terça-feira, 6 de março de 2018

Ecos Linguísticos | Última flor do Lácio (2)



Neste post, continuo a falar um pouco sobe nossa bela língua e suas dificuldades e delícias. Como já disse, sempre gostei de ler e de escrever e, talvez por isso, sempre tenha tido interesse nas formas ditadas pela gramática, pelas diferentes regências e concordâncias e pela origem das palavras, para aplicar de modo adequado as melhores formas de traduzir ideias e pensamentos em palavras escritas. 

Logo que comecei a dar aulas de inglês, percebia a dificuldade dos alunos em compreender algumas estruturas da nossa própria língua. Falavam em inglês, mas não compreendiam a estrutura e a mecânica do português. No post anterior já falei um pouco sobre isso (ver aqui). Hoje, trago novas expressões e termos aplicados de modo incorreto. São errinhos que observei e ainda observo no dia a dia das escolas, em notícias (em jornais, noticiário e programas de rádios ou de TV), em trabalhos acadêmicos, em textos em geral. Se vocês se lembrarem de outros erros, fiquem à vontade para fazê-lo nos comentários.

A e HÁ: Um simples 'h' faz toda a diferença. Daqui A pouco, estaremos todos juntos. Faz um ano que não nos vemos ou não nos vemos um ano. Aliás, o verbo fazer é impessoal quando se refere a tempo, lembram-se? Havia também é usado, quando a situação assim o requer: Havia décadas que não ouvíamos falar dele. 

A FIM DE fazer algo (tudo separado) e não afim de: A fim de é conjunção subordinativa final. Para que você quer ler aquele artigo? A fim de entender melhor o assunto, ou para entender melhor o assunto. Entendeu? 

AFIM ou AFINS. Afim significa similar, do mesmo tipo, da mesma espécie. Gosto de ler sobre arquitetura e assuntos afins.

A PARTIR (sem crase). Não existe crase antes de verbo (nem antes de termo masculino).

CRASE. A regrinha básica é: crase é a junção da preposição a com o artigo definido a, ou seja, não existe antes de palavras masculinas. Vou ao clube  MAS vou à escola. Veja que escola é um termo feminino e, segundo a regência verbal, o verbo IR exige a preposição 'a', ou seja, quem vai vai a algum lugar.  Ou seja, preposição mais artigo definido a = crase. A exceção fica por conta dos pronomes demonstrativos “aquele” e “aquilo”. Refiro-me àquele filme que você citou ontem.

HAJA VISTA (a forma correta é com A, haja vista, ou seja, como algo que se oferece à visão, à vista) e não haja visto.

POR ISSO e não porisso. Sempre separado, por este, esse ou aquele motivo...

PORVENTURA e não por ventura: porventura é um advérbio e significa por acaso, por hipótese, mas se escreve junto, diferentemente dos sinônimos que dei. Exemplo: Se porventura vocês chegarem mais cedo, preparem o café, por favor.

PROBLEMA e não poblema ou pobrema, por favor... Questão de treino, ou de procurar uma fonoaudióloga. 

TRÁS E TRAZ.  Eis aí outro errinho danado que surge de quem menos se espera. Bom, como exemplo pode-se dizer que eu estava na fila do cinema bem ATRÁS de vocês.  TRAZ é a terceira pessoa do singular do verbo trazer, no Presente do Indicativo (ela traz): Ele é tão atencioso... sempre TRAZ flores para mim no meu aniversário.  
OBRIGADA a vocês e lembrem-se: se fosse homem, eu deveria dizer ‘Obrigado’. 

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