quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Línguas & Poesia | Relógios, segundo o poeta...




Poeta é aquele ser especial que consegue transformar imagens e objetos do cotidiano em poesia; que tem a poesia no olhar e que transforma o que vê em palavras e rimas que nos atingem, de alguma forma. 
Poeta é aquele que, dando novas dimensões aos objetos, formas e paisagens, enriquece nosso cotidiano e amplia nosso entendimento. 
Quer coisa mais banal do que um relógio? Tão familiar, tão comezinho... Mas um relógio vira poesia no olhar dos que têm o dom.  
Os dois poemas abaixo são de um gaúcho que tem esse dom, Mário Quintana (1906-1994), grande poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Um dos grandes, um dos que admiro e carrego sempre comigo. 
 
Relógio   
O mais feroz dos animais domésticos
é o relógio de parede:
conheço um que já devorou
três gerações da minha família.

• Tic-tac 
Esse tic-tac dos relógios
é a máquina de costura do Tempo
a fabricar mortalhas. 


Referências:  

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