No início de maio, o poder executivo enviou à Câmara dos Deputados, em Brasília, o Projeto de Lei 1085/23 que garantia salários iguais para homens e mulheres que exercem a mesma função, ou seja, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade. O projeto foi aprovado na Câmara e seguiu para o Senado.
No entanto, o placar não foi unânime: apesar dos 325 votos favoráveis, houve 36 votos contrários. É inacreditável, não? Quando a gente pensa que o ser humano está se desenvolvendo, que já passou o tempo em que a mulher era considerada ser inferior, é de causar espanto e tristeza o número de votos contrários, inclusive de deputadas. É preciso guardar o nome e o partido das que votaram contra a proposta para não mais votar nessas deputadas que refletem e reafirmam uma sociedade retrógrada, machista e patriarcal!
A luta feminista é cada vez mais urgente e necessária, mais ainda em tempos de misoginia, machismo explícito, autoritarismo recorrente e casos crescentes de feminicídio, sem falar no racismo estrutural do nosso país. Aos homens, basta lembrar-lhes que sem uma mulher, a mãe, nenhum deles estaria aqui. Nenhum de nós, aliás. Então, é bom que parem e pensem. Ora, a mulher já provou sua capacidade em todos os campos; ela é múltipla, pode ser o que quiser e não lhe faltam vontade, inteligência, competência, bom senso, mas principalmente generosidade, intuição e humanidade. O que lhe falta, desafortunadamente, é respeito de seus pares. Que os pais não fujam ao seu dever de ensinar aos filhos, desde tenra idade, a respeitar cada ser humano, sobretudo as mulheres.
Aliás, a imagem que se tornou símbolo do feminismo, a partir dos anos 1980, traz uma personagem conhecida como Rosie, a Rebitadeira (Rosie the Riveter), imortalizada na canção de mesmo nome da banda americana Kay Kaiser. Ao que parece, ao menos cinco mulheres teriam inspirado a criação de Rosie e seus cartazes. Uma delas é Rosalind P. Walter (1924-2020) que, como outras norte-americanas, decidiram assumir seu papel como força de trabalho na época da segunda guerra, já que os homens tinham ido para a guerra. O cartaz acima saiu das mãos de J. Howard Miller, em 1943, e dizia We Can Do it (Nós podemos ou sabemos fazer). Outras duas inspirações foram Naomi Parker Fraley, garçonete da Califórnia que faleceu em 2018, e Mary Doyle Keefe, telefonista de Vermont, que faleceu em 1925. Esta última foi a modelo da versão desenhada por Norman Rockwell (ao lado) e estampada na capa da edição de 29 de maio de 1943 do The Saturday Evening Post — uma Rosie de macacão, óculos de proteção, com o nome Rosie em uma espécie de lancheira e com o pé sobre uma cópia do livro de Hitler Mein Kampf.
Termino com uma pergunta já cansada: até quando isso vai se repetir?
Referências:
https://www.todamateria.com.br/feminismo/
https://www.nytimes.com/2020/03/04/us/rosalind-p-walter-dead.html
https://whenwomeninspire.com/2017/09/13/who-rosie-the-riveter-history/