Hoje, nosso riquíssimo patrimônio imaterial inclui literatura de cordel, viola de cocho, feira de Caruaru, frevo, arte sineira, ofício das paneleiras, doceiras, roda de samba, capoeira, entre muitos outros (veja a lista completa aqui). Da lista, seis foram listados pela Unesco como patrimônio cultural imaterial da humanidade: Samba de Roda do Recôncavo Baiano; Arte Kusiwa-pintura corporal e arte gráfica Wajãpi; Frevo; Círio de Nazaré, Roda de Capoeira e Bumba Meu boi.
Pois a essa turma da pesada veio juntar-se o forró, esse ritmo tão nosso, tão nordestino, tão alegre, tão dançante, que fala à alma brasileira e que reúne outros ritmos como baião, xote, xaxado, chamego, quadrilha, entre outros. O folclorista Luiz da Câmara Cascudo, dizia que forró vem do termo forrobodó (divertimento pagodeiro). E tanto o forró como o pagode (que hoje designa samba) são festas transformadas em gêneros musicais.
Aliás, já existe um Dia Nacional do Forró, 13 de dezembro, aniversário de Luiz Gonzaga (1912-1989), seu maior representante. A data foi criada em 2005 (Lei 11.176, 2005) no governo do então presidente Lula, a partir de projeto da deputada federal Luiza Erundina (1934). Paraibana, há anos morando na capital paulista, a deputada federal por São Paulo nunca negou suas raízes e, agora, comemora o novo patrimônio imaterial brasileiro, dez anos após do pedido feito pela Associação Cultural Balaio Nordeste, da Paraíba. Em dezembro último, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN declarou o forró como um super gênero e patrimônio imaterial brasileiro, quatro dias antes do Dia do Forró.
Para valorizar nossa cultura, é essencial conhecer, por só amamos o que conhecemos, Então, segue aqui uma brevíssima história do forró, dividida em três fases/gerações:
Jornal da USP. Divulgação. |
1ª geração: O pioneiro, chamado de pé-de-serra, do final dos anos de 1930 e dos anos 1940, usava sanfona de oito baixos, zabumba e triângulo. Luiz Gonzaga, rei do baião e do forró, e Carmélia Alves, rainha do baião, eram os principais nomes. além de Dominguinhos, Marinês, Trio Nordestino, Jackson do pandeiro, Antônio Barros e Pedro Sertanejo.
2ª geração: A partir de 1975, surgiu o forró universitário que modernizou o gênero, juntando o forró tradicional à musicalidade do pop e aos músicos da MPB. À sanfona juntaram-se pandeiro, órgão eletrônico, trombone e percussão. Elba Ramalho, Alceu Valença, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Gilberto Gil, Jorge de Altinho e Nando Cordel são alguns nomes dessa primeira fase. A partir dos anos 1990, a segunda fase dessa segunda geração tem Falamansa, Forroçacana e Trio Rastapé.
3ª geração: Forró eletrônico, estilizado ou “oxente”music, numa roupagem mais moderna, com mais brilho, iluminação, bailarinos e tecnologia avançada. Com Mastruz com Leite, Magníficos e depois com Aviões do forró, Calcinha Preta, Caviar com Rapadura, Garota Safada.
Confesso que prefiro as duas primeiras... Mas, de qualquer modo, é impossível não comemorar a escolha pela preservação da cultura; é impossível viajar ao Nordeste e não dançar ao som desse ritmo delicioso que, segundo Alceu Valença (1946), cantor e compositor pernambucano,
[...] é filho do coco e da embolada, primo do aboio, do martelo e da toada, parente dos poetas cantadores e da literatura de cordel. Suas matrizes foram desenvolvidas no mais profundo sertão nordestino, resultado da herança ancestral mourisca, lusitana, africana, com aquele balanço que só o brasileiro tem. Por isso eu digo que o forró é meu canto, que canta meu povo e os segredos da vida. (1)
Pura verdade! O forró vem da nossa mais pura e profunda matriz, do nosso cadinho cultural, herança de tantos povos, tudo temperado com o nosso jeito, nosso balanço, nossa alegria. Viva o forró! Viva o Brasil profundo!
Nota e Referências
(1)https://www.redebrasilatual.com.br/cultura/2021/12/forro-patrimonio-imaterial-sonoridade-brasileira/
https://portalaracagi.com.br/curiosidades-forro-um-pouco-da-historia-do-ritmo-do-nordeste/
Muito interessante como sempre Anita!
ResponderExcluirÉ bom demaissss! Adoro o nosso patrimônio cultural.
ResponderExcluirParabéns ,amiga.
Seu blog é sempre uma aula de cultura
ResponderExcluir"Vem morena pros meus braços, vem morena vem dançar" Musica boa da gota essa minha querida.
ResponderExcluirBoa de ouvir, boa de dançar. Fora o grande mestre Lua, sempre acompanhei a carreira do seu discipulo mais brilhante: Dominguinhos.
Viva o Brasil e o povo brasileiro autentico e genuino.
abs.
Carlos SA
Esse é o tipo de texto que deixa a gente contente, porque, como Anita aí diz, o forró é de natureza puramente dançante, mesmo.
ResponderExcluirE viva a iniciativa da Erundina, também.
E ainda o conceito da origem por parte de Alceu Valença.
Anita sempre nos acrescentando!
Você também, Anita, deveria ser considerada patrimônio cultural! Tenho aprendido muito com o seu blog! Obrigada!
ResponderExcluirNossa, Lilian, muito obrigada, mas, não. Eu só sou curiosa e tento falar daquilo que gosto e acho importante. Obrigada, querida, beijos
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