Capa do CD Graceland. Imagem: Center image from the Langmuir Collection, Peabody
Museum of Salem, foto de Mark Sexton
Há mais de 25 anos, fico encantada quando ouço Homeless, para mim, uma das melhores faixas do fantástico álbum Graceland, de Paul Simon (1941). O álbum foi lançado em 1986, em tempos de luta contra o infame regime do apartheid na África do Sul, que vigorou entre 1948 e 1994. Riquíssimo nos sons e ritmos africanos, o disco foi gravado com artistas locais e causou grande impacto cultural, apesar de protestos tanto dos defensores quando daqueles contrários ao regime. No entanto, o disco acabou dando voz e espaço à música sul-africana.
Abaixo, duas versões da
canção. A primeira vem do site oficial
de Paul Simon e a segunda, de uma apresentação ao vivo do grupo Ladysmith Black Mambazo, que enriqueceu sobremaneira o disco.
1-Homeless. Homeless
Paul Simon live Zimbabue 1987. Do site oficial de Paul Simon
2-Homeless
– ao vivo. Ladysmith Black
Mambazo
Como tudo começou?
Em 1983, Simon ouviu uma música do grupo
sul-africano Boyoyo Boys,
entusiasmou-se pelo som e decidiu ir até à África do Sul, em época de boicote
da ONU àquele país. Harry Belafonte, ativista contra o apartheid, aconselhou o cantor a entrar
em contato com o CNA-Congresso Nacional
Africano, mas sem resultado. Por conta própria, Simon decidiu viajar e, por dez dias, em 1985, trabalhou em um estúdio de gravação de Johannesburgo, quando pôde sentir a tensão existente no ar.
Mais tarde, mesmo tendo afirmado sua oposição ao apartheid, o fato de ter "furado" o boicote criou-lhe sérios
dissabores e manifestações antes dos concertos. Porém, a presença de músicos
locais como o grupo vocal Ladysmith
Black Mambazo, o baixista Bakithi Kumalo, o baterista Isaac Mtshali, o
guitarrista Ray Phiri e, sobretudo, os artistas
sul-africanos há muito exilados, Hugh Masekela e Miriam Makeba, gerou uma resposta positiva. Afinal, o disco deu voz à cultura negra
sul-africana e denunciou ao mundo o regime de segregação racial vigente.
Tornou-se campeão de vendas, álbum premiado, vencedor do Grammy (1987) e inscrito
no National Recording Registry (2007), como reconhecimento
de seu valor cultural, estético e histórico.
25 anos depois do lançamento de Graceland, Paul Simon
retorna ao país para reencontrar os personagens de então e fazer uma
apresentação histórica. O documentário Under
African Skies, de 108 minutos e lançado em 2012, sobre o disco comemorativo
dos 25 anos de Graceland conta um
pouco dessa história, além de depoimentos de personalidades como Paul McCartney,
Oprah Winfrey e David Byrne, sobre o papel do álbum que dissolveu os limites
entre arte e política.
Referências:
Sobre
o documentário:
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