quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Ecos Urbanos | Floralis Generica em BAs

Sempre achei estranho (e muita gente também acha) o meu jeito de torcer em competições esportivas. Torço, mas fico com pena do time que perde. Engraçado...ou muito estranho. Mas acho que não sou a única. Também não gosto de loterias, porque só existe um primeiro lugar. Acho que tudo poderia ser mais dividido e divertido. Imaginem um prêmio gigante da loteria dividido entre centenas ou milhares de pessoas, não seria demais? Também não sou chegada a disputas e dualidades raivosas e excludentes, muitas vezes impostas pela mídia e "compradas" pela população: Fla x Flu, São Paulo x Corinthians, Inter x Grêmio, Rio x São Paulo, Brasil x Argentina.  

Ora, no caso das competições esportivas, o segundo lugar é excelente, concordam? O time ou o atleta que chegou em segundo está abaixo apenas do campeão, ou seja, é o segundo melhor. Mas não é isso que acontece. De modo geral, o segundo colocado parece sentir-se mal por isso e muitos saem chorando dos eventos... Seria um choro provocado pela sensação de perda, então. Bom, acho que pode ser isso, sim, no começo, no calor da disputa, mas vejo esse choro também como perda de energia, de oportunidade de valorizar o esforço para chegar até ali e o do outro, é evidente. Há espaço para todos - para jogar, brincar, divertir-se e propiciar um bom espetáculo ao  público. São lamentáveis as cenas em que o segundo lugar, em qualquer campo, se nega a cumprimentar o primeiro. Vergonha alheia! 

Outra coisa que me choca e que hoje, infelizmente, não se resume apenas ao mundo dos esportes: vandalismo. Entre torcidas e membros de grupos rivais - sabe-se lá porquê -, de partidos diferentes, de religiões diferentes, de cores diferentes, de etnias diferentes, enfim, entre os que pensam diferente. É inacreditável ver isso no século XXI. Sem comentários. Falta tolerância, falta humildade, falta conhecimento e o pensamento crítico trazido pelo estudo da filosofia. Alô, Voltaire!!!

Floralis Genérica, BAs. Foto: Anita Di Marco

Mas por que estou falando isso? Porque gosto muito, e vou continuar gostando, de Buenos Aires, cidade incrível, vibrante e agradável. Como toda cidade que encanta o morador e o visitante, Buenos Aires tem presença, história, arquitetura, patrimônio histórico, belezas naturais, áreas verdes, educação, cultura e arte urbana. Muita mesmo, muita arte e cultura. 

 

Uma das obras mais  impactantes para mim é a Floralis generica, uma escultura metálica representando todas as flores do mundo e doada à cidade, em 2002, pelo seu criador, o arquiteto argentino Eduardo Catalano. Que gesto fantástico! Como seria maravilhoso se pudéssemos dar às nossas cidades presentes como arte, cultura, cuidado, carinho, gentileza... Afinal, sempre vivo falando que a cidade é nossa casa maior, espaço comum e, portanto, de responsabilidade comum também...Você gostaria de viver numa casa mal cuidada, suja, desconfortável e sem manutenção? Então, pense na cidade como a imensa casa de todos...

 

Floralis generica. Buenos Aires. Foto: Anita Di Marco
A Floraris generica localiza-se em meio a um espelho d’água que destaca e protege a peça, na Praça das Nações, logo além do imponente prédio da Faculdade de Direito no bairro da Recoleta, outro local agradabilíssimo com avenidas largas, museus, parques, centros culturais e arquitetura. A escultura, projetada por Catalano, e construída pela fabricante de aviões militares Lockheed Martin, não é só bela e inusitada, mas também tecnológica e inteligente, com um sofisticado sistema elétrico que controla a abertura e o fechamento de suas pétalas, de acordo com a luminosidade do dia e a intensidade dos ventos. Ao pôr do sol, ela se fecha e emite uma suave luz vermelha. Pela manhã, volta a abrir-se.  Durante quatro noites especiais do ano ela se mantém aberta: 25 de maio (Revolução de Maio), 21 de setembro, 24 e 31 de dezembro.
 

Dados técnicos

Floralis Generica                                Projeto: Eduardo Catalano 

Material: inox e alumínio                     Peso: 18 toneladas

Materiais: alumínio                             Altura: 23 m de altura
Diâmetro pétalas fechadas: 16 m        Pétalas abertas: 32 m
Diâmetro espelho d'água: 44 m

Referências
https://aguiarbuenosaires.com/flor-metalica/ 

14 comentários:

  1. Sempre quis ir a Buenos Aires e agora sei que quero também visitar este inusitado monumento: uma flor metálica em sincronia com o ambiente, o que me fez lembrar do personagem Homem de lata( que tinha coração), de O Mágico de Oz. 😘

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  2. Parabéns Anita! Seus textos são excelentes. Ficamos mais cultos quando acessamos suas publicações.
    Napoleão

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    1. Muito obrigada, Napoleão. Gentileza sua. Na verdade, gosto de ir falando, falando e mostrando o que acalenta a alma, certo? Abração

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  3. Anita, pensar a cidade como nossa casa maior, nos leva a refletir a responsabilidade de cada um no cuidado e conservação do nosso ambiente. Parabéns.

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  4. Parabéns Anitinha!Belo texto!Também acho que segundo lugar só está um degrau abaixo do primeiro e é tão campeão como o primeiro.
    Conheci Buenos Aires e vi linda Floralis
    Genérica,linda!!Bebel

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    1. Eba!!! Você pensa como eu, então, é isso aí... Obrigada por estar sempre aqui, um beijo.

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  5. Conheci essa flor.
    Vc me fez relembrar, Anita.
    E sempre me lembro do que vc fala, sobre o ambiente citadino ser nossa casa maior. Ah... se as pessoas pensassem e agissem assim, seria a paz de quer tanto falam, sem praticar

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    1. Mas não é verdade? É horrível andar pela cidade e ver lixo, bancos quebrados, buracos, falta de calçadas.... Quando será que vão entender? abraços, querida

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