quarta-feira, 9 de maio de 2018

Ecos Imateriais | Grandes do Yoga - Shimada


Shotaro Shimada (1929 - 2009)
Quem subia  a Consolação esquina com a Caio Prado, em São Paulo, no início dos anos 1970, podia ver a placa branca com dizeres na cor preta do “Instituto de Yoga Shimada”.  Um dos grandes precursores (talvez o primeiro) e responsáveis pela divulgação do yoga no Brasil, o professor Shimada tinha muito a ensinar. 

Além dele, devo destacar os nomes do professor Hermógenes (ver aqui), incansável aprendiz e mestre que popularizou a ciência do yoga como ninguém, da professora Celeste Castilho (ver aqui),   do professor Caio Miranda, primeiro tradutor de dois textos clássicos do hatha yoga, o Hatha Yoga Pradipika e o Gheranda Samhita, e a professora Maria Helena de Bastos Freire, estudiosa, séria e comprometida com a pureza do yoga e com a tradição. Foi ela meu primeiro contato e norte na ciência maravilhosa do yoga, no Centro de Estudos Narayana, em São Paulo. Foi lá, na tranquila rua Ceará do bairro de Higienópolis que comecei meus primeiros estudos, práticas e onde fiz meu primeiro curso de formação em yoga.   

O professor Shotaro Shimada, quando jovem, foi um dos pioneiros da prática e ensino do judô no país, além de praticante premiado e professor. Descobriu o yoga, estudava e praticava com outros alunos como Celeste Castilho e sempre ressaltava a importância da ligação dessa prática com a saúde e a medicina, daí seu interesse no aspecto científico do yoga. Atento e metódico, participava das aulas de anatomia fisiologia e patologia da Escola Paulista de Medicina, na Vila Mariana, para entender e sedimentar seu aprendizado vinculando yoga à saúde. De suas incursões nessa área vem o vínculo com o Instituto de Ioga de Kayvalyadhama em Lonavla, na Índia, ainda na década de 1960.  

Dr. Cesar Deveza, prof. Shimada e José Antonio Filla foram três admiráveis professores de yoga e de vida, no curso de especialização em Yoga, na UniFMU-SP. Além deles, faltaram na foto, mas moram no meu coração: Manuel Collaço, Marcos Rojo, Monja Cohen, Lia Diskin, Daisy Rodrigues, João Vieira, Gerson Daddio, Danilo Santaella etc.  A eles, minha eterna gratidão! Foto: Anita Di Marco, no encerramento do curso de especialização em YOGA.

Pioneiro, divulgava o yoga na TV e despertava a curiosidade dos espectadores em relação àquela prática estranha. Sempre estudioso, programava vindas de mestres indianos, como Swami Vyjoyananda da Ordem Ramakrishna do Brasil, de quem se tornaria discípulo e amigo.  Shimada aprendia e transmitia o que aprendia. Mais do que isso, praticava o que aprendia e o que ensinava. Era coerente, humilde, um eterno e curioso estudante, como todos deveriam ser. Aprendiz, pioneiro, interessado, humilde e comprometido, cotidianamente humilde e comprometido. 

Durante o primeiro curso de pós-graduação em yoga, realizado em São Paulo pela FMU, curso coordenado pelo muito querido professor Marcos Rojo, Shimada nos dizia que a respiração era o maior dom que havíamos recebido da Vida e que, por isso, respirar bem era fundamental para manter a saúde. Aos 90 anos, como um jovem praticante, ele fazia três séries longas (quase 100 expirações cada série) de uma técnica conhecida como kapalabhati, e fazia questão de dizer que praticava todas as manhãs. Era admirável.

Lançado em 2008, pela Editora Phorte, seu livro escrito com Wagner Carelli, “Shotaro Shimada, A ioga do mestre e do aprendiz. Lições de uma vida simples para a plenitude”, relata sua experiência de vida e aponta caminhos de ação, não de reação. O livro mostra um pouco da grandeza do professor Shimada.
Foi um privilégio tê-lo conhecido, ter tido aulas com ele e ter aprendido, ao menos um pouco, com sua postura diante da Vida, sua atitude prática e diária de aprender e agir com base no poder transformador do yoga. E aprender significa assimilar, transformar-se, mudar comportamentos!  
Só encontro uma palavra para terminar este texto: gratidão! 
Namastê, professor Shimada, onde quer que esteja. Namastê!   

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