No caso do jornalismo, sem dúvida, a verdade é (ou
deveria ser) o elemento-chave dessa escrita ou "discurso". No caso da ficção,
o trabalho dos profissionais do texto (escritores, tradutores, preparadores e
revisores) tem a ver com uma mensagem, com a transposição de ideias e sentidos
de um indivíduo para outro e, nas traduções, de uma língua para a outra. No
caso de revisores e preparadores de texto, tem a ver ainda com alterações,
inversões, substituição de termos quando for o caso, sempre com uma dose extra
de sensibilidade e respeito ao original. Afinal, excetuando-se o autor, esses
profissionais lidam com textos alheios e qualquer decisão em relação a
possíveis alterações deve ser plenamente justificada e não motivada por
preferências individuais.
Dito isso, ao acercar-se da obra original, o profissional do texto (tradutor, revisor
ou preparador) deve procurar entendê-la
em todas as suas nuances, porque não é só a palavra escrita que
lhe permite compreender o texto, mas toda informação oculta (porém presente) nas
entrelinhas, nos recursos mencionados. Só a partir desse entendimento e
ciente de sua responsabilidade ao lidar com a obra alheia, é que o
profissional pode agir, sabendo que qualquer alteração apressada e irrefletida pode alterar a proposta e o escopo da obra, suavizando ou
exacerbando as intenções do texto, ou pior, esvaziando ou deturpando o
pensamento original do autor.
Como diz a psicanálise, é pelo discurso que se conhecem os indivíduos, porque a linguagem manifesta o que somos. Muitos sempre souberam disso, como o grande Graciliano Ramos (1892-1953) que disse: “Só posso escrever aquilo que sou”.
Referências
https://anitadimarco.blogspot.com/2019/04/ecos-literarios-gramatica-da-manipulacao.html
https://prerro.com.br/a-ultima-entrevista-de-graciliano-ramos/
