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Exemplo de retrofit. SP. Divulgação
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Considerado o
Nobel da arquitetura, o Prêmio Pritzker, nos últimos anos, tem premiado arquitetos
que saem um pouco do tradicional. É só ver o nome e o trabalho dos últimos premiados para
perceber a mudança. Estes incluem o chileno Alejandro Aravena (2016), o indiano Balkrishna
Doshi (2018), o africano Diébedo Francis Keré (2022) de Burkina Faso e, mais recentemente, o escritório
francês de Lacaton & Vassal. Premiados em 2021, por exemplo, os franceses Anne Lacaton e Jean
Philippe Vassal destacam soluções mais simples em arquitetura, como a importância do habitar, do estar dentro e não do espetáculo. Priorizam o meio ambiente, o
coletivo e reforçam a importância do reaproveitamento. Sublinham que é preciso ensinar a olhar a cidade e
refletir, buscando soluções eficazes e refletidas; veem a arquitetura como ato político de generosidade
que surge não da teoria, mas da observação e da reflexão. Nessa linha, são defensores do que se chama retrofit, adaptação de imóveis antigos às necessidades contemporâneas, sobretudo para
uso habitacional. Para eles, essa técnica, bastante usada sobretudo na Europa, garante o ganho pela transformação e não a perda pela demolição.
"A transformação é a oportunidade de fazer mais e melhor com o que já existe. A demolição é uma decisão fácil, de curto prazo. É um desperdício de muitas coisas – um desperdício de energia, um desperdício de material e um desperdício de história. Além disso, tem um impacto social muito negativo. Para nós, é um ato de violência." (Lacaton & Vassal)
"Uma forma de atuar sobre antigas estruturas
construídas, garantindo uma reabilitação urbana equilibrada com a participação
da população residente, pode ser buscada através do retrofit, processo
que objetiva recuperar prédios antigos de forma a preservar a arquitetura
original, mas modernizando-os e adequando-os à legislação vigente, com
reconversão de uso quando necessário." (Celso Sampaio)
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Seminário em Londres sobre retrofit. Divulgação
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O arquiteto Ricardo Trevisan ainda questiona a falta de políticas habitacionais específicas e vê no retrofit um caminho
sem volta, mas alerta que é impraticável adotar a legislação atual para edifícios antigos como se fossem novos. Ou seja, cabe ao poder público
adequar normas e regras construtivas, criando legislação específica para os
casos de retrofit.
Já existe, até mesmo, uma ferramenta digital que responde à grande dúvida de muitos arquitetos e proprietários: reformar ou substituir? Trata-se do CARE (Carbon Avoided Retrofit Estimator) que, em segundos, faz uma estimativa e compara o impacto total de carbono da renovação de um edifício existente em relação à substituição por um novo. Detalhes aqui (em inglês) e aqui (em português).
Referências
https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/24.278/8852
https://anitadimarco.blogspot.com/2021/10/ecos-arquitetonicos-vislumbre-de.html
https://www.archdaily.com.br/br/889655/quem-ja-ganhou-o-premio-pritzker
https://metropolismag.com/profiles/salvage-superstars-care-tool/
https://www.weg.net/tomadas/blog/arquitetura/entenda-o-que-e-o-retrofit-tecnica-de-revitalizacao-de-construcoes-antigas/
https://www.archdaily.com.br/br/997410/care-uma-ferramenta-digital-para-comparar-as-emissoes-de-construcoes-novas-e-de-reuso?ad_medium=gallery
Totalmente de acordo Vou divulgar !
ResponderExcluirEste é o caminho Anita, num país onde o deficit habitacional é inferior ao número de domicílios vazios, não se explica tanta gente sem casa, noticias veiculas em julho de 2023, segundo dados do novo censo de 2022, são 11 milhões de casas vazias e 6 milhões de pessoas sem casa, no Brasil. O Retrofit, ou a recuperação de estruturas existentes que garantam moradia aos menos assistidos é urgente. Obrigado por mencionar me texto, tã cuidadosamente revisto por você.
ResponderExcluirTudo a ver, Anita. E isso devia ser uma regra geral: imóveis, carros, bicicletas etc. Zé Marcelino.
ResponderExcluirMuito oportuno este artigo Anita, há anos insistimos nesse caminho! Parabéns
ResponderExcluirÓtimo Anitinha! Concordo com sua análise.
ResponderExcluirEsse caminho deve dar certo. Sou a favor da conservação e novos usos. Parabéns pelo texto Anita!
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