Às vezes, me pergunto o porquê de tantas datas comemorativas. Bem, de modo geral, servem para relembrar e marcar determinados fatos e eventos religiosos da nossa cultura como o Natal, a Páscoa, o Dia dos Mortos, ou acontecimentos históricos e culturais como o Dia da Pátria, do Índio, da Consciência Negra, do Folclore etc. Porém, já há tempos, percebo que muitas datas vêm adquirindo um tom absurdamente comercial, algo que não existia ou, que eu me lembre, não era tão ostensivo quando eu era criança. A propósito, não se trata de saudosismo, apenas de constatação. Acabo ficando triste com o que vejo na época do Natal e da Páscoa.
Por exemplo, na minha juventude, no dia 12 de junho,
os namorados se encontravam, saíam para jantar, passear, ir a um
barzinho, mas só. Não havia essa obrigação de dar presentes. Idem para o
dia das crianças. Presentes eram reservados para o Natal e para o aniversário. E que sonho dar e receber um presente no Natal... E,
sim, no Dia dos Pais e no das Mães poderia haver um mimo, mas não essa quase imposição.
Vendo o que vejo hoje, pergunto aos meus botões (converso muito com eles): "De que adianta dar um presente
a alguém num dia, dito especial, e desconsiderar, ignorar e maltratar essa pessoa o resto do
ano?" Passou-se da ausência do presente para uma obrigação, muitas vezes, falsa; da simplicidade para o exibicionismo vazio, da comemoração silenciosa e sincera para o
alarde. Não gosto disso. Acho que é preciso repensar nossas atitudes e reais intenções nessas datas. Tudo parece ter ficado tão banal, tão mecânico, tão homogeneizado e
desprovido de verdade... Não faço porque todos fazem, não me sinto "obrigada" a comprar um presente porque todos compram...Compro quando posso e quando meu coração pede. Simples assim!
Outra coisa. As escolas sempre comemoram essas datas. Sem problemas. É parte do calendário e do currículo escolar, mas o que importa é ressignificar essas ocasiões, usar as comemorações como ferramentas pedagógicas para desenvolver o pensamento crítico dos alunos, fazê-los refletir e, não simplesmente, repetir o que vem sendo feito há tempos, de forma mecânica e sem reflexão.
Infelizmente, essa capacidade de fazer refletir parece estar se perdendo. Que falta faz a filosofia nos currículos escolares! Desenvolver o pensamento filosófico e crítico é essencial para propiciar ao estudante uma formação humanista, criando cidadãos ativos, participativos, pensantes e não meros consumistas repetidores de padrões. Desnecessário enfatizar que essas celebrações devem respeitar a diversidade cultural, religiosa, étnica e econômica dos diferentes grupos sociais que compõem o nosso país. Desenvolver a capacidade de refletir, questionar e contextualizar o pensamento crítico fundamentado, a capacidade de conviver com o diferente e a solidariedade cidadã - sem copiar outras culturas, sem consumismo, sem valorizar o supérfluo - parece-me sempre a melhor...ou melhor dizendo, a única opção.
Muito bom Anitinha! Estas datas deviam ser mais emoção do que o consumismo.Bebel
ResponderExcluirÉ...
ResponderExcluirMais sentimento - ou apenas respeito - e menos consumismo e modismo.