quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Ecos Literários | Humanidade em Guimarães Rosa


Com a desculpa de participar de uma oficina de tradução a ser realizada em breve com Alison Entrekin, a brava tradutora que está vertendo para o inglês a obra-prima de Guimarães Rosa (1908-1967), “Grande Sertão Veredas” (1956), andei às voltas com alguns textos, contos e sertões do autor, como se precisasse de desculpas para ler, reler, me emocionar e  admirar, pela enésima vez, o trabalho dele. É desnecessário tecer elogios à obra desse artesão das palavras e da língua, para sempre encantado na nossa Literatura.  
Queria apenas destacar o valor da criatividade no processo educacional, nas diferentes formas de ensinar e aprender literatura, por exemplo, para a formação integral dos indivíduos. Reforçar a necessidade e a seriedade de trabalhar a História e a Literatura em todas as suas nuances: fatos e personagens corriqueiras ou extraordinárias, acontecimentos cotidianos ou trágicos, situações verossímeis ou absurdas, com todas as possibilidades que a moderna educação nos permite. 
Assisti a alguns vídeos baseados no conto de Rosa: “Sorôco, sua mãe, sua filha”, do livro Primeiras Estórias. No conto, o escritor mostra um homem sofrido e cabisbaixo levando duas mulheres (sua mãe e sua filha única), à estação de trem. Para onde iriam? Pergunta o leitor. Assista e saberá.  


O primeiro vídeo é um trabalho escolar de alunos da Escola da Serra, em Belo Horizonte, feito em 2009. 
Publicado em 19 maio 2009
 O segundo, dirigido por Jom Monnazzi, é uma animação que esclarece detalhes para quem ainda não conhece o conto.
 
Vídeo 2: Animação dirigida por Jom Monnazzi 
Publicado em 20 de set de 2017.

O terceiro, mais longo, é uma adaptação para a televisão da mesma obra. 
 
 Vídeo 3: Adaptação do conto para a TV, 1975. 
Publicado por Kâmera Libre
 
Pode-se dizer que são complementares, por isso, deixo-os aqui para você, leitor e admirador da obra de Guimarães Rosa. Quanto aos dois primeiros, vale destacar que, além da boa ambientação e da boa interpretação dos alunos, imagino que o efeito pós-vídeo seja o mais importante. Digo isso, porque, a meu ver, professores, alunos, atores e todos que assistiram aos vídeos não vão se esquecer jamais:
- do conto "Soroco", tampouco de Guimarães Rosa...
- da emoção ou da representação da dor da perda...
- da simbologia do trem e dos sertões da alma e da vida...
- nem da humanidade dos que sentem e partilham nossas dores

Humanidade que se solidariza, tem empatia e ampara. 
Humanidade que acolhe, escuta e sofre junto...
Mas que não pode ficar amortecida ou se perder...jamais...
Sob risco de gerar intolerância, preconceito e ódio aos diferentes...
Sob risco de nos perdermos de nós mesmos.

Referências:
Guimarães Rosa. Sorôco, sua mãe, sua filha. Conto no livro Primeiras Histórias (1962).

2 comentários:

  1. Minha avó gostava dele. Herdei dela o Tutameia.O Brasil precisa de escritores como ele. Beijos
    Ione

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