sexta-feira, 24 de maio de 2019

Ecos Imateriais | Yoga como caminho de vida

Yoga é um sistema de aplicação prática e cotidiana; é ganho de consciência, sempre; é  caminho de vida!   
      
No mês de junho comemora-se o Dia Internacional do Yoga (21 de junho). A data foi assim declarada pela Unesco em 2014 (ver aqui) como um incentivo e reconhecimento a essa prática milenar que apela à não violência, à fraternidade e à convivência pacífica entre os povos.   

Embora, no Ocidente o yoga seja mais visto como atividade física, corporal e respiratória, vale relembrar os amplos benefícios dessa antiga prática de integração: como sistema completo que é, além do bem-estar físico, emocional e mental, o yoga promove o treinamento de valores éticos e virtudes para a construção de uma vida mais plena e equilibrada em um mundo melhor.
A partir desse treinamento de valores, é importante destacar que Yoga é um caminho de vida, uma forma de aquietar a mente e mergulhar na essência do próprio ser; é uma escolha cotidiana de como ser e como agir; uma prática para atingir esse objetivo maior de integração com a própria natureza interna de cada um, portanto, de desenvolver e viver o amor da nossa essência  em sua plenitude, e não apenas realizar asanas, pranayamas, bandhas e tratakas duas ou três vezes por semana. 

Prática diária é treino para a vida. Getty Images.
Não há dúvida de que as aulas práticas ajudam a manter o corpo treinado e saudável, a respiração plena, a mente quieta e o equilíbrio emocional, mas a prova de fogo se dá no dia a dia: em casa, no trabalho, no trânsito, no convívio social. Diante de qualquer situação de estresse, o praticante treinado sabe como agir: interrompe a atividade e presta atenção na respiração. Assim, acalma o ritmo cardíaco, diminui o ritmo dos pensamentos, pacifica as emoções, diminui a ansiedade, dissolve o mau-humor, aprende a ser mais tolerante com o outro, evita entrar na sintonia de atitudes ríspidas de terceiros, não agride, mantém o autocontrole e aprecia as coisas com mais tranquilidade.

A meditação é a chave para se conseguir esse autocontrole. É bom frisar ainda que a meditação não é uma parte do yoga, ela é o próprio yoga, já que o sábio Patanjali, codificador dos YogaSutras, definiu yoga como a cessação das atividades da mente. Cada postura, cada respiração, cada técnica aplicada pode ser encarada como uma micromeditação para que o indivíduo possa aprender a prestar atenção em si mesmo, a estar presente todo o tempo, com ou sem alguma atividade. 
Namastê (Deus em mim saúda Deus em você).

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Ecos Linguísticos | O Pequeno Príncipe em Tupi

 O Pequeno Príncipe é um daqueles livros que a gente lê uma vez, volta a ler, revisita de quando em quando e guarda, na ponta da língua, algumas de suas frases memoráveis. É daqueles livros que lemos em várias línguas: em português, em inglês, em italiano, em espanhol e em francês; daqueles livros que são guardados no coração e na nossa biblioteca particular; daqueles livros que fazemos questão de emprestar para filhos, sobrinhos, amigos, alunos, colegas, tradutores, professores e interessados. É, literalmente, um clássico. Antoine de Saint-Exupéry acertou na mosca.
 
Foto: Guilherme S. Ribeiro
Com certeza, um dos mais traduzidos do mundo e já publicado em mais de 200 línguas, há pouco mais de dois anos, o famoso título foi traduzido do francês para o nheengatu, língua derivada do tupi e até hoje ensinada na Amazônia, nas comunidades às margens do rio Negro. Confesso que ainda não tenho O Pequeno Príncipe em tupi, mas já está na lista. A tradução foi tema da dissertação de mestrado de Rodrigo Godinho Trevisan, aluno da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo - USP. Assim, além de dar nova vida à língua nheengatu que, segundo Trevisan “já foi mais falada que o próprio português no norte do Brasil até o final do século 19”(1), a tradução permitiu, às crianças indígenas, acesso a uma joia da literatura internacional infanto-juvenil. Durante a dissertação, Trevisan visitou e conviveu com a cultura indígena e as comunidades ribeirinhas, atento ao idioma ainda vivo em cerca de seis mil índios e caboclos no Amazonas. Em algumas comunidades, o nheengatu é ensinado como língua materna, antes do português. Nos núcleos urbanos, em algumas poucas escolas, como língua estrangeira, depois do português. 

Para não ficar preso ao original, o autor pesquisou recursos linguísticos e estilísticos de ambas as culturas e, muitas vezes, optou por adaptações, neologismos e resgate de termos já esquecidos. Algumas de suas dificuldades e escolhas foram: 
- Título - o título apareceu como primeiro desafio; o termo prince, em francês, foi adaptado para um antigo “chefinho” em nheengatu (muruxawamirĩ)
- Era uma vez - o famoso início dos contos de fada (il était une fois) virou conta-se que (paa), bem comum nas lendas dos povos originários;
- Animais - o tigre foi substituído pela onça-pintada (yawareté-pinima); a raposa, por cachorro-do-mato (yawara-kaapura);
- Alimentos - o trigo (blé) foi substituído por milho (awatí) e a couve (chou), por caruru (karurú);
- Asteroide do principezinho - o “asteroide” foi traduzido como estrela (yasitatá).  
Com relação ao famoso baobá do original, o tradutor explica que não foi possível adaptá-lo visualmente a uma árvore da Amazônia e, nesse caso, ele optou por conservar o nome baobá, já que o livro manteve a ilustração.

Que fantástica oportunidade e que belo trabalho! Que alegria deve ter sido fazer essa tradução, difundir essa língua, pouco conhecida entre tantos de nós, e levar alegria, conhecimento e novidades àquela linda cultura. Que a história continue na História, que novas edições desse belo livro possam surgir e que novos livros sejam traduzidos para o chamado tupi moderno!

Notas:
(1) Ferreira, Ivanir. jornal.usp.br/?p=79132
Referências:

terça-feira, 7 de maio de 2019

Ecos Culturais | Van Gogh na telona

Van Gogh. Autorretrato. Imagem: Divulgação
 Depois do filme Loving Vincent (2017) (Van Gogh em filme de animação), outro filme sobre o pintor holandês Vincent Van Gogh estreou no Brasil, no início de 2019. Trata-se de At Eternity’s Gate (No portão da eternidade), estrelado pelo ator Willem Dafoe, brilhante em uma caracterização perfeita do atormentado artista.
William Dafoe in At Eternity’s Gate. Imagem: divulgação
 O vídeo abaixo traz o trailer do filme: At Eternity's Gate - Official Trailer - HD (Willem Dafoe, Rupert Friend, Mads Mikkelsen) CBS Films. Publicado em 5 de set de 2018. 

 Van Gogh nunca sai de cena, é verdade. O pintor também está em voga em Londres. Até 29 de agosto, a Tate Gallery exibe uma exposição sobre o pintor e sua relação com a Inglaterra. Para quem se interessar, abaixo segue um vídeo, com narração em inglês, produzido pela Showcase.  
 
 The EY Exhibition: Van Gogh and Britain|Showcase.  
Publicado em 27 mar 2019.  
 Referências: