Depois de escrever sobre Italo Calvino e de seu texto sobre os clássicos, andei pensando aqui na questão dos contos de fadas. Aqui mesmo no Blog Anita Plural, já mencionei tais contos (ver aqui e aqui). De onde surgiram? Qual sua origem? Quem contava esses contos? Bem, o próprio folclore, seus contos, histórias e lendas têm a ver com a longínqua tradição oral que, por muito tempo, foi uma das únicas formas de preservar e manter vivos os costumes, crenças e a cultura dos povos ao redor do mundo. Portanto, eram histórias que existiam há muito tempo e eram contadas muito antes de as línguas serem estruturadas como hoje as conhecemos. Se hoje lemos os contos de Charles Perrault (1728-1703) e dos irmãos Grimm - Jacob (1785-1863) e Wilhelm (1786-1859), por exemplo, vale lembrar que objetivo primeiro desses estudiosos, ao reunir esses contos, era estudar e conhecer a língua local e a tradição de seus povos.
Mas voltando à pergunta: habitualmente quem contava
essas histórias? Além da célebre contadora de histórias, Dona Carochinha, personagem presente em vários livros, inclusive em Monteiro Lobato, dizem
as pesquisas que, no mais das vezes, eram contadas por figuras femininas com
algum tipo de liderança moral ou espiritual no grupo – sacerdotisas, xamãs,
profetisas, avós, mães, chefes tribais, ou seja, mulheres contadoras de
histórias.
Como sempre gostei de ler, adorava contar histórias para meus filhos e cheguei a comprar um livro sobre o tema – A Psicologia dos Contos de Fada do psicanalista austríaco Bruno Bettelheim (1903-1990). No livro, ele fala dos símbolos e alegorias presentes nesses contos, auxiliando as crianças a compreenderem e estabelecerem relações entre as narrativas fantásticas e temas importantes para sua vida emocional e seu inconsciente. Assim, os contos ajudavam (ajudam) o desenvolvimento psicológico dos pequenos ouvintes. Eles ouviam (ouvem), pensavam (pensam), faziam (fazem) correlações com situações cotidianas e chegavam (chegam) a conclusões aplicáveis à sua vida.
Cada vez mais, tenho comigo que, ao estimular a imaginação, o poder de síntese, a capacidade de dedução, o aprendizado de valores e o desenvolvimento da criança, contos de fada são muito, mas muito mais, infinitamente mais efetivos e interessantes que joguinhos de videogame ou de computador.
Referências
http://www.dfe.uem.br/comunicauem/2019/08/28/era-uma-vez-as-origens-dos-contos-de-fadas/
https://www.editorawish.com.br/blogs/contos-de-fadas-originais-completos-e-gratuitos
https://www.todamateria.com.br/contos-fadas/
https://www.ebiografia.com/irmaos_grimm/
https://www.grimmstories.com/pt/grimm_contos/joao_bobo_e_as_tres_plumas
Perfeito. Contos de fadas são eternos. Na tradição africana - não me pergunte país - o contador de histórias é o guriô,.
ResponderExcluirUm contador maravilhoso
é de Beagá e se chama Roberto Carlos.
Bjs Eneida
Sabias palavras, sempre estimulando a reflexão,
ResponderExcluirSempre muito bom ler sua reflexões, Anita. Zé Marcelino.
ResponderExcluirVindo de você é um baita estímulo para continuar. Obrigada, Zé! Abração....
ExcluirBelo contar… bjs IsaRe
ResponderExcluirGostei das tuas palavras que vão desencadeando um lembrar da minha própria história com meus queridos filhos e sobrinhos. Bjinhos ☆☆☆☆☆
ResponderExcluirMarta, querida, é você? Acho que nossa geração contava muito mais histórias do que agora....estou errada? Beijos
ExcluirOlha só. Não sabia ... Preciso pesquisar mais. Obrigada, Eneida. Bjs
ResponderExcluirMuito bom Anitinha! Gostoso de ler seu blog, sempre um aprendizado. Bebel
ResponderExcluirAmei esse texto , Anita! Como é importante o contar esse riquíssimo tesouro... sim, as crianças exorcizam suas angústias... que bom que vc escreveu leu, falando do Bethelheim!
ResponderExcluirSempre que posso revejo as ilustrações do Joias de Literatura Infantil. Ou juvenil, sempre confundo. Parabéns sempre!
Eu precisaria ler mais os autores atuais ... Tenho visto tanta criatividade, tanta lindeza... Bjs
ExcluirOuvir histórias também fortalece o vínculo com 8/a contador/a... é maravilhoso para as relações <3
ResponderExcluirExatamente, assim como é bom para quem recebe é ótimo para quem conta. Mães e avós sabem disso. Com certeza! Bjs
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