Ecos Culturais | Cultura Popular & Parafusos

Estranhou o título? Que bom! Ficou curioso? Ótimo! Leia  o post, mas não se contente com isso. Vá além, pesquise, investigue, descubra, viaje e enriqueça o que você sabe sobre as nossas tradições e, principalmente, valorize e respeite nossa cultura. Afinal, conhecimento não ocupa espaço. Lembre-se: não sabemos tudo, a cultura erudita não é a única, há muito mais coisas no nosso imenso e diverso país do que podemos supor e o Nordeste é um celeiro de criatividade, alegria e cultura.  

Neste vídeo você vai conhecer mais sobre os grupos folclóricos Parafusos (que celebra a liberdade) e Taierias ou Talheiras (que celebra a história de São Benedito) pelas palavras de Maria Ione, coordenadora e presidente da associação que reúne outros grupos folclóricos da cidade de Lagartos, Sergipe. Nunca ouviu falar? Ótimo, já tem algo mais a pesquisar.

Dançantes. Divulgação ... https://www.destaquenoticias.com.br/

Mas, para ajudar o leitor, lembro que Lagarto é polo regional e a terceira maior cidade de Sergipe. Situada a 75 km de Aracaju no Centro-Sul do estado, tem uma população estimada em pouco mais de 100.000 habitantes e vários grupos folclóricos. Em 2008, recebeu o Prêmio Educação Nota 10 do Instituto Ayrton Senna, pelo seu importante trabalho na educação, tanto na rede pública quanto particular.

O  Grupo Parafusos é um dos muitos grupos de Lagarto, o único do Brasil e do mundo. Hoje tem quinze brincantes mas já teve quase o dobro. Revive e retrata a fuga de escravos (homens) dos engenhos para os quilombos, erguidos nas matas para se refugiar dos feitores e capitães do mato. À noite, quando saíam em busca de comida, passavam pelas vilas e fazendas, e roubavam as anáguas femininas penduradas nos varais, colocando uma peça sobre a outra até atingir a cabeça. Para fugir e comemorar a liberdade, dançavam, pulavam e giravam sobre si mesmos, com o corpo coberto por aquelas peças  brancas. Ao vê-los rodopiando ao luar e temendo aquelas “assombrações”, os proprietários não tentavam resgatar as roupas...

Depois da abolição, os ex-escravos continuaram saindo às ruas com peças brancas, dando origem à tradição. Até hoje, desfilam e dançam em passo acelerado ao som de três instrumentos - triângulo, acordeão e zabumba, girando em torno de si, com cadência e habilidade. Segundo relatos, o nome foi criado pelo Padre Salomão Saraiva que, ao vê-los dançando, dissera que pareciam parafusos. A expressão pegou e o desfile dos Parafusos virou parte do calendário folclórico da cidade. Interessante é que o grupo não tem uma data certa para sair; sai quando é chamado e sempre para comemorar a liberdade. O grupo é reconhecido como Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial do Estado e da cidade. 

Viva a nossa cultura, viva a diversidade, viva o Nordeste, viva o Brasil profundo!

Referências 

https://www.aracaju.se.gov.br/index.php?act=leitura&codigo=73004 

https://www.museudagentesergipana.com.br/wps/wcm/connect/Museu%20da%20Gente%20Sergipana/inicio/largo-da-gente-sergipana/esculturas/parafuso/parafuso

https://www.encontroteca.com.br/grupo/parafusos

https://nasombradojuazeiro.com.br/2020/02/03/a-danca-dos-parafusos/

https://www.destaquenoticias.com.br/parafusos-uma-heranca-da-escravidao-2/  

www.lounge.obviousmag.org

http://www.destaquenoticias.com.br/grupo-os-parafusos-vira-patrimonio-cultural/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Grupo_Folcl%C3%B3rico_Parafusos

http://historiaeculturadelagarto.blogspot.com/2011/05/grupo-parafusos-de-lagarto-venha-ver-o.html