quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Ecos Urbanos | Arquitetura Temporária

Chico e Suassuna. E. Kobra. São Paulo. Foto: Divulgação
Há alguns dias, falei de arte urbana, em caráter temporário (ver aqui). Obras de arquitetura também podem ser temporárias.  Que o digam as exposições universais ou feiras mundiais já realizadas mundo afora! No entanto, como arquitetura temporária, não me refiro aqui às, hoje em dia tão necessárias, instalações para refugiados e imigrantes. Isso é assunto para outras postagens.
Em princípio, feiras e exposições universais trazem inovações, avanços técnicos e científicos, apresentando o melhor de cada país. Seus pavilhões, em geral, são construídos para serem desmontados logo após o evento. Porém, nem sempre isso ocorre. Por exemplo, o emblemático Palácio de Cristal de John Paxton, marco da primeira exposição universal de Londres, em 1851, foi relocado logo após a feira, mas acabou se perdendo após um incêndio em 1936.  
Palácio de Cristal, 1884. Petrópolis. Foto: Divulgação
Aliás, inspirando-se em seu parente londrino, a cidade de Petrópolis também construiu seu Palácio de Cristal. Inaugurado em 1884 para sediar feiras agrícolas, o pavilhão foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1967 e hoje abriga exposições e eventos.

Outras construções, no entanto, resistiram ao inevitável destino após as exposições e permaneceram intactas, como a Torre Eiffel, construída para a Feira Mundial de Paris, em 1889, e o Pavilhão Alemão, de Mies van der Rohe, erguido na Exposição Internacional de Barcelona de 1929. Este último, também desmontado após a feira, foi reconstruído em 1983. Note-se que, nos dois casos, o objeto exibido foi a própria arquitetura que, de temporária, passou a permanente.  

Francis Kéré. Imagem: Serpentine Pavilion. Divulgação
Novos exemplos surgem o tempo todo. A cada ano, em pleno verão, o Serpentine Pavilion, nos jardins de Kensington em Londres,  convida artistas e arquitetos a criarem obras temporárias, as quais ficam expostas de junho a outubro. Com a proposta de interação lúdica, os visitantes circulam, tocam, entram, saem, descansam ou navegam em torno das obras. Já passaram por lá, e deixaram suas marcas, arquitetos como o brasileiro Oscar Niemeyer, o holandês Rem Koolhas, o francês Jean Nouvel, os suíços Herzog & De Meuron, o dinamarquês Bjarke Ingels e o africano Diebedo Francis Kéré, de Burkina Faso, entre outros.
The London Mastaba, 2018. Christo e Jeanne-Claude. Imagem: Divulgação

Além do pavilhão, o lago Serpentine também recebe instalações artísticas, como a obra (foto acima) do búlgaro Christo e sua esposa Jeanne-Claude: a London Mastaba, uma imensa escultura flutuante, montada em 2018, formada por sete mil barris vazios de petróleo.
O mais interessante dessas  intervenções temporárias é colocar os temas da arte, da arquitetura e do urbanismo na boca, no pensamento e no caminho dos cidadãos, dos arquitetos e de todos os profissionais que, com suas propostas, interferem na paisagem urbana e constroem as cidades. É uma forma de convidá-los ao debate, à reflexão, à elaboração de um pensamento crítico e, a partir daí, à tomada de decisões mais conscientes em prol da qualidade de vida como um todo, sobretudo das cidades, a casa de todos nós.  
 
Referências: 
https://www.dezeen.com/2018/06/18/cristo-unveils-the-london-mastaba-floating-on-serpentine-lake/  
https://www.archdaily.com.br/br/894771/um-laboratorio-de-arquitetura-a-historia-das-exposicoes-mundiais 

8 comentários:

  1. Muito bacana. É uma coisa que faz pensar...A gente vive às vezes em meio a um caos de feiura urbana quando tudo bonito faria a vida melhor. Tipo fengshui urbano!

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    1. Sim, e muitas vezes está no ar, prestes a acontecer se houver espaço... Falta vontade política, porque ideias não faltam... Obrigada por participar, mas vc não deixou seu nome... Abraços
      Anita

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  2. Excelente seu comentário sobre estas obras incríveis pelo mundo.Elas nos fazem sentir um olhar mais feliz e colorido das ruas,parques ela.Parabéns!

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    1. Bebel, querida! Você sabe coo são importantes esses aspectos, não? Vivenciou inúmeras cidades. Obrigada e beijos.
      Anita

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  3. Oi velha amiga. Muito interessante.
    Qdo. e onde vai expor suas obras? Vou esperar.

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    1. Coooomo???? Eu não pinto, só escrevo!!!! Vamos ver quando sai algo concreto... bjs
      Anita

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  4. Lindo texto, Anita! Você sempre trazendo informações inusitadas!
    Parabéns!

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    1. E você sempre presente e atenta, Valquíria! Origadíssima... Super elogio vindo de você. abraços
      Anita

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