Poeta é aquele ser especial que
consegue transformar imagens e objetos do cotidiano em poesia; que tem a poesia
no olhar e que transforma o que vê em palavras e rimas que nos atingem, de
alguma forma.
Poeta é aquele que, dando novas
dimensões aos objetos, formas e paisagens, enriquece nosso cotidiano e amplia
nosso entendimento.
Quer coisa mais banal do que um
relógio? Tão familiar, tão comezinho... Mas um relógio vira poesia no olhar dos
que têm o dom.
Os dois poemas abaixo são de um gaúcho
que tem esse dom, Mário Quintana (1906-1994), grande poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Um dos
grandes, um dos que admiro e carrego sempre comigo.
• Relógio
O mais feroz dos animais domésticos
é o relógio de parede:
conheço um que já devorou
três gerações da minha família.
• Tic-tac
Esse tic-tac dos relógios
é a máquina de costura do Tempo
a fabricar mortalhas.
é a máquina de costura do Tempo
a fabricar mortalhas.
Referências:
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