quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Ecos Imateriais | Arrependimentos


Durante as aulas de yoga e aqui no blog Anita Plural, o conceito de carma (Karma) é sempre lembrado não como algo que sela nosso destino, mas como resultado das ações de cada um. Até comparei carma com um bumerangue: vai, mas volta. Sempre. Importante é ter em mente que a ação nossa de cada dia é que cria nosso presente e nosso futuro, o que significa que é possível modificar nosso "carma". Depende de como agimos. A mudança não é imediata, mas acontece. Não tenha dúvida! 

Pois bem, ao pesquisar sobre o tema, acabei associando a ideia de carma com dois termos - remorso e arrependimento - que podem ter significados similares, mas não são idênticos. Do latim remorsus, p.p. de remordere, o remorso vem quando alguém se ressente, se angustia e se culpa por um ato reprovável que cometeu contra alguém. O remorso carrega a noção de culpabilidade e de censura, mas nem sempre o arrependimento pelo ato em si; muito menos um desejo de reparação, ou seja, não induz o indivíduo a uma reflexão, não produz um desejo de mudança de atitude e de vida. Não é, portanto, um sentimento positivo, já que paralisa, corrói e adoece o corpo e alma daquele que o sente.
   
Arrependimento, por sua vez (do latim repoenitere, repender e do grego metanoeo, mudança da mente] também traz um sentimento de tristeza pelas consequências de uma ação (executada ou não). Diferentemente do remorso, porém, o arrependimento sugere reflexão, traz um impulso interno de mudança e a vontade de consertar o mal provocado por aquela  ação. Assim, o termo tem uma conotação positiva, pois vem com o germe da autorreflexão e do desejo de autotransformação.

Exemplo: alguém lastima e se arrepende por alguma escolha feita, qualquer que seja o âmbito dessa escolha: pessoal, profissional, social, político. Arrepender-se não vai modificar a opção feita, tampouco seus frutos, uma vez que ao agir já se acionou um carma que está em movimento e que, de um modo ou de outro, vai afetar os que dispararam a ação. É fato. O aspecto positivo disso tudo é que, estando um pouco além do mero remorso, o arrependimento leva o indivíduo a analisar, ponderar sobre sua escolha/ação e a modificar-se para reparar o dano. Novamente, esta é uma verdade inexorável: quaisquer que sejam as nossas atitudes, elas sempre têm eco. Sempre.  
Assim, caro leitor, antes de pensar, falar ou agir, é preciso considerar os efeitos desses pensamentos, palavras ou ações sobre o todo, porque a meta do ser humano é evoluir, e evoluir significa agir de forma menos individualista, mais refletida, mais generosa e solidária. Afinal, ninguém cresce sozinho.

Referências:

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Ecos Culturais | Land Art em Paris

A cada dia, a arte se renova de forma brilhante diante de nossos olhos. O mundo está repleto de artistas criativos, visionários e determinados a provocar, através de suas obras, mudanças na sociedade e em nosso mundo, cada vez mais parcial, sectário e segregado. Nosso internacional Eduardo Kobra é um deles, sem dúvida. Mas, há muitos outros.  
"Beyond the Walls", obra de Saype, vista de cima, aos pés da Torre Eiffel. Foto: DW
Há poucos dias, assisti a um vídeo sobre um trabalho que conclama à união. A obra se estende sobre o gramado do Campo de Marte (Champ de Mars), bem aos pés da Torre Eiffel, em Paris. Com 600 metros de comprimento e 25 de largura, faz parte do projeto Beyond Walls (Além dos muros), lançado em junho último por Saype, um artista contemporâneo que, nos próximos três anos, quer espalhar este trabalho no mundo todo. A obra reproduz uma corrente de mãos dadas, lembrando que a união é indispensável à paz no mundo e que, queiramos ou não, estamos todos interligados.

Saype, autor do projeto 'Beyond the Walls'. Foto: DW
Nascido na França, em 1989, o aquariano Saype, ou Guillaume Legros, atualmente mora e trabalha na Suíça. Autodidata, começou aos 14 anos com grafite e aos 16 já expunha seu trabalho em galerias. Através de sua obra, expressa seu anseio por um mundo mais humano e solidário, menos subdividido e com menos muros. Saype nos convida a refletir sobre a natureza profunda do ser humano, sobre o lugar que cada um ocupa no mundo e destaca que juntos sempre podemos ir mais longe. 

Pioneiro na arte de pintar na grama, movimento artístico entre a Land Art (Arte na Natureza) e o grafite, desde 2013 Saype trabalha com imensas obras efêmeras, utilizando tintas totalmente biodegradáveis que ele mesmo prepara com carvão, cal e uma goma formada pela proteína do leite.

Símbolo de união e convivência fraterna e solidária, o trabalho acima foi realizado em oito dias para celebrar o Dia Mundial do Refugiado (20 de junho) e contou com o apoio da SOS Mediterranée, entidade humanitária que atua com esse público. Chamada de arte efêmera, já que o desenho desaparece dentro de duas ou três semanas, sua obra marca posição, questiona e faz pensar. É um convite à benevolência e, como diz a página do artista, “um chamado para criar uma imensa corrente humana de solidariedade”. 
Aqui você assiste ao vídeo da DW, com texto em português e abaixo, o vídeo da DW Euromaxx, publicado em 2 de jul de 2019

Referências:
Instagram do artista:  Saype_artiste 
https://www.saype-artiste.com/
https://www.dw.com/pt-br/grafite-gigante-aos-p%C3%A9s-da-torre-eiffel/av-49458864

sábado, 10 de agosto de 2019

Ecos Imateriais | Yoga na Praça


Atividades físicas ao ar livre, como aulas de yoga, de ginástica ou tai-chi chuan, são comuns em várias cidades do país, sobretudo em São Paulo, minha cidade natal. Mensais ou semanais, as aulas acontecem em diversos parques e praças como o Parque do Povo, Ibirapuera, do Carmo, Vila Lobos entre outros. São momentos agradáveis e gratificantes. Eu mesma já dei aula no Parque do Ibirapuera, há um bom tempo.

Agora, Varginha pode desfrutar desta atividade que tantos benefícios traz à nossa saúde. Implantado pela fundadora da Casa do Sol, a terapeuta corporal e professora de yoga Raphaela Ramos Fernandes, Yoga na Praça é um projeto que vem dando muito certo. Formada em yoga, essa ariana, natural de Lambari, já promovia a aula aberta em outras cidades onde morou. Chegando a Varginha, decidiu pôr em prática a mesma proposta: apresentar o yoga aos interessados, com uma aula aberta em praça pública. As aulas são mensais e ocorrem sempre em um sábado pela manhã.  

Em geral, a prefeitura faz a capina da praça e os praticantes levam seu tapetinho, colchonete ou uma toalha para a prática, além de um quilo de alimento para doação a alguma entidade social. O projeto propõe que, a cada mês, a aula seja conduzida por um novo instrutor. Assim, os alunos poderão ter sempre uma prática mensal, sem sobrecarregar ninguém. 
 
Em Varginha, a atividade acontece no gramado entre a Praça da Mina e a Praça da Criança, bairro Campos Elísios. Apoia e participa do evento o Espaço DHARMA de Yoga, que desde 1990 desenvolve estudos, palestras, cursos, práticas e inúmeras oficinas (autoconhecimento, respiração, ética, relaxamento, consciência corporal, posturas internas e externas, meditação, silêncio e shantala, entre outras) para diversos tipos de público. No 10 de agosto, o belo projeto foi conduzido pela professora de yoga e tradutora Anita Di Marco. Foi mais uma linda manhã de sol! Namastê!   

Referências:
Imagens: Anita Di Marco
https://www.casadosolyoga.com/