Imagem: http://pessoascomdeficiencia.com.br |
Há dias, quando trabalhava em uma de minhas traduções e
revisões, encontrei o tal “portadores de necessidades especiais”. Ooops,
pensei! O termo não é mais utilizado e, na busca por me certificar do um uso
mais preciso da questão termos, acabei achando um texto engraçadíssimo que
transcrevo abaixo. Acho que depois de
lê-lo, ninguém vai se esquecer de como se referir corretamente às pessoas com
deficiência, sempre colocando a pessoa, em primeiro lugar. Morri de rir e quis
compartilhá-lo, com autorização do autor. O texto é do Ricardo de Melo, editor do blog O ampliador de ideias (http://oampliadordeideias.com.br/author/oampliador/).
O correto
é: portador de deficiência, portador de necessidades especiais ou pessoa com
deficiência?
Aviso: Esse artigo foge um
pouco da proposta do site, que é tratar de informática acessível e tecnologias
assistivas, mas por ser um tema abrangente e causar interesse nas pessoas de
modo geral, resolvi publicá-lo aqui.
Muitas
pessoas ficam confusas na hora de usar uma terminologia para identificar um
deficiente, seja qual for a deficiência. Com o passar do tempo surgem
terminologias tidas como “corretas”, ao passo que outras são abandonadas com o
argumento de politicamente incorretas. Afinal, qual termo é correto e por quê?
Tentarei
responder, mas quero deixar bem claro que tal resposta é extremamente pessoal e
baseada na minha experiência como deficiente visual. Deixo o espaço dos
comentários para você, caro amigo internauta, registrar sua opinião.
Portador de Deficiência
O
argumento a seguir, já foi citado em muitos lugares e situações, que é: Eu não porto minha deficiência
como uma carteira ou uma chave. Eu não tenho a opção de
deixá-la em casa. Quando saio de casa, verifico se minhas chaves estão no
bolso, se estou levando meu cartão de transporte público, meu óculos escuro e
meu celular. Se eu portasse minha deficiência, eu provavelmente a esqueceria
debaixo das almofadas da sala, de propósito.
Imagine
a situação…
Você
ceguinho, sai de casa e no meio do caminho fica olhando para aquela mulher
loira, “simpática de corpo” e de vestido vermelho, só então percebe que está
enxergando e que esqueceu sua cegueira em casa.
“Putz,
esqueci minha deficiência na mesa de casa, recarregando a bateria!”
Aí
não dá! Se eu portasse minha deficiência visual, faria questão de esquecê-la no
porão ou deixá-la cair no chão e quebrar.
Pléfiti!
Ih, foi mal aí, eu não tinha visto minha deficiência na beira da mesa!”
Portador de Necessidades Especiais
Essa
pra mim é a pior de todas! Além de você ter que “portar”, o negócio ainda por
cima é especial. O
único Portador de Necessidades Especiais que conheço é o Lex Luthor,
arqui-inimigo do Super-Homem. Pense comigo: O cara para poder realizar todas as
suas malvadezas precisa andar com uma pedra de Kryptonita no bolso (altamente
cancerígena), para poder usá-la contra o Homem de Aço.
O
prefeito dessa cidade, Metrópole, é outro com necessidades especiais. Imagina
você ter que reconstruir metade da cidade, quase que diariamente, só porque o
Super resolveu “salvá-la” do ataque de seres de outros planetas.
Agora,
se você não sabe quem é Superman, sua necessidade especial do momento é deixar
de ser alienado, meu querido.
Necessidade
Especial para mim é ter que tomar um copo de ácido sulfúrico
todo dia pela manhã, por recomendação médica, é claro! Portador de Necessidade
Especial então é ter que levar um alienígena com um mini canhão de plasma
orbitrónico (seja lá o que isso quer dizer!) no bolso traseiro da calça.
Deficiente Total
Nós,
os deficientes visuais, somos classificados (vamos por assim dizer) de duas
formas: Deficiente Visual Total, conhecido como cego e Deficiente Visual
Parcial, conhecido como baixa visão. E
é na hora de tentar diferenciar o cego do baixa visão, que surgem os
Deficientes Totais. Ouço diariamente frases do tipo:
“Ah,
Fulano é Deficiente Total!”, “Eu sou Deficiente Total!” ou mais estranho ainda
“Ele é Total!”
Levando
pelo lado do bom humor, não vejo problema nessas afirmações, mas cá entre nós,
se formos levar ao pé da letra, ser Deficiente Total deve ser uma droga, não é
mesmo?
Imagina
levar nas costas o peso de todas as deficiências, não só as físicas, mas também
as mentais, atitudinais, sociais e culturais? Isso é, se suas costas estiverem
boas!
Imagina
não ser eficiente no que você for fazer? Eu ficaria extremamente desmotivado em
viver. Iria me jogar da ponte tentando me matar, e provavelmente, iria
fracassar ferozmente, pelo fato de ser um deficiente total, ou seja, tudo que
eu fosse fazer não seria bom e eficiente o bastante para ser concretizado.
Pessoa com Deficiência
De
cara, afirmo que esse termo me agrada mais. Aqui, enfim eu não porto nada, nem nada
é especial e muito menos sou um fracassado total. Simples,
objetivo e sem colocar minha deficiência na frente do meu caráter, da minha
personalidade.
Pessoa
com deficiência, ou PCD como alguns dizem, é o mesmo que dizer: rosto com
espinhas, carro com freio ABS, policial com arma e político com dinheiro na
cueca.
E
o melhor de tudo, é que pessoa com deficiência não restringe ninguém, afinal todos temos algum tipo de deficiência.
Ninguém é eficiente completamente, ninguém é perfeito, ninguém sabe tudo.
Eu
por exemplo, além de deficiente visual, sou deficiente monetário, deficiente de
status social, e nesse momento, deficiente de ideias legais para terminar esse
artigo.
Referências:
http://pessoascomdeficiencia.com.br
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ResponderExcluirAnita