segunda-feira, 9 de março de 2020

Ecos Culturais | Tecnologia e progresso | ZAP


Imagem: Wikipedia Commons
O progresso científico sempre me traz reflexões e questionamentos. Mas, quando se vive em determinada época, com tudo o que ela traz de avanços nas mais diversas áreas e no dia a dia, não se tem a noção exata daquilo que está acontecendo. Em campos como medicina, engenharia e arquitetura, talvez essa percepção seja mais palpável. Todos falam dos avanços da medicina, das novas técnicas não invasivas que congelam células cancerosas, das pesquisas e descobertas de novas substâncias para a cura das doenças e por aí vai. No campo da engenharia e da arquitetura, é só olhar em volta para se surpreender com os inimagináveis espaços, edifícios, obras e pontes que vemos...Na área da Tecnologia da Informação os avanços também são assombrosos. Mas, em outras áreas, isso pode parecer menos tangível.

Vou dar um exemplo. Os jovens da minha geração (com muito orgulho) aprenderam datilografia na escola primária (sim, até hoje digito com todos os dedos); estudaram (ainda que por breve período) Latim e, depois, Francês (junto com Inglês); terminavam o primário e, depois, faziam o exame de admissão (pró-forma em algumas escolas) para entrar no ginásio. No Ensino Médio, então chamado Colegial, era preciso decidir dentre três opções: o Clássico (para profissões da área de Humanas), o Científico (para área médica e de exatas) e o Normal (para atividades pedagógicas). Depois do vestibular, para saber se tinham sido aprovados nos vestibulares, os jovens da minha geração precisavam comprar os jornais ou ir até o cursinho (os que frequentavam os cursinhos pré-vestibulares), para ver as listas dos aprovados. 

 Imagem: Orelhão Imagem: Divulgação
Como ainda não havia celulares, era preciso comprar fichas telefônicas para falar em um Telefone de Uso Público (TUP), ou simplesmente orelhão... Sim, os telefones públicos protegidos por uma grande orelha – uma concha em fibra de vidro, projeto da arquiteta e designer brasileira, Chu Ming Silveira (1941-1997), em 1972.

Minha geração aprendeu a usar máquinas de escrever manuais, as elétricas, o fax e depois o computador. Hoje, o celular é um minicomputador. Sempre penso que sair da máquina de escrever portátil Lettera 22, da Olivetti, para o celular foi um passo imenso e uma mudança total. Acho o máximo ter vivido tudo isso, embora, devido à rapidez dessas mudanças, muitas coisas ficaram, em pouco tempo, obsoletas. Imagine só: do fax para o WhatsApp...UAU! Parafraseando Neil Armstrong (1930-2012), em 1969, ao pousar na lua, It’s another giant leap for mankind, right?  

Acho o WhatsApp o máximo, coisa de gênio mesmo, desses sabichões tecnológicos que andam por aí, como quem não quer nada. A começar pelo nome. Para quem não sabe, “What’s up” em inglês significa: “E aí? Tudo bem? Com vão as coisas?” Agora, é ou não genial? Além do título brilhante, o aplicativo tem 1,5 bilhão de usuários ativos mensais, professores, profissionais, amigos e grupos familiares: núcleo mais restrito, família expandida, família de quatro gerações... Muito bom! Em uma família pequena, quatro pessoas, digamos, todos podem conversar ao mesmo tempo sobre um tema, discutir, brigar, chorar, dar apoio, aconselhar, saber de notícias tristes ou compartilhar momentos de alegria, tudo em conjunto e em tempo real, como se estivéssemos ao redor de uma mesa. Demais... Falo por mim, facilitou muito a minha vida. 

A propósito, o Brasil é um dos recordistas de uso do WhatsApp, ou Zap. Há alguns dias, conversando por e-mail com um amigo em Londres, disse-lhe que falaria com ele pelo ZAP e, é claro, ele não entendeu nada... Um viva ao criador desse jovem aplicativo, que só tem 10 aninhos e, portanto, muito caminho pela frente. A título de informação, o Zap foi criado em 2009 por dois funcionários do Yahoo: o ucraniano Jan Koum e o americano Brian Acton. Trabalharam juntos até 2007 e, em 2014, decidiram vender sua criação ao Facebook pelo valor (da época) de US$ 19 bilhões.   

De qualquer forma, sou grata por essa criação, permitindo que as distâncias fossem encurtadas, que a separação no espaço e no tempo fosse praticamente eliminada e, principalmente, que a saudade fosse, digamos não superada, mas pelo menos  atenuada... 
 
Referências

6 comentários:

  1. Que bom que estamos vivendo tudo isso.... Da olivette para o watts up, é realmente um grande salto!! Adorei o texto!
    I'm here!!! Hahahahaha

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, Neusinha... É um privilégio viver tudo isso, não? beijos

      Excluir
  2. Muito legal Anita. Lembrei-me de muitos fatos lendo seu artigo. Como no tempo que trabalhei na Embratel em BH no setor de tecnico em fax. Onde instruía varias cidades de Minas a operar os tipos de fax existentes na época.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não parece coisa de outras vidas? Impressionante a rapidez dessas mudanças... Que bom que vivemos isso, né? Obrigada por participar, Cláudio...
      Abraço

      Excluir
  3. Respostas
    1. Eu tinha, mas já a doei há muito tempo. Era simpática, mas gostava mais da Olímpia.. valeu, beijos

      Excluir