quarta-feira, 21 de abril de 2021

Ecos Humanos | Enquanto isso...

Abril de 2021. 

A pandemia da Covid-19, causada por um vírus invisível e iniciada na virada 2019-2020, já ceifou a vida de mais de três milhões de pessoas no mundo e, até hoje, só no Brasil mais de 350.000 pessoas. Não sabemos até quando, como irá acabar ou se iremos conviver com o vírus por anos a fio. O importante é fazer o que deve ser feito: seguir as recomendações sanitárias para se proteger, evitar aglomerações, manter a sanidade mental e, assim, proteger familiares, amigos mais próximos e, portanto, os mais distantes. Como num imenso jogo de dominó em escala 1:1, a ação de cada indivíduo influenciaria para o bem a ação dos outros. Em suma, todos agindo conscientemente e cuidando uns dos outros. Seria lindo se isso acontecesse. Sabemos que não. No tsunami de informações recebidas e emoções vividas no atual momento, vemos milhões de individualistas, desavisados, alienados e cruéis agindo como se nada fosse ou não houvesse amanhã.

Enquanto isso, recebi esta semana, de um amigo de décadas, um texto assustadoramente premonitório. Escrito em junho de 2008, o mesmo texto foi publicado na edição do mês seguinte no jornal O Nosso. Carlos Sá* (esse é o nome do meu amigo) saiu de São Paulo há anos. Hoje mora com seus queridos em Sobradinho, no Distrito Federal, agindo como sempre agiu: com serenidade, consciência planetária e solidária. Vida longa e frutífera a você, meu caro amigo! Com certeza, o mundo seria pior sem você. Segue o texto.

“Vamos precisar de todo mundo, um mais um é sempre mais que dois, pra melhor juntar as nossas forças é só repartir melhor o pão; recriar o paraíso agora, para merecer quem vem depois”.
O Sal da Terra (Beto Guedes e Ronaldo Bastos).

                             ENQUANTO ISSO...

A televisão é um barato. Barato triste.
Chega o inverno e a grande notícia é a baixa temperatura na serra catarinense e na gaúcha. Deslocam-se equipes de TV, repórteres cheios de agasalhos, turistas em busca de ver a neve cair, tanta atração fantástica, não? (Enquanto isso... na grande cidade, muitos procuram jornais e caixas de papelão pra amenizar as frias noites de inverno).
A modelo fulana de tal vai desfilar em algum evento de moda.... Poxa, que “frisson”, que acontecimento. Será que ela está mais magra? Será que está saindo com alguém? Quem será o felizardo da vez? Quanto será o cachê dela? (Enquanto isso... centenas de pessoas continuam catando seu sustento no lixo).
E as dicas de viagens, então? Se eu fosse você iria pra Campos do Jordão, a temporada de inverno este ano está chiquérrima. Que tal um fim de semana lá? O dinheiro pra isso? Ora, você não tem? Passe na Financeira de plantão e se endivide....  (Enquanto isso... milhares de cidadãos continuam acordando de madrugada, perdendo horas no transporte pra ganhar um salário que nem pode ser chamado de salário... isso quando têm emprego).
Enquanto isso, de novo, nosso planeta está caminhando pra uma grande mudança. O egoísmo é o que faz essa marcha se acelerar. Vemos um monte de carros indo na mesma direção e, invariavelmente, com uma só pessoa em seu volante. Vemos comida, água e energia serem desperdiçadas a todo o momento, mesmo dentro de nossas casas. Vemos pessoas infantis cheias de vontades e mimos, sem consciência alguma de que se não mudarmos velhos hábitos, todos pagarão um preço pesado.
É...a humanidade vai cavando sua própria cova. Caminhando como uma manada para o precipício. Que logo vai chegar.
PS: À maneira de certos filmes, este artigo foi baseado em fatos reais, escrito em j de 2008, em São Paulo (SP).

*Carlos Sá é jornalista, escritor e há 22 anos colabora com o jornal O Nosso, da  Cidade Eclética, uma comunidade espiritualista localizada em Santo Antônio do Descoberto, em Goiás, a 45 km de Brasília e 172 km de Goiânia.

Email: carlitos.way@uol.com.br.

10 comentários:

  1. Parabéns Anita. Sempre conectada com a realidade. Triste situação estamos vivendo. Às vezes me vejo perguntando e me questionando, o que estamos fazendo com tanto conhecimento, tecnologia de ponta, se não temos a sensibilidade de perceber que tudo que está acontecendo é nossa responsabilidade. Como você citou, nos tornamos muito egoístas, só pensamos em consumir, cada vez mais.O que é "ser humano ". Não pensamos mais no outro no ambiente mais próximo, ao mais distante. Pensamos em ter. Não enxergamos o outro, não entendemos que se não seguirmos os protocolos estaremos prejudicando os demais.Quantos mais precisaremos perder para aprender.
    Insensibilidade,egoísmo. Somos vítimas de nós mesmos.

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    1. Triste mas verdadeira afirmação. somos vítimas de nós mesmos. Eu tenho esperança de que o ser humano aprenda, mas acho que ainda vai demorar... é só olhar em volta. Obrigada pelo comentário, mas deixe seu nome, da próxima vez, no corpo da mensagem, ok? Abração esperançoso.

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  2. Triste realidade que o Carlos descreve. Incomoda, machuca. Não há como ser feliz sozinho...

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    1. Pois é, Daniel, Carlito Maia, publicitário de SP e um dos fundadores do PT, tem uma frase que me acompanha há anos: "Não precisamos de muita coisa; só precisamos uns dos outros". Um dia a humanidade aprende... beijos

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  3. Anita, fiquei emocionado com as suas palavras e a publicação do texto no seu blog.
    A questão ambiental sempre esteve na pauta principal desde que comecei a me entender por gente. E cada vez mais temos que nos preocupar com o futuro de nossa casa.
    "TERRA, ÉS O MAIS BONITO DOS PLANETAS, ESTÃO TE MALTRATANDO POR DINHEIRO, TU QUE ÉS A NAVE NOSSA IRMÃ". (SAL DA TERRA de BETO GUEDES E RONALDO BASTOS).
    Bjs.
    Carlos SA

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    1. Amigo Carlos, como me disse, certa vez, outro querido amigo de Lambari, os maus parecem ser maioria, porque são mais ousados. Mas só parecem. Os bons são em maior número e a renovação já começou. Continuemos! beijos

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  4. Anitinha!Bonito texto!Será que o Ser Humano poderá aprender tudo que estamos e ser menos egoísta e descobrir mais Amor?Bebel

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  5. Como vc disse a renovação começou. Não tem volta. Enquanto isso façamos a nossa parte. Beijão

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  6. Sempre admiro suas publicações, Anita.
    Aí está o texto do Sá, como um alarme, desde 2008. Sim, ele viu longe.
    O triste é que sempre alguém avisa e quase ninguém leva em consideração.
    A humanidade fez isso.
    Abraços

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