domingo, 11 de novembro de 2018

Ecos Urbanos | Na Península Ibérica (4/4)

Sevilha
Continuação da Parte 3

Praça de Espanha. Foto: Anita Di Marco
Chegamos à bela capital da Andaluzia cortada pelo rio Guadalquivir no meio da tarde e nos hospedamos no Pateo de la Alameda, um hotel bem agradável, tipicamente espanhol, com pátios, ladrilhos, gradis de ferro fundido, vasos floridos nos peitoris e muitas, muitas plantas. Foi nosso segundo hotel preferido. O primeiro, o de Porto, claro!  Enfim, depois de nos acomodarmos, saímos para comer e passear. 
Vias amplas e compartilhadas. Foto: Renato S. Alves



 Tapas, viños, sangrias e postres, aqui vamos nós.... Tudo muito bom! A cidade é arejada, ampla, arborizada e o que me impressionou, além da quantidade, da qualidade e da limpeza de largos e praças, foi o piso das calçadas e das vias do Centro Histórico – ladrilhos regulares, sem grandes desníveis entre calçadas e ruas, formando um todo harmonioso e onde se percebia um acordo tácito de respeito entre todos os que frequentavam aqueles espaços – dúzias de ciclistas, pedestres, carrinhos de bebês, idosos com ou sem bengalas, turistas distraídos com suas máquinas fotográficas em punho, carros, bondes.... A velocidade? 50 quilômetros por hora, fora do Centro Histórico. No Centro Histórico, nas chamadas áreas pacificadas, a velocidade chegava a 30 km/h e as faixas de pedestres eram totalmente respeitadas. E o que mais nos surpreendeu: ninguém reclamava, ninguém parecia ter pressa, todos transitavam sem estresse, sem buzinas, sem agressividade! Um banho de civilidade! Aliás, também já me referi a isso ao falar de Portugal, o respeito aos pedestres e aos turistas é admirável.
Piso regular, limpeza e preocupação com o verde. Foto: Anita Di Marco
Nosso roteiro sempre procurou aproveitar o máximo do incomparável legado cultural e arquitetônico dos lugares que visitamos. Na nossa primeira tarde em Sevilha, o lugar mais próximo da nossa lista era a Plaza de la Encarnación, revitalizada em 2011. A fantástica obra do arquiteto alemão Jurgen Mayer (1965), o Parasol-Metropol, mais conhecida como as Setas de Sevilha, é uma estrutura de ferro e madeira que se percorre do subsolo (museu arqueológico, lojinha e entrada para o elevador), até o quarto andar, de onde saem as rampas para o último andar, o mirante, a 30 metros do chão. Como Sevilha é plana, lá do alto, tem-se uma vista de 360 graus da cidade....
Setas de Sevilha, praça elevada e intenso uso. Foto: Anita Di Marco
Ao longe, destacavam-se a torre vermelha do Centro Cultural de Sevilha, o mais novo arranha-céu da cidade e cuja construção foi polêmica, a cúpula da grande catedral ao lado da Giralda, a torre-minarete que domina a paisagem local, e a Ponte Alamillo, outra obra de Santiago Calatrava, também para a Exposição Universal de 1992...   

Setas de Sevilha, mirante. Vistas. Foto: Anita Di Marco
À note, tapas e sangria, claro! Na Espanha, as tapas são essenciais na culinária, sobretudo na Andaluzia, mas mais do que isso: são formas de se relacionar. Lá tapear é um ritual social a ser cumprido. E as chamadas terrazas, as mesinhas nas calçadas, inundam a cidade.  Além das tapas, o flamenco é outra marca registrada e tradição em Sevilha, mas também ficamos sem assistir a uma apresentação. Vai para lista, junto com o bairro Triana. A lista da próxima viagem já está ficando bem grande...    
Marco indicativo do Caminho de Santiago. Foto: Anita Di Marco
Entrada para o Real Alcazar de Sevilha. Foto: Anita Di Marco.
Segundo dia em Sevilha – através da minha filhota, descobrimos a existência das fantásticas e democráticas “free walking tours”: passeios a pé pelo Centro Histórico com guias educados, animados e muito bem preparados, com informações corretas e extensas... Os passeios são oferecidos em vários idiomas. Ficamos com o guia em espanhol. Aliás, fica a dica. Os grupos com guias que falam espanhol são bem menores; nosso grupo, por exemplo, tinha sete pessoas, fora Rocio, nossa simpática guia, enquanto o grupo com guia que falava em inglês tinha 22 pessoas. Várias agências oferecem os passeios. Nós escolhemos o grupo da Pancho Tours, identificado com a cor laranja, nas camisetas e no infalível guarda-chuva. Ah, sim! A inscrição deve ser feita pela internet e com antecedência.
 La Giralda, ponto de encontro. Foto: Anita Di Marco
Demos um passeio excelente pela capital da Andaluzia, de quase três horas, vimos e ouvimos falar da história da cidade, de seus povos, dos principais monumentos, arte e estilos. O passeio começava atrás da Catedral, percorria o Centro Histórico, passando pelo Arquivo das Índias, com um riquíssimo acervo de documentos; pela torre do Ouro, construção de 1220, cujo tom dourado, provavelmente, derivava da areia da região...
Arquivo Geral das Índias. Foto: Anita Di Marco

Torre do Ouro. Foto: Anita Di Marco 
Prosseguia pela antiga fábrica de tabaco (que inspirou a ópera Carmem), onde hoje funciona a sede e alguns cursos da Universidade de Sevilha; por belos jardins e parques, como o lindíssimo Parque Maria Luíza e....  
Universidade de Sevilha. Foto: Anita Di Marco
Universidade de Sevilha.Foto: Anita Di Marco
Culminou com a magnífica Praça de Espanha, idealizada pelo arquiteto Aníbal Gonzalez, com direito à estátua na rua lateral que dá acesso à praça. A sede da Expo Ibero-americana de 1929 marcou o final apoteótico de nosso passeio! 
Praça de Espanha. Foto: Anita Di Marco
 Depois de um almoço leve, já no meio da tarde, rumamos para a Igreja Santa Maria de la Sede de Sevilha, cuja construção como mesquita e seu minarete ocorreu entre 1184-1198. Toda construída em tijolos, após a reconquista espanhola, a mesquita foi consagrada como catedral (1248) e, com o correr dos séculos, foram feitos trabalhos e ornamentações em variados estilos: no século 15, a partir de 1434, a parte gótica; no século 16, trabalhos renascentistas, como os corpos superiores da torre que constituem o atual campanário; nos séculos 17 e 18, as obras barrocas; no século 18 e no início do 19, as últimas obras significativas da catedral, como o término dos três maiores pórticos. Declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO, em 1987, a catedral abriga os restos mortais de Cristóvão Colombo e de vários reis espanhóis. 
 Catedral e a torre La Giralda. Foto: Anita Di Marco.
Catedral de Sevilha. Detalhe. Foto: Anita Di Marco
Naquele horário, 50 minutos antes do encerramento das visitas, já quase não havia filas. Entramos e percorremos o edifício, boquiabertos com o espaço, a decoração do altar principal, as capelas, as obras de arte, as esculturas, os detalhes, a imponência... e também, convenhamos, em função do curto tempo que nos restava para a visita. Foi rápido, mas proveitoso. No final, os 34 andares da torre-minarete, La Giralda, que chega a 96 metros de altura. De novo, as deslumbrantes vistas de 360 graus a partir do topo e o Pátio das Laranjeiras, lá embaixo, junto à saída.... Mas o mais interessante da subida na torre é que não há escadas e, sim, rampas! Meus joelhos agradeceram muitíssimo! Portanto, não desanimem. Vale a pena subir até lá...
Sinos da Torre-minarete. Foto: Anita Di Marco.
Pátio das Laranjeiras, visto do alto da torre. Foto: Anita Di Marco

Ponte Alamillo, vista da Torre La Giralda.Foto: Anita Di Marco

Dia seguinte, só tínhamos tempo para visitar o Real Alcazar de Sevilha, inacreditável complexo de fortaleza e edifícios de diferentes épocas, jardins e pátios, já que nosso voo de volta estava marcado para aquela noite. Chegamos meia hora antes da abertura dos portões e a fila já era grande, mas ficamos firmes e, depois de uma hora, entramos. 
Muralha em torno do Real Alcazar. Foto: Anita Di Marco

Parte do complexo original dos mouros. Foto: Anita Di Marco
A fortificação de mais de mil anos teve origem em um assentamento romano, a antiga Hispalis romana, depois começou a ser construído na Idade Média, acolheu o califado de Córdoba e, a partir daí, com o desenrolar da história de conquistas e reconquistas, foi remodelado, alterado e expandido incorporando, portanto, arte islâmica, mudéjar (mão de obra muçulmana sob direção cristã), elementos românicos, góticos, renascentistas, maneiristas e barrocos. 
Um dos Pátios do Alcazar, em Sevilha. Foto: Anita Di Marco
Espaços inacreditáveis: pisos, pedras, mármores, cores, azulejos, arcos, fontes baixas, laranjeiras, uma infinidade de plantas, os mais antigos jardins da cidade e em diferentes estilos.... Até hoje os reis espanhóis se hospedam lá, quando em Sevilha. Valeu a espera para ver de perto esse Patrimônio Mundial, desde 1987!
Areia amarelada só encontrada na região: nos jardins, 
na Torre do Ouro e na Plaza de Toros. Foto: Anita Di Marco
  Finalmente, após a visita, comemos nossa última refeição, no El Badulaque, um restaurante muito simpático perto do hotel. Merluza com legumes, salada e sangria para nos despedirmos da Espanha. Sevilha me encantou! Tim-Tim! Depois, era esperar o horário de ir para o aeroporto, agradecer e fazer a longa viagem de volta pela diferença de cinco horas com o Brasil. Primeiro, de Sevilha a Madri. Depois, do imenso aeroporto de Barajas, em Madri, outro edifício admirável projetado pelo arquiteto Richard Rogers, para São Paulo. No dia seguinte, chegamos bem, graças aos lugares premium que a gentil Priscila da Atlantis turismo nos conseguiu, com o corpo um pouco cansado da maratona, o coração muito feliz e a mente cheia de informações a serem processadas. Agora, é tempo de descansar, trabalhar muito e preparar a próxima!   
Nossa última sangria! Gracias e hasta la vista! 

Relato de Ecos Urbanos|Na Península Ibérica  dividido em quatro partes:
P1: https://anitadimarco.blogspot.com/2018/11/ecos-urbanos-na-peninsula-iberica-14.html
P2: https://anitadimarco.blogspot.com/2018/11/ecos-urbanos-na-peninsula-iberica-24.html
P3: https://anitadimarco.blogspot.com/2018/11/ecos-urbanos-na-peninsula-iberica-34.html
P4: https://anitadimarco.blogspot.com/2018/11/ecos-urbanos-na-peninsula-iberica-44.html

Nota:
O relato acima também foi publicado no Portal Vitruvius, que postou um número bem maior de fotos.
DI MARCO, Anita. Na península ibérica. Porto e arredores (Parte 1). Arquiteturismo, São Paulo, ano 12, n. 140.07, Vitruvius, nov. 2018.
DI MARCO, Anita. Na península ibérica. Aveiro, Coimbra e a rota dos mosteiros (Parte 2). Arquiteturismo, São Paulo, ano 12, n. 141.03, Vitruvius, dez. 2019.
DI MARCO, Anita. Na península ibérica. Lisboa e Sintra (Parte 3). Arquiteturismo, São Paulo, ano 12, n. 142.01, Vitruvius, jan. 2019.
DI MARCO, Anita. Na península ibérica. Sevilha ( (Parte 4). Arquiteturismo, São Paulo, ano 13, n. 144.01, Vitruvius, mar. 2019. 


Referências
http://www.monumentos.gov.pt  
https://www.cultuga.com.br

Ecos Urbanos | Na Península Ibérica (3/4)

Lisboa & Sintra
Continuação da Parte 2 

O famoso eléctrico de Lisboa, imperdível. Foto: Anita Di Marco
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Cidade agradável e bonita. Foto: Anita Di Marco

Nosso hotel em Lisboa era bem perto da Estação Saldanha do metrô e este foi o meio de locomoção que mais utilizamos, além dos nossos pés, evidentemente. Ficamos experts no metro lisboeta.... Aliás, as estações de metrô da cidade são bem interessantes – frases de escritores conhecidos e anônimos, poemas, versos, obras de arte, desenhos, painéis, esculturas. Uma paisagem interessantíssima para quem sabe olhar.
R. Augusta, no Chiado e o Arco. Foto: Anita Di Marco

Igreja do Carmo, área revitalizada. Foto:Anita Di Marco
Mas, em geral, a primeira coisa que me perguntam quando falo da viagem é sobre a culinária portuguesa. De modo geral, e não só na capital, comemos muito bem (bacalhau, nas mais diversas versões, foi sempre minha pedida), bebemos vinhos saborosos e várias receitas de sangria que me levaram a uma viagem no tempo. Vou contá-la. Durante os natais da minha infância, meu avô italiano tomava vinho ou sangria e, como nós – seis ou sete netos – também queríamos provar a bebida, ele concordava e dizia que iria fazer uma bebida muito mais linda para nós e toda “cor-de-rosa”. Enchia nossos copos (altos) com soda limonada e colocava frutas picadas e um centímetro de vinho tinto. Era a glória para a criançada! Fazíamos parte do seleto grupo que tomava a linda bebida.... Aquelas foram as primeiras sangrias cor-de-rosa que tomei na vida...e as últimas! Portugal e em Sevilha, no entanto, me proporcionaram uma sangria bem mais saborosa e bem menos cor-de-rosa.... 
Divino bacalhau em qualquer versão! Foto: Anita Di Marco

 Ainda falando de gastronomia, impossível ir a Portugal e não querer provar aqueles doces, de comer com os olhos, feitos com massa folheada e recheios de coco, creme à base de ovos, amêndoas, sementes de chila (variedade de abóbora) entre outros recheios. Experimentamos vários deles: pasteis de Belém, de nata, de Santa Clara, ovos moles, barriga de freira, èclairs, queijadas, travesseiros de Sintra (os meus preferidos), sorvetes e aprovamos tudo. Mas, principalmente, gostamos da gentileza, da alegria e da disponibilidade dos portugueses. Nós nos sentimos bem, aceitos, seguros e respeitados pelas cidades e pelos cidadãos em geral: nas ruas, nos mercados, nos monumentos, nos restaurantes, no metrô.    
Pasteis de nata, ou de Belém! Foto: Anita Di Marco.
 Durante nossos passeios, constatamos que é um pouco difícil estacionar nas cidades maiores em Portugal – poucas vagas, trânsito confuso em alguns horários, ruas estreitas. Mas, convenhamos, se alguns motoristas não são especialistas em balizas, por outro lado, eles pareceram tranquilos e sabem conviver e compartilhar os espaços públicos – carros, bicicletas, pedestres, tudo a uma velocidade adequada e segura, sem estresse, sem buzinas, todos respeitando o espaço comum de todos...  Nada como a civilidade ao vivo e em cores!
Azulejos 'everywhere'. Foto: Anita Di Marco
Azulejos dentro e fora dos edifícios. Foto: Anita Di Marco
 Uma observação à parte. Impossível ir a Portugal e não se maravilhar com os diversos pavimentos usados nas ruas, calçadas e praças, e, principalmente, com os azulejos. Em sua riqueza, profusão de temáticas e cores, são usados como revestimentos internos, externos, pisos, paredes, frisos e decoração, em geral. Introduzidos pelos árabes, no início do século 15, com o nome de al-zulaicha, esses revestimentos, inapelavelmente, conquistaram o universo português da construção.      
Pisos, escadas e corrimãos. Foto:Anita Di Marco
 No nosso primeiro dia em Lisboa, encontramos uma amiga querida de Três Pontas, Juliana Veloso, agora, cidadã portuguesa, que nos levou à região da Baixa-Chiado. O Chiado tem todo um valor especial por ter renascido, depois do grande incêndio do final da década de 1980 que destruiu uma área da cidade equivalente a dezoito campos de futebol. O arquiteto Álvaro Siza é o responsável pelo longo trabalho urbanístico e arquitetônico de recuperação, projeto detalhado no livro Chiado em Detalhe (Babel, 2014). Aos poucos, o bairro renascia e se transformava em um dos mais badalados de Lisboa. Bairro da intelectualidade, das livrarias, dos cafés, dos artistas e do comércio tradicional. E de memórias. Muitas.  
Igreja do Carmo. Detalhe. Foto: Anita Di Marco.
Santa Justa e Castelo de São Jorge, ao fundo.Foto: Anita Di Marco


Passeamos pelos Armazéns do Chiado, batemos um papo com Fernando Pessoa em frente ao café A Brasileira, fomos conhecer a Igreja do Carmo e o projeto de Siza, admiramos o elevador de Santa Justa, construído em 1902.
Elevador de Santa Justa, no Chiado. Foto: Anita Di Marco
Sem a menor pressa, fomos descendo a Rua Augusta até chegar ao Arco da Augusta, símbolo do renascimento de Lisboa após o terrível terremoto de 1755, e à imensa Praça do Comércio, chamado de o Terreiro do Paço, entrada de Lisboa para quem vinha do mar e onde ficavam o Palácio Real e a Biblioteca, destruídos pelo mesmo incêndio. 
Arco da Augusta/ Praça do Comércio. Foto: Anita Di Marco
Praça do Comércio. Foto Anita Di Marco
Arcadas da Praça do Comércio. Foto: Anita Di Marco

Continuamos a descer até as margens do Tejo. Às margens do rio, fugimos de nuvens negras que prenunciavam uma tempestade (que nunca chegou) e caminhamos bastante pela região do Cais do Sodré. Sempre importante para a cidade, a região caracterizava-se como zona de construção de navios, embarque e desembarque de marujos, lojas de produtos ligados à pesca, hotéis baratos, bares e boates. Depois de um período de decadência, foi revitalizada e hoje tem um uso intenso e vibrante, com muitos bares e restaurantes, dentre eles o famoso Mercado da Ribeira. 
O Tejo é mais belo que o rio que corre... Foto: Anita Di Marco
 Mercado da Ribeira. Foto: Anita Di Marco
 Durante o caminho, comemos castanha assada, iguaria típica do outono e terminamos o dia, saboreando um ótimo vinho em um dos exóticos bares da rua cor-de-rosa. Diz a lenda que, depois de uma bem-sucedida revitalização na antiga área portuária, uma intervenção artística transformou uma das mais movimentadas vias da época, a rua Nova do Carvalho, na Rua Cor-de-rosa com um sem número de bares e restaurantes. O trecho em rosa é fechado ao tráfego de automóveis.   
Trecho revitalizado do Cais do Sodré. Foto: Anita Di Marco.
  No segundo dia em Lisboa, fomos visitar o Centro Histórico, mas antes um passeio pela Praça Marques de Pombal, figura política que se destacou após o terremoto de 1755, reurbanizando a cidade. Afinal, a cidade, a casa de todos, é o nosso foco. Tomamos o famoso bondinho amarelo e fomos ao Castelo de São Jorge, que data do século 6 a.C. e foi reconquistado pela coroa portuguesa em 1147, que venceu os mouros numa batalha. Do Castelo, muralhas, torres, escadas e as belas vistas panorâmicas sobre Lisboa.

Castelo: de onde se avista Lisboa do alto. Foto: Anita Di Marco
Castelo de São Jorge. Foto: Renato Sérgio Alves
 Percorremos as ruelas pitorescas e as escadas da Alfama, da Mouraria, visitamos igrejas e o final do dia nos encontrou no delicioso calçadão à beira do Tejo, em outro restaurante da zona ribeirinha. Pausa para descanso e para apreciar o ambiente, o entorno e um bom vinho! Aliás, como é agradável permanecer ou passear perto de grandes corpos d’água! Os portugueses souberam aproveitar bem seus rios que valorizam a paisagem, acolhem, distribuem beleza e ordenam espaços, quando limpos e bem aproveitados. Sábios e generosos são aqueles que olham, percebem, agradecem e salvam os rios de suas aldeias. Fernando Pessoa, na voz mansa de seu heterônimo Alberto Caieiro, sabia disso e, em 1914, já cantava as belezas do rio de sua aldeia:

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia...[1]
Poema completo: 
XX- O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia,
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que veem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
---
[1] “O Guardador de Rebanhos”, in Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João G.Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática,1946.10 ed. 1993.  

Vista de Lisboa, a partir do Castelo de São Jorge.Foto: Renato Sérgio Alves

O bairro de Belém, a sete quilômetros do Centro, nos aguardava no nosso terceiro dia na capital. Tomamos o metrô até a Estação do Cais Sodré e de lá, o trem que nos levaria até Belém. Fomos contando as estações:
1 – Santos, com suas lojas de design, bares, discotecas e palacetes; 
2 – Alcântara, com a LX Factory, espaço industrial revitalizado e o aqueduto das Águas Livres que abastecia a cidade desde meados do século 18 e
3 – Belém, chamada região dos descobrimentos. 
Projeto do brasileiro Paulo Mendes da Rocha. Foto: Anita Di Marco
Museu dos Coches. P.M. da Rocha. Foto: Anita Di Marco
Da estação, levados pela ponte de pedestres, fomos direto ao Museu dos Coches, já conhecido dos brasileiros e projeto do arquiteto Paulo Mendes da Rocha (1928). Visita feita, atravessamos a passarela de volta sobre a avenida e a linha férrea, e nos dirigimos ao recém-inaugurado e arrojado Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia – MAAT. O museu é parte do complexo do Museu da Eletricidade, a Central Tejo, toda em alvenaria e antiga central termoelétrica da cidade, e o novo edifício moderno todo revestido de azulejos brancos. Projeto da arquiteta britânica Amanda Lavete (1955), o MAAT explora as linhas curvas e o edifício surge naturalmente no horizonte, sem agredir a paisagem, nem se impor. Ao contrário, molda-se ao entorno de forma privilegiada, destacando as vistas para o rio, que lhe faz pano de fundo e moldura. Além disso, a visita ao topo do museu é imperdível. O novo postal de Lisboa estava fechado e não podíamos esperar. Fica para a próxima.
Chegando no MAAT, às margens do Tejo. Foto: Anita Di Marco
MAAT e a ponte 25 de Abril ao fundo. Foto. Anita Di Marco 
Outro detalhe que nos chama a atenção em Lisboa é a imensidão dos espaços, nessa região da cidade, especificamente. Longas caminhadas para se chegar a cada um dos edifícios simbólicos, ao longo do Tejo, grande altura das estátuas e monumentos.... Será herança das construções góticas, nas quais o olhar se dirige, naturalmente, para cima? 
Padrão dos Descobrimentos. Foto: Renato Sérgio Alves
Na sequência e continuando a caminhada pelas margens do Tejo, chegamos ao Padrão dos Descobrimentos, construção moderna (1940) que se destaca pela implantação e pela altura de quase 60 metros. A obra é de Cottineli Telmo e as figuras, de Leopoldo de Almeida. Mais algumas dezenas de metros margeando o rio, num agradável passeio (não se esqueçam do protetor solar, ao menos no rosto), e nos encontramos diante da Torre de Belém (ou Torre de São Vicente), outro Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Sem necessidade de maiores explicações e outro cartão postal do país, a torre, iniciada no século 14 para proteção da capital, também faz referência ao estilo manuelino e mostra a robustez de sua construção.
 Torre de Belém. Foto: Anita Di Marco
 Terminada a visita ao longo do Tejo, cruzamos novo pontilhão para visitar o Centro Cultural de Belém – CCB. Só quando me vi no topo do pontilhão é que percebi que não havíamos ido à Fundação Champalimaud, um centro de referência, pesquisa e diagnóstico ligado ao Instituto do Câncer, a uns 500 metros adiante da torre de Belém. A Fundação fazia parte da minha lista de edifícios modernos a visitar, mas acabou ficando para trás. O projeto é do premiado arquiteto de Goa, Charles Correa (1930-2015), e tem, como destaque, a ponte tubular de vidro que une dois blocos e um jardim. Há pouco, foi lançado um documentário sobre o edifício.
 
Vídeo publicado no youtube por Sankalp Meshram, em 25 de abr de 2015.
  De volta ao Centro Cultural de Belém. Projeto do português Manuel Salgado e do italiano Vittorio Gregotti, foi construído para receber a presidência portuguesa da União Europeia 1992. Razões para visitar o lugar não faltam: exposições constantes, eventos, mercado, café, lojinha do museu e a fantástica coleção de obras de arte moderna da Coleção Berardo.
Centro Cultural de Belém - CCB. Foto: Anita Di Marco
Do Centro Cultural de Belém, fomos ao Mosteiro dos Jerônimos e à Igreja Santa Maria de Belém. A Torre de Belém e o mosteiro, este inaugurado em 1601 para comemorar o êxito da viagem de Vasco da Gama à Índia, são as mais conhecidas obras em estilo manuelino, em Portugal – colunas em espiral, profusão de elementos decorativos, ricos e incontáveis detalhes. A igreja Santa Maria de Belém guarda os restos mortais de Vasco da Gama e de Camões, além de vários membros da família real; é imponente e um aperitivo para o que virá a seguir: o Mosteiro propriamente dito que levou quase 100 anos para ser terminado e é considerado, sem dúvida, um dos maiores e mais belos do país.
Entrada para Igreja e Mosteiro dos Jerônimos. Foto: Anita Di Marco
As inevitáveis filas. Foto: Anita Di Marco
Detalhe do claustro dos Jerônimos. Foto: Anita Di Marco
Após a habitual espera na fila, as inevitáveis conversas (algumas bem agradáveis) com os demais turistas (acabei falando em inglês, italiano, espanhol, francês, menos em alemão e português) e após a visita, passamos pela antiga Confeitaria de Belém, existente no lugar desde 1837, no edifício de uma antiga refinaria de açúcar. Os toldos azuis são uma marca registrada. Dessa vez, não paramos para comer os inconfundíveis pasteis de Belém daqui (com seu ingrediente secreto). Depois, viemos a saber pela amiga Ruth Verde Zein, expert em viagens arquitetônicas, que 
  A casa dos Pastéis de Belém só tem fila para quem vai comprar para levar e comer na rua. Quem conhece sabe que o melhor é entrar e sentar-se! É enorme lá dentro, mil salas, cheias de mesas e cadeiras, tem sempre lugar! Paga-se um pouco mais, mas o pastel pode ser acompanhado por um cálice de vinho do Porto….

Ótima dica e mais uma razão para voltar. O fato é que, desde que chegamos ao país, já havíamos comido pastéis de nata em número mais do que suficiente. A essa altura, o estômago reclamava algo salgado e fomos caminhando até um dos agradáveis restaurantes da região onde paramos e saboreamos outro almoço delicioso, regado a vinho e bacalhau.    

A fábrica dos tradicionais doces, em Lisboa. Foto: Anita Di Marco
Seguimos até a estação de metrô do Cais Sodré. Como já disse, a estação é muito frequentada e é também uma galeria de arte. O projeto é do arquiteto Nuno Teotônio Pereira e a arte do pioneiro do surrealismo em Portugal, o poeta, crítico de arte e pintor português Antonio Dacosta (1914-1990). Enormes painéis de azulejos mostram a figura do coelho de Lewis Carroll (1832-1898) em Alice no País das Maravilhas: sempre atrasado, sempre sem tempo e sempre a correr. A intenção do artista era chamar a atenção para o corre-corre do dia a dia. 
A correria diária. Estação de metrô Cais do Sodré. Foto:Anita Di Marco
Um vídeo-reportagem da Fundação Calouste Gulbenkian fala dos 100 anos de António Dacosta e apresenta os desenhos do artista que adornam as paredes da estação.
Os 100 anos de Antonio Dacosta. Vídeo publicado pela Calouste Gulbenkian.

 À tarde, pretendíamos ir à Fundação Calouste Gulbenkian, passear pelos seus jardins, visitar a sede, e conhecer o museu, outro projeto de A. Siza, mas acabamos desistindo. Lembrando-nos do coelho de Lewis Carroll, mais valia o prazer de caminhar observando os edifícios, a paisagem, as cores e o céu de Lisboa do que ficar, justamente, correndo de um lado para outro. 

Fomos, então, direto até a Estação do Oriente que desemboca no Parque das Nações, nosso destino final daquele dia. De ferro, aço e vidro, a estação é projeto do espanhol Santiago Calatrava, o mesmo arquiteto-engenheiro da Ponte da Mulher em Puerto Madero (Buenos Aires) Ponte Alamillo (Sevilha), e do Museu de Amanhã (Rio de Janeiro), entre tantas outras obras. A impactante estação intermodal foi inaugurada em 1998 para a Expo. Internacional de Lisboa. 
Estação do Oriente. Projeto de Santiago Calatrava. Foto: Anita Di Marco
Cruzamos o shopping Vasco da Gama, inundado de aço, vidro e luz natural e logo na saída, avistamos o Homem Sol, última escultura do artista lisboeta Jorge Ricardo Vieira (1922-1998), que faleceu no mesmo ano em que a obra foi construída. 
O homem sol, no Parque das Nações. Foto: Anita Di Marco

Diante de nós, o Parque das Nações, cinco quilômetros de extensão ao longo do Tejo, com áreas verdes e de lazer, construções singulares, pavilhões, museus, centros culturais, edifícios residenciais e comerciais, extensos espaços e amplas vistas. Parecia que estávamos em outro tempo em Portugal. 
Parque das Nações. Bandeiras alinhadas. foto: Anita Di Marco
Como primeira parada, o inconfundível Pavilhão de Portugal, projeto do arquiteto Álvaro Siza para a Expo. 1998. Sua laje em concreto protendido, como uma folha de papel apoiada em dois tijolos, é um dos grandes feitos da arquitetura mundial. Hoje, a obra está em processo de recuperação. Aqui cabe uma pausa. Como arquiteta, já tinha estudado e admirado a obra de Siza, inclusive o pavilhão, mas nada se compara à emoção da experiência real. Grandiosa, admirável, ousada e brilhante, como seu criador.
Pavilhão de Portugal. Projeto de Álvaro Siza. Foto: Anita Di Marco
Além do Pavilhão de Portugal, fazem parte do parque o Pavilhão do Conhecimento Ciência Viva, projeto do arquiteto João Luís Carrilho da Graça (1952); a Altice Arena, imensa área para shows e espetáculos, do arquiteto Regino Cruz (1954), associado a Skidmore, Owings & Merril (SOM), escritório que também participou do projeto da Torre Vasco da Gama; o teleférico (telecabine para os portugueses) que, do alto, criava um interessante contraponto com os caiaques no imenso recuo do rio Tejo, e o Oceanário, um dos maiores da Europa e construído em 1998, com projeto (conceitual, de arquitetura e de exibição) do arquiteto Peter Chermayeff (1932). 
Oceanário e detalhe do piso, atração à parte no país. Foto: Anita Di Marco
 De longe, via-se a Ponte Vasco da Gama, atirantada sobre o estuário do Tejo, na área que liga Lisboa a Montijo e Alcochete. Foi construída como opção à Ponte 25 de Abril, bem próxima a Belém e que lembra a Golden Gate de São Francisco, pelos pilares e pela cor vermelha. A Vasco da Gama, mais recente ponte de Lisboa, foi inaugurada pouco antes da Expo 1998 e é a mais longa da Europa ocidental com 17,2 quilômetros de extensão, sendo 13,2 sobre o estuário do Tejo. O tabuleiro central, a 155 metros de altura, tem um vão de 420 metros de extensão. A título de comparação, a nossa Ponte Rio-Niterói, inaugurada em 1974, tem 13,3 quilômetros de extensão. A Lusoponte, consórcio de empresas portuguesas, inglesa e francesa, ganhou concurso público internacional para o projeto, construção, financiamento e exploração da ponte, que se destaca como um dos maiores e melhores projetos de engenharia civil do século 20, conforme o Instituto de Engenharia.

Sintra 
Saindo da Estação do Rossio, chegamos a Sintra.Foto: Anita Di Marco

O último dia em Lisboa foi reservado para Sintra, Patrimônio Mundial pela UNESCO, desde 1995, e seus monumentos: Castelo dos Mouros e o Palácio da Pena, entre outros. Partimos da imponente estação de trens do Rossio e, depois de uma agradável viagem de 45 minutos, chegamos à cidadezinha. Sintra é uma joia, encravada nas montanhas, cheia de verde, arte, igrejas, lojinhas e cafés. 
Sintra, vista do Palácio Nacional. Foto: Anita Di Marco


Torre da Igreja de São Martinho, Sintra. Foto: Anita Di Marco

Após uma breve caminhada pela cidade, subindo e descendo ladeiras e escadas, paramos para reabastecimento antes da ida aos monumentos e fomos à tradicional Pastelaria Periquita, em funcionamento desde 1850, e, é claro, experimentamos os doces típicos locais: queijadas e o travesseiro de Sintra! 
A centenária Pastelaria Piriquita. Foto: Anita Di Marco


Ruelas íngremes e seus corrimãos. Foto: Anita Di Marco

Indo para o Castelo dos Mouros. Foto: Anita Di Marco
A seguir, tomamos o ônibus local (434) que nos levaria ao Castelo da Pena e ao castelo dos Mouros.  Primeiro, o castelo, ou melhor, as ruínas do castelo dos Mouros, fortificação militar provavelmente edificada entre os séculos 8 e 9, e ampliada depois da reconquista. Do alto, as muralhas da fortificação muçulmana, suas torres, inúmeras escadas e vistas de tirar o fôlego. Um dos meus favoritos! O dia estava lindo, céu azul, temperatura agradável e nada de nevoeiro na serra. Surpresas boas do tempo!
Chegando ao Castelo dos Mouros. Foto: Anita Di Marco


Vistas de tirar o fôlego. Foto: Anita Di Marco.
Sintra ao longe, vista do Castelo dos Mouros. Foto: Anita Di Marco

Próxima parada, o parque e o Palácio da Pena, no topo da Serra de Sintra. O palácio, construído no século 19 a partir de um mosteiro existente do século 16, mistura elementos, estilos, cores e detalhes decorativos. O mais interessante são as vistas que dali se descortinam.... A essa altura, já não tínhamos fôlego para a Quinta da Regaleira. Tomamos o trem das 16 horas para Lisboa. De volta à capital, fomos ao nosso supermercado preferido e conhecido já desde Porto, o Pingo Doce, e compramos algo para comer e beber no hotel. Nosso cansaço foi regado a vinho, pão português, presunto de Parma e uvas. Para que mais?
Panorama a partir do alto do Palácio da Pena. Foto: Anita Di Marco
Palácio da Pena. Foto: Anita Di Marco
No dia seguinte, nos despedimos de Lisboa com destino a Sevilha, a única cidade espanhola que fazia parte do nosso itinerário. Aliás, é fundamental, em algum momento, interromper o roteiro. Caso contrário, nunca mais voltamos e ficamos eternamente viajando e conhecendo esse nosso lindo mundo.... É importante, sim, valorizar o ir, mas também o voltar. Só assim pode-se avaliar de fato o privilégio de uma viagem dessas.

Continua na Parte 4, a última dessa jornada.


Relato dividido em quatro partes:
P1: https://anitadimarco.blogspot.com/2018/11/ecos-urbanos-na-peninsula-iberica-14.html
P2: https://anitadimarco.blogspot.com/2018/11/ecos-urbanos-na-peninsula-iberica-24.html
P3: https://anitadimarco.blogspot.com/2018/11/ecos-urbanos-na-peninsula-iberica-34.html
P4: https://anitadimarco.blogspot.com/2018/11/ecos-urbanos-na-peninsula-iberica-44.html

Nota:
O relato acima também foi publicado no Portal Vitruvius, que postou um número bem maior de fotos.
DI MARCO, Anita. Na península ibérica. Porto e arredores (Parte 1). Arquiteturismo, São Paulo, ano 12, n. 140.07, Vitruvius, nov. 2018.
DI MARCO, Anita. Na península ibérica. Aveiro, Coimbra e a rota dos mosteiros (Parte 2). Arquiteturismo, São Paulo, ano 12, n. 141.03, Vitruvius, dez. 2019.
DI MARCO, Anita. Na península ibérica. Lisboa e Sintra (Parte 3). Arquiteturismo, São Paulo, ano 12, n. 142.01, Vitruvius, jan. 2019.
DI MARCO, Anita. Na península ibérica. Sevilha ( (Parte 4). Arquiteturismo, São Paulo, ano 13, n. 144.01, Vitruvius, mar. 2019. 
 
 Quadro de Distâncias (km)


Porto – Braga
Braga – Guimarães
55
25
Guimarães – Porto
55
Porto – Aveiro
70
Aveiro – Coimbra
62
Coimbra – Tomar
85
Tomar – Batalha
45
Batalha – Alcobaça
23
Alcobaça – Óbidos
40
Óbidos – Lisboa
89















        
Referências
http://www.monumentos.gov.pt  
https://www.cultuga.com.br