quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Ecos Imateriais | Fábula do porco-espinho



Desde sempre, fábulas e histórias transmitem lições e ensinamentos úteis para o desenvolver valores como compaixão, respeito, empatia e solidariedade. Mais do nunca, em tempos sombrios e surreais de hipocrisia, sectarismo e preconceito é preciso buscar inspiração e consolo nessas narrativas. Pode parecer um contrassenso, hoje em dia, falar da fábula do porco espinho, mencionada pela primeira vez pelo filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860), mas é justamente nesses momentos que ela parece fazer mais sentido.

Conta-se que na era glacial, muitos animais acabavam morrendo por causa do frio intenso. Para se proteger, alguns davam tratos à bola para descobrir formas de sobreviver. Os porcos-espinhos tentaram uma solução: eles se aproximaram, tentando aquecer-se e proteger-se contra o frio. Os espinhos, porém, pelos endurecidos por queratina, incomodavam e feriam os que estavam mais próximos e ofereciam calor para o grupo. A dor da proximidade foi muito forte; eles não a suportaram e acabaram se afastando. Morreram congelados. 
Dispostos a sobreviver, outro grupo dos mesmos animais concluiu que ou eles morreriam de frio ou teriam que aguentar os espinhos dos companheiros. Aproximaram-se com mais cuidado e, aos poucos, foram aprendendo a lidar e a conviver com as dores causadas pelo excesso de proximidade. Respeitavam o outro, mas guardavam certa distância, uma distância necessária e suficiente para aquecê-los e mantê-los vivos. Sobreviveram...

Moral da história: Não existe perfeição em nosso mundo. Seja nos ambientes familiares, profissionais ou sociais, não há relacionamento perfeito, porque não existem pessoas perfeitas. Desde que isso não fira a dignidade dos envolvidos, a melhor forma de se relacionar com o outro pressupõe aprender a respeitar, aceitar e a conviver com os defeitos do outro, sempre em prol de um bem maior: o bem-estar geral da comunidade. Porque, como diz uma conhecida frase, juntos, somos sempre mais fortes.   

10 comentários:

  1. Coitadinhos. Apesar do final feliz,sempre me dói o sofrimento dos animais. Mas gostei da lição, amiga. Beijos
    Ione

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    1. Ione, a gente tem que se juntar, é verdade, mas respeitando os limites, as individualidades e as diferenças, sempre. Abraços

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  2. Verdade. Não estamos sozinhos no mundo. Para viver em paz com os outros, devemos ser tolerantes, aceitar, respeitar e amar o próximo.

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    1. Então, Sueli, conviver nem sempre é fácil. Muitas vezes, a manutenção da dignidade fala mais alto que o "frio". Nesses caso, o indivíduo corre o risco de se isolar demais e acabar sozinho. Mas, como diz o velho ditado, uma andorinha só não faz verão. É o grupo que consegue ter força. Abraços.

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  3. Sempre me impressionei com essa fábula.
    Boa abordagem, Anita, sempre atual.

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    1. Obrigada, Valquíria. Não tem sentido ler e aprender coisas e não aplic´-alas no nosso momento atual, certo? Grande abraço.
      Anita

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  4. Sempre, já que ninguém cresce sozinho. Obrigada por participar. Volte sempre.
    Abraços
    Anita

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  5. Fábula bem oportuna para o momento. Sua leitura pode ser bem útil para setores da esquerda no Brasil.

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  6. Oi, Victor! Sim, porque a direita se junta, né? Bem ou mal, em seu próprio interesse.... Mas vamos chegar lá... bjs e obrigada por participar

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