Fechei os olhos e pedi um favor ao vento. Daqui para frente, levo apenas
o que couber no bolso e no coração. (Cora Coralina)
Tanta coisa deveria ser, mas não é;
deveria ter sido, mas não foi.... Por exemplo, o drama vivido pelo mundo todo durante
e depois da pandemia de Covid-19, dos desastres ambientais, dos eventos climáticos extremos no mundo todo, das guerras... Cada um desses dramas poderia ou deveria ter sido um chacoalhão na nossa forma
de viver, da humanidade, em geral. Não foi. Numa visão panorâmica, o que vimos foi um aumento do individualismo, da ganância, do egoísmo, do desrespeito às leis, ao outro e um exagero na ânsia de consumo – bens
móveis e imóveis, terra, objetos, roupas, comida, bebida, informação, uso do celular.... Todo excesso é desperdício e mau uso:
de dinheiro, de alimentos, do espaço do outro, de recursos do planeta e do tempo de cada um, tempo necessário para analisar, refletir, aprender e conviver.
Tristes trópicos, triste mundo. Essa avidez me traz a imagem de uma das pragas bíblicas - gafanhotos vorazes atacando e destruindo tudo por onde passam, figura usada em palestra do jornalista André Trigueiro e, no texto Simplicidade e infância da escritora e educadora Eugênia Pickina, no qual me inspirei para escrever este post.
Para que a pressa, para que a ânsia de ter mais e mais? Para quê? No fundo, tudo é excessivo, frenético e aflitivo, como a repetição e a sucessão veloz de imagens em comerciais, notícias e filmes publicitários. Para mim, são cenas insuportáveis (e olhem que nem tenho labirintite). E por que me é insuportável? Porque não há tempo suficiente para olhar, ver, buscar detalhes, entender, apreender, analisar, comparar, refletir. No entanto, segundo estudos, essa é a “estratégia” usada para impregnar tais imagens/ideias na mente dos consumidores/ espectadores.
Felizmente há novos ventos no ar. Profissionais e empresas dos mais diferentes campos vêm alertando sobre a necessidade inadiável de uma mudança radical de postura, no sentido de reconhecer, reaproveitar, renovar e recuperar o momento, o construído, o já existente e, dessa forma, criar uma economia mais sustentável, consciente, colaborativa e menos dizimadora para todos e no mundo todo.
O movimento slow food, por exemplo, já não é tão novo. É bem conhecido e foi criado como oposição ao chamado fast food. Pois bem, na mesma linha surgiu, em 2015, o ‘low consumerism’, como reação contra o consumismo exagerado e propondo um estilo de vida de consumo consciente. Afinal, por que alguém precisa de 30 pares de sapatos, 20 vestidos, 15 bolsas, 10 pares de óculos ou 50 brinquedos? Um dia tudo isso vai para o lixo, que cresce a cada dia. O lowsumerism prega, então, mais consciência na hora de consumir. Propõe que, antes de comprar qualquer coisa, o indivíduo responda a três perguntas essenciais: se de fato precisa daquilo; se, em vez de comprar, não existem alternativas de menor impacto sobre os recursos naturais (como trocar, consertar ou fazer); e, por fim, se não seria capaz de viver somente com o necessário. Cada uma dessas respostas requer coragem, decisão e comprometimento com o coletivo para gerar mudanças efetivas.
Há tempos, a natureza vem dando sinais de exaustão e, como exemplo é tudo, é fundamental que, na prática e não só no discurso, ensinemos a nossos filhos, estes a seus filhos e assim por diante, a terem consciência de que vivemos num planeta COMUM com recursos finitos e pelo qual TODOS somos responsáveis.
Referências
https://www.sepac.com.br/blog/chefe-sepac/entenda-o-lowsumerism-a-onda-do-consumo-consciente/
https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/11/cinco-marias-simplicidade-e-infancia.html?m=1
https://blog.fretadao.com.br/lowsumerism-a-nova-forma-de-consumir/
J.campos Muito certo
ResponderExcluirE como fazer as pessoas entenderem uma coisa tão simples? Este excesso de consumismo,Seria facilnente evitável se só se perguntassem: eu quero ou eu preciso? Não sei se há um caminho de volta para este desperdício todo.
ResponderExcluirMais um post repleto de reflexões. O Consumo consciente, já deveria fazer parte de nosso cotidiano, mas infelizmente o ser humano parece estar regredindo.
ResponderExcluirFalta respeito pelo outro,pelo que é do outro ,pelo ambiente em que vive éeconvive. Marlene
Excelente seu texto Anitinha! Como seria bom se muitos pudessem ler para refletir sobre o respeito,o consumismo, a verdadeira necessidade e também uma reflexão sobre o mundo de hoje e o ser humano.Bebel
ResponderExcluirNão há promoção de produtos que me enlace, não há modismo que me pegue. Há um único critério que abraço: preciso disso? Faz bem para o bolso, para a natureza. Infelizmente vivemos em uma sociedade do descarte e do provisório que atenta contra tudo e contra todos. (Excelente texto, Anita! Lilian Conde)
ResponderExcluirIdem, Lilian. Confesso que não devia, mas ando meio decepcionada com o andar da carruagem....abraços
ExcluirÉ como dizia Balu, no desenho Mogli: eu uso o necessário, o extraordinário é demais. Sim precisamos dar o exemplo e lembrar mesmo que os recursos são infinitos. Excelente texto, Anita! As pessoas, no geral, não aprendem, não relacionam os fatos...
ResponderExcluirObrigada, Valquíria. Quero muito que esse movimento "pegue", muito mesmo... Vamos torcer, abraços
ExcluirAnita, chorei! Acho que prego no deserto, mas você corroborou com minha luta. Bjs Vanilda
ResponderExcluirAnita, mil! Não suporto mais tanto lixo e consumismo. O Planeta Azul cobrará de nossos netos. Bjs saudosos 😘🍀
ResponderExcluirPelamor! Precisa mais? Lucidez, realismo, verdades incontestáveis. Porém, nada adianta frente ao consumismo desbragado. Parabéns! Bj
ResponderExcluirVanilda
Excelente texto Anita!! Essa consciência é necessária e urgente à toda humanidade!!! Bjs Fátima Terra
ResponderExcluirExcelente reflexão… obrigada…isare
ResponderExcluirVou pra academia 3 vezes por semana usando o mesmo tênis. Só pra esse momento que o uso. Está ótimo pra mim. Respeito as amigas que sentem necessidade de comprar vários, mas, fico na esperança de inspirar alguma, um dia.
ResponderExcluirBjs
Marly
Oi, Marly. Perfeito .. nem me lembro qual a última vez que comprei uma roupa. A pergunta " preciso mesmo disso?" Tem que ser feita o tempo todo, né? Continuamos a nos perguntar isso e a dar exemplos .. abração
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