagem: Wikipedia Commons
O progresso científico sempre me traz reflexões e questionamentos. Mas, quando se vive em determinada época, com tudo o que ela traz de avanços nas mais diversas áreas e no dia a dia, não se tem a noção exata daquilo que está acontecendo. Em campos como medicina, engenharia e arquitetura, talvez essa percepção seja mais palpável. Todos falam dos avanços da medicina, das novas técnicas não invasivas que congelam células cancerosas, das pesquisas e descobertas de novas substâncias para a cura das doenças e por aí vai. No campo da engenharia e da arquitetura, é só olhar em volta para se surpreender com os inimagináveis espaços, edifícios, obras e pontes que vemos...Na área da Tecnologia da Informação os avanços também são assombrosos. Mas, em outras áreas, isso pode parecer menos tangível.

Vou dar um exemplo. Os jovens da minha geração (com muito orgulho) aprenderam datilografia na escola primária (sim, até hoje digito com todos os dedos); estudaram (ainda que por breve período) Latim e, depois, Francês (junto com Inglês); terminavam o primário e, depois, faziam o exame de admissão (pró-forma em algumas escolas) para entrar no ginásio. No Ensino Médio, então chamado Colegial, era preciso decidir dentre três opções: o Clássico (para profissões da área de Humanas), o Científico (para área médica e de exatas) e o Normal (para atividades pedagógicas). Depois do vestibular, para saber se tinham sido aprovados nos vestibulares, os jovens da minha geração precisavam comprar os jornais ou ir até o cursinho (os que frequentavam os cursinhos pré-vestibulares), para ver as listas dos aprovados. 

 Imagem: Orelhão Imagem: Divulgação
Como ainda não havia celulares, era preciso comprar fichas telefônicas para falar em um Telefone de Uso Público (TUP), ou simplesmente orelhão... Sim, os telefones públicos protegidos por uma grande orelha – uma concha em fibra de vidro, projeto da arquiteta e designer brasileira, Chu Ming Silveira (1941-1997), em 1972.

Minha geração aprendeu a usar máquinas de escrever manuais, as elétricas, o fax e depois o computador. Hoje, o celular é um minicomputador. Sempre penso que sair da máquina de escrever portátil Lettera 22, da Olivetti, para o celular foi um passo imenso e uma mudança total. Acho o máximo ter vivido tudo isso, embora, devido à rapidez dessas mudanças, muitas coisas ficaram, em pouco tempo, obsoletas. Imagine só: do fax para o WhatsApp...UAU! Parafraseando Neil Armstrong (1930-2012), em 1969, ao pousar na lua, It’s another giant leap for mankind, right?  

Acho o WhatsApp o máximo, coisa de gênio mesmo, desses sabichões tecnológicos que andam por aí, como quem não quer nada. A começar pelo nome. Para quem não sabe, “What’s up” em inglês significa: “E aí? Tudo bem? Com vão as coisas?” Agora, é ou não genial? Além do título brilhante, o aplicativo tem 1,5 bilhão de usuários ativos mensais, professores, profissionais, amigos e grupos familiares: núcleo mais restrito, família expandida, família de quatro gerações... Muito bom! Em uma família pequena, quatro pessoas, digamos, todos podem conversar ao mesmo tempo sobre um tema, discutir, brigar, chorar, dar apoio, aconselhar, saber de notícias tristes ou compartilhar momentos de alegria, tudo em conjunto e em tempo real, como se estivéssemos ao redor de uma mesa. Demais... Falo por mim, facilitou muito a minha vida. 

A propósito, o Brasil é um dos recordistas de uso do WhatsApp, ou Zap. Há alguns dias, conversando por e-mail com um amigo em Londres, disse-lhe que falaria com ele pelo ZAP e, é claro, ele não entendeu nada... Um viva ao criador desse jovem aplicativo, que só tem 10 aninhos e, portanto, muito caminho pela frente. A título de informação, o Zap foi criado em 2009 por dois funcionários do Yahoo: o ucraniano Jan Koum e o americano Brian Acton. Trabalharam juntos até 2007 e, em 2014, decidiram vender sua criação ao Facebook pelo valor (da época) de US$ 19 bilhões.   

De qualquer forma, sou grata por essa criação, permitindo que as distâncias fossem encurtadas, que a separação no espaço e no tempo fosse praticamente eliminada e, principalmente, que a saudade fosse, digamos não superada, mas pelo menos  atenuada... 
 
Referências