sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Ecos Humanos | Educação, segundo Licurgo



Em algum momento da vida, todos nós já ouvimos alguma fábula, gênero literário que apresenta narrativas com profundas lições em embalagens aparentemente simples. 
As fábulas surgiram no Oriente, por volta do século 5-6 a.C., como os Panchatantra da Índia (Cinco Princípios em sânscrito), uma das mais antigas da humanidade.No entanto, xamãs e líderes espirituais de vários grupos da história sempre fizeram uso da tradição oral para passar lições e valores ao povo.  
Foram especialmente desenvolvidas, porém, na Grécia, por um servo de nome Esopo (séc. 6 a.C.), natural da Trácia, onde hoje é a Turquia. Considerado o mais antigo fabulista, Esopo foi grande contador dessas histórias curtas com fundo moral, de animais falantes com atributos humanos, agindo bem ou mal, como os indivíduos. 

Esopo
Seguindo a tradição, as histórias de Esopo inspiraram outros fabulistas e poetas, como Caio Julio Fedro (sec. 1), romano nascido na Macedônia, Grécia, vários poetas medievais e, sobretudo, o fabulista e escritor francês La Fontaine (1621-1695), que afirmava ser seu objetivo escrever fábulas para educar os homens. Dizia ainda que Esopo deveria ser considerado um dos grandes sábios da Grécia.

Nos dias que correm, é bastante atual a fábula que mostra o papel e a força, não da instrução, mas da Educação. A narrativa reúne Menelau e Licurgo. O primeiro era rei de Esparta após a Guerra de Troia. Quanto ao segundo, o que se sabe dele é que teria sido um legislador grego que implantou a educação militar para jovens em Esparta. Há quem duvide de sua existência, mas se os personagens são míticos ou não, o importante é a mensagem que a fábula traz. Diz ela:
 
Jean de La Fontaine
Certa ocasião, o rei Menelau convidou o legislador grego Licurgo para fazer uma prédica sobre Educação. O lendário personagem pediu seis meses para preparar seu material. Estranhando a proposta, mas não querendo perder a oportunidade de ouvi-lo, Menelau assentiu ao pedido. Seis meses depois, diante de uma grande assembleia, Licurgo aparece trazendo consigo duas jaulas: uma com dois cães e a outra, com duas lebres. Soltou uma das lebres e o primeiro cão. O cão estraçalhou o pobre animal diante da plateia em choque. A seguir, ele solta os outros dois animais e, para surpresa de todos, o cão e a lebre começaram a brincar e a correr, de um lado para o outro, em tranquila convivência. 
Licurgo, então, tomou a palavra e disse: 
-- Eis aí o que é educação. Os dois  cães são da mesma idade, mesma raça, sempre foram alimentados e tratados da mesma forma. O mesmo ocorreu com as lebres. A diferença entre a atitude dos animais nas duas situações é que um deles foi educado e o outro, não. 
É preciso, pois, educar a nós mesmos e aos nossos filhos; é preciso aprimorar nossas ações e ensinar nossos filhos a conviver de forma harmoniosa e respeitosa. Devemos ser melhores a cada dia. 

Referências:
- https://www.ebiografia.com/esopo/ 
- https://martaiansen.blogspot.com/search?q=licurgo
- https://www.pedagogia.com.br/historia/grego2.php 
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Panchatantra 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Ecos Culturais | São Paulo, 466 anos!



25 de janeiro: aniversário da minha querida cidade natal, São Paulo.
A história que conto é curta. O português Martim Afonso de Souza apareceu pelas terras do litoral paulista e, em 1532, fundou a primeira vila brasileira, São Vicente. Auxiliados por João Ramalho, casado com a índia Bartira e fundador da vila de Santo André da Borda do Campo, os jesuítas Manoel da Nóbrega e José de Anchieta venceram a barreira da Serra do Mar, chegaram ao Planalto em 1554 e ergueram um barracão de taipa para catequizar os índios da região. 
O dia 25 de janeiro, adotado como data de fundação da Vila de São Paulo de Piratininga, foi quando a primeira missa foi rezada no local. O “São Paulo” surgiu porque era também o dia da conversão de Saulo de Tarso, depois chamado Paulo, na estrada de Damasco. A igrejinha só seria construída dois anos depois, mas a “vila” já estava fundada. Das construções originais, restou uma parede de taipa ainda preservada no Pátio do Colégio, local de origem da cidade.

Em seus primeiros três séculos, a cidade ficou quieta, incrustada no alto da Serra do Mar, longe do litoral. Aos poucos, servia de entreposto comercial, alguns serviços e, a partir do segundo quartel do século XIX, rota obrigatória para escoamento da produção. Depois, veio ciclo do café (a partir de 1850 São Paulo já era o principal produto exportado pela cidade), a imigração, a estrada de ferro e, por fim, a industrialização (séc. XIX e XX) e São Paulo despontava como a maior cidade do país. Hoje, é o que é: uma das mais importantes metrópoles do mundo

Abaixo, algumas frases que ouvi ao longo da vida, o que não quer dizer que concorde com todas:  A primeira é a do seu brasão, em latim:"NON DUCOR, DUCO". Não sou conduzido; conduzo.
São Paulo não pode parar...
São Paulo, a locomotiva do Brasil...
A cidade que nunca dorme...
São Paulo da garoa, São Paulo da terra boa! 
A frase de Sampa, aos olhos de Caetano Veloso:"E quem vem de outro sonho feliz de cidade, aprende depressa a chamar-te de realidade. Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso."
 E muitas outras. Mas, talvez, a frase mais significativa, e tristemente atual, foi dita pelo engenheiro e banqueiro Olavo Setúbal (1923-2008), quando prefeito da cidade entre 1975 e 1979: "São Paulo é uma Suíça cercada de Biafras. O desafio é transformar as Biafras em Suíças." 
O desafio continua.

Referências:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_de_S%C3%A3o_Paulo