
De qualquer forma, sempre achei que a leitura poderia ajudar o leigo a conhecer melhor e compreender, mais facilmente, os conceitos discutidos e defendidos pelos filósofos, já que o autor usava metáforas e analogias bem eficientes para isso. Afinal, filosofia nunca foi assunto de se discutir na mesa de bar, certo? Ou é?


Pois bem, depois de O mundo de Sofia, li o O Dia
do Curinga, livro que narrava a saga do garoto Hans-Thomas e seu
pai ao cruzarem a Europa, da Noruega à Grécia, à procura de Anita, a mãe e a esposa que
partira anos antes. O relato é perpassado por histórias filosóficas, mitos, sagas e cartas de baralho que transformam a
viagem do garoto. Mais do que qualquer coisa, trata-se de uma viagem de autoconhecimento. Fiquei encantada com a leitura e guardei o livro com carinho, para relê-lo, mas acabei emprestando-o a alguém. Nunca mais o vi. Espero
que esse alguém tenha gostado do livro tanto quanto eu.
Tempos depois, caiu-me nas mãos outro livro dele:
A garota das Laranjas, traduzido pelo colega tradutor Luis Antônio de Araújo. É um livro ágil, gostoso de se
ler, que prende o leitor e o incita a ir adiante. Georg Roed tem 14 anos e, do
nada, recebe uma carta de seu pai, falecido havia 11 anos. O fato é que a carta
estivera perdida no forro de um carrinho de bebê, guardado no sótão da casa dos
avós. Todos se entreolham quando o jovem se tranca no quarto para ler a tal
carta que falava de uma certa garota das laranjas. Ele se surpreende,
questiona a atitude do pai, chora, se emociona, fica com raiva, pondera, reflete e, por fim...
Não, não vou contar o final do livro. Vale a pena a
leitura. É um livro pequeno, mas impactante com o tom singelo,
filosófico e delicado de Gaarder que, como em todas as suas obras, reflete sobre temas fundamentais ao ser humano como a vida, a morte, a
existência e o universo.
Livro: A Garota das Laranjas
Jostein Gaarder.
Trad. Luis Antônio de Araújo
Trad. Luis Antônio de Araújo
Cia das Letras, 2005.