quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Ecos Urbanos | Para quem ama a cidade e a arquitetura (P/ Ruth)


  Campo Belo, SP. Foto: Ruth Verde Zein
Todos nós, moradores de cidades, a princípio, gostamos de conviver com diversos tipos de pessoas, em maior ou menor grau, certo? Se não gostássemos, moraríamos no meio do mato, em bolhas como condomínios excludentes ou enclaves afastados... Imagino que nós, moradores de cidades, gostemos de arquitetura, dos espaços públicos, dos espaços conformados pelas edificações, ruas, calçadas e pela arquitetura, gostamos dos pisos, dos largos, praças e áreas verdes, de áreas planejadas e de paisagens urbanas agradáveis, convidativas... 
 
Aveiro, Portugal. Foto: Anita Di Marco
Ora, as cidades sempre representaram o local do encontro, da discussão, da liberdade e do congraçamento. Seja para debater ideias, celebrar, reivindicar ou protestar, os espaços públicos acolhem indivíduos das mais variadas formações, ideias e estilos de vida. Portanto, é essencial defender espaços públicos coletivos. Sempre. É fundamental desenvolver resistência, resiliência e esforço para não deixar a cidade sucumbir e ser privatizada (leia aqui), para torná-la mais viva, atrativa, segura, com espaços públicos de qualidade e melhor condição de vida para todos.

Calçadas de Aveiro. Anita Di Marco
Uma cidade viva, ocupada e utilizada por pessoas é a melhor garantia de segurança para todos. Hoje, há muros, cercas, grades e guaritas em demasia. É preciso garantir mais segurança, mas também boa arquitetura, mais espaços acolhedores e democráticos e, assim, garantir a vida plena na cidade, permitindo mais encontros, mais reuniões, mais pedestres, mais bicicletas, mais transporte público e mais espaços públicos agradáveis de permanência. A cidade é de todos, para todos e está aí ao nosso dispor. É preciso sair às ruas, ir aos parques, às praças, caminhar, pedalar, passear, frequentar e ocupar seus espaços, em vez de deixá-la abandonada para gangues e facções. E isso vale para qualquer cidade do mundo. 
 
Wissenbach e parte da equipe da revista Projeto. 2017.
A foto do início dessa postagem, mostrando uma vista do bairro do Campo Belo, em São Paulo, é da querida amiga arquiteta, professora, pesquisadora e 
crítica de arquitetura Ruth Verde Zein (1955–2025). Na foto ao lado, colegas da Revista Projeto, na homenagem proposta por ela (de blusa listrada) a Vicente Wissenbach, fundador e editor por longos anos da revista. Ruth era uma profissional séria, dedicada, aberta, perspicaz, ágil, comprometida, generosa e alguém que tinha olhos de ver... Ela via projetos, espaços e cidades. Era alguém que amava as cidades, a boa arquitetura, o bom projeto, os bons argumentos e os amigos.... amava pesquisar, ensinar e aprender. Enfim, amava os espaços e as pessoas que ocupavam esses espaços. Obrigada, Ruth!  

Referências

https://anitadimarco.blogspot.com/2017/06/ecos-literarios-espinosa-kafka-e-murilo.html  

https://anitadimarco.blogspot.com/2017/10/ecos-humanos-homenagem-da-arquitetura.html  

19 comentários:

  1. Justificadíssima homenagem a Ruth, arquiteta, urbanista e tradutora.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada...ela sabia outras línguas, sim, mas apesar de tanta coisa que fazia, não era tradutora... Em geral, eu traduzia os textos dela...mas vc não deixou seu nome....abraços

      Excluir
  2. Precisamos mesmo de cidades acolhedoras. E isso é responsabilidade de todos: desejar esse espaço e lutar por ele.
    Beijinhos, Anita. Da Maria Inês

    ResponderExcluir
  3. Oi Anita, adorei sua declaração de amor às cidades e à Ruth. Aliás, muito simpática esta foto da homenagem ao Vicente e a Ruth está ótima!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Maria Alice, quem conviveu tanto com ela, como nós, sabia disso tudo, né? Isso não pode se perder....beijos e obrigada

      Excluir
  4. Lindo Anita!
    Agradeço vocês duas…
    Obrigada Ruth por ampliar nosso olhar, por manter a chama acesa para enxergarmos os Caminhos dos Encontros em espaços construídos ou não de uma cidade levando -nos a refletir …
    Obrigada Anita por estar aqui e mostrar os Encontros …

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Linda mensagem, mas qual o seu nome? Obrigada, pelos comentários....ela nos ensinou a refletir, sempre e cada vez mais profundamente! Um abraço

      Excluir
    2. Obrigada, Isaré! Beijos, querida....

      Excluir
  5. Atualmente são Paulo, a meu ver,virou um canteiro de obras, a serviço daqueles que odeiam as coisas belas

    ResponderExcluir
  6. Esperanza e Saudades. Ruth vive!

    ResponderExcluir
  7. Articolo bellissimo,le città nel mondo appartengono a tutti e,se sono accoglienti e ‘ meglio.Un abbraccio Tonino

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Grazie, Tonino....noi sapiamo come le città fanno differenza... Un abbraccio

      Excluir
    2. Grazie, Tonino....noi sapiamo come le città fanno differenza... Un abbraccio

      Excluir
  8. Sou saudosista? Quem não é? Hoje tem até et para lembrar do que. Gosto demais de ver fotos antigas...digo a mim mesma....eu vivi...tenho história

    ResponderExcluir
  9. Ótimo Anitinha! Que bom ver as cidades conservando histórias e atualizando o moderno. Parabéns pela turma e projetos. Bebel.

    ResponderExcluir
  10. Bela homenagem à Ruth e àqueles que projetam as belas cidades e suas identidades pelo mundo . Faz completa diferença em cada canto do planeta. Marta Ricoy

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sem dúvida, nossa ação por menor que seja tem impactos no mundo...beijos

      Excluir
  11. Acho lindos e necessários esses seus textos Anita!
    Venho com tristezas por Pinheiros numa sucessão de destruições de casas lindas e mais e mais verticalidade...
    Abraço

    ResponderExcluir