sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Ecos Literários | Centenário de Italo Calvino

Italo Calvino. Divulgação

Centenários são datas especiais. Agora é a vez de Italo Calvino (1923-1985). Aguardem, portanto, novas e ótimas edições comemorativas, reedições, simpósios e discussões sobre a obra desse autor, editor, tradutor e ensaísta. O escritor nasceu em Cuba, quando seus pais, ambos italianos, estavam de passagem por aquele país e, logo, a família se mudou para a Itália. Morou em San Remo, Turim, Roma e Paris. Afeito aos estudos, ao humanismo,, à filosofia e ao pensamento crítico, Calvino estudou, trabalhou, fez resistência ativa ao fascismo e à violência de Mussolini, encantou-se pelas ideias pacíficas do utopista Charles Fourier, foi editor e crítico literário, filosofou e escreveu. Muito! E sempre defendeu o papel da literatura no mundo e nas sociedades. Seu olhar e seus interesses eram múltiplos, plurais. 

 

Um dos grandes nomes da literatura mundial, Italo Calvino foi o autor do livro Por que ler os clássicos, conceito que definia como “um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer”.  Aqui digo entre parênteses que sua resposta à pergunta (título) do livro me remete ao poeta brasileiro Vinicius de Moraes em sua conhecida frase do poema Enjoadinho: “Filhos, melhor não tê-los, mas se não os temos, como sabê-lo?” Bom, em resposta à própria pergunta, o escritor italiano dizia apenas que lê-los era melhor do que não os ler. Destacava que para ele era impossível conjugar o verbo ler no passado e dizer “li um clássico”. Primeiro porque clássicos devem ser relidos sempre, abrindo espaço para outras compreensões a cada nova leitura. Ademais, nunca devem ser lidos por obrigação, mas por amor, para despertar o amor à leitura e à literatura. Dizia que tais leituras devem ser iniciadas na mais tenra infância, por exemplo, com histórias e contos de fada. Aplaudo tal observação porque, no meu caso, foram contos de fada e os livros de Monteiro Lobato que me animaram a ler e a continuar lendo pela vida afora...

Italo Calvino é autor de obras emblemáticas como As Cidades Invisíveis (1972), um poema de amor às cidades, um clássico lido e relido por arquitetos. No livro, Marco Polo faz um relato fantástico a Kublai Khan a respeito das suas viagens e das cidades que visitara, dominadas pelos bárbaros. Outro livro é Seis Propostas para o Próximo Milênio. Publicado postumamente, em 1991, a obra reúne as conferências que proferiu na Universidade de Harvard, nas quais destacou qualidades fundamentais para garantir a qualidade e a permanência de uma obra literária: leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade e consistência. 

Leiam Italo Calvino, mas melhor ainda, leiam os clássicos da literatura mundial!

Referências

https://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/imprensa/centenario-de-italo-calvino-e-celebrado-neste-domingo-494157/

https://www.ebiografia.com/italo_calvino/

https://lithub.com/jhumpa-lahiri-why-is-italo-calvino-so-beloved-outside-italy/

https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=2654

http://www.viniciusdemoraes.com.br/

11 comentários:

  1. Bonita coluna, Anita. O livro dele recuperando as fábulas italianas é também um clássico. Zé Marcelino.

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  2. Nossa, que abrangência seu texto tem, Anita! Parabéns! Italo Calvino sempre! E a verdade da gente ter que se nutrir sempre dos clássicos!

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  3. Parabéns pela explanação! Obrigado por compartilhar.

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  4. Propostas para o Próximo Milênio é um dos meus livros favoritos! Ele me fez apaixonar " de novo" pela literatura! Sua escrita seduz com uma leveza que encanta!

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  5. Muito bom Anitinha! Conhecer o trabalho dele foi excelente para mim.Sempre bom seus textos.

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  6. Como sempre eu aprendo muito c om seu blog.
    São ótimos 👍

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  7. Reler sempre tudo aquilo que se gosta. Muito bom o texto Anita

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  8. Leremos!
    Beijos! 😙💙

    D.B. Ortega

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