quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Ecos Humanos | Saúde Integral

Quando se trata da saúde integral do ser humano, várias linhas convergem e afirmam que somos cocriadores, o que significa que nosso jeito de ser, entender a vida, agir e reagir afeta nosso corpo e, logo, nossa saúde física, mental e emocional. A alma pode não adoecer, mas o corpo sente, fala e adoece quando não seguimos os conselhos da alma, quando não lidamos, adequadamente, com nossas emoções. Mas, como trabalhar essas emoções se não nos conhecemos? Autoconhecimento, portanto, é a premissa básica para, ao menos, identificar a raiz do problema.

Gastrite, problemas digestivos, renais, respiratórios, cardiovasculares, esgotamento mental, alergias, doenças autoimunes, bruxismo e outros distúrbios podem ser resultado do acúmulo de emoções não elaboradas e, portanto, potencializar problemas físicos. A angústia vem quando pegamos um caminho diferente daquele que o coração indica; a ansiedade, quando queremos que a Vida responda nossos anseios na hora que quisermos, esquecendo que ela tem um ritmo próprio; a raiva, quando nossos desejos não são atendidos; o estresse, a tristeza, a mágoa, a decepção.... Todas essas emoções se refletem no organismo, causando incômodos e desconfortos que, na verdade, são um sinal de alerta dizendo que algo não vai bem. Uma dica de que é preciso mudar.  

Ocorre que somos imediatistas, vivemos no automático e quase não nos observamos. Então, em vez de tentar descobrir a emoção que desencadeou aqueles incômodos, só queremos eliminar a sensação desconfortável e logo obter uma “recompensa”, seja ela qual for. É aí que mora o perigo. Essa "recompensa" pode ser algo tão viciante quanto as drogas: remédios, álcool, redes sociais, comida, açúcar, consumismo, jogos, atividade física em excesso, sexo, relacionamentos abusivos etc. 

O primeiro remédio para quebrar esse estado de desconforto é o autoconhecimento. Sem isso continuaremos na mesma ilusão, dourando a pílula, culpando os outros, nos agredindo e criando insatisfação e doença. Buscar o autoconhecimento, por seu lado, pressupõe força de vontade, honestidade, humildade e autoanálise crítica e imparcial para identificar e enfrentar a emoção que nos adoece. Depois de identificá-la, é preciso desenvolver coragem e uma firme vontade para assumir a responsabilidade pela própria melhoria, ou cura, mudando nosso padrão emocional.

Diante de qualquer situação de desequilíbrio, pare, respire com atenção, observe-se. Comece aos poucos, sem cobranças, sem ansiedades e, pouco a pouco, você estará meditando, com foco na respiração tranquila e consciente, que alivia o estresse, reduz a pressão arterial, recarrega nossas baterias e amplia nossa capacidade de compreensão até que, num belo dia, mesmo em meio ao caos, estaremos equilibrados. Deixe que o coração inspire seu modo de pensar, falar e agir. Quando nos deixamos guiar pelo sentimento que vem do coração, sentimos paz e tranquilidade, apesar de... Como resultado, a saúde geral melhora.

Gradualmente, vamos descobrindo que essa paz já existe dentro de nós, no nosso jardim interno; que somos seres em evolução, portanto, a caminho; que tudo que nos acontece deve ser encarado como treino para refinar o discernimento e fortalecer a vontade; descobrimos que estamos conectados com a nossa essência, com a própria Vida em nós. Teremos aprendido com o passado, estaremos vivendo o Presente de forma plena, dando nosso melhor em tudo que fizermos e, dessa forma, semeando um futuro tranquilo para nós mesmos. Para terminar, uma meditação de Sri Ramana Maharshi para lembrar quem somos de fato. Namastê!

Referências

https://sites.usp.br/psicousp/as-emocoes-e-a-saude-mental/

https://leituracorporal.com.br/

https://livasaude.com.br/como-o-emocional-pode-afetar-a-saude-do-corpo/

https://www.youtube.com/watch?v=fuxYRURCEJA 

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Ecos Linguísticos | Estrangeirismos

Fenômeno linguístico inevitável, nem sempre bem-visto, o estrangeirismo (uso de palavras e expressões de outros idiomas incorporados no português) pode ser visto como um processo natural, resultado do avanço tecnológico, do intercâmbio cultural e/ou socioeconômico, da moda etc. São palavras ou expressões que podem ser inseridas na nossa linguagem cotidiana como escritas no idioma original ou aportuguesadas. Se excessivo, porém, o uso pode tornar-se um vício de linguagem além de inibir e desencorajar quem não entende o que está sendo dito, o que dificulta a própria comunicação. No caso do inglês, por exemplo, há algum tempo, apareceu nas redes sociais uma listinha com alguns dos termos em inglês mais usados aqui e, ao lado, a respectiva tradução em português. Era algo assim: não é budget, é orçamento; não é job, é trabalho; não é meeting, é reunião; e assim por diante.  
 
Vamos às ponderações. Antes de qualquer coisa, ninguém é obrigado a entender termos de outra língua e, depois, muitas vezes esses termos sequer são pronunciados de forma correta. Autores de Samba do Approach, Zeca Baleiro e Zeca Pagodinho já ridicularizaram, no samba,  o uso excessivo de estrangeirismos por aqui, não? Agora, será que esse excesso ocorre também em outras línguas? Não sei responder, só sei que, na Itália, por convenção quase todos os filmes, passados no cinema, são dublados até hoje e muitos nomes de compositores clássicos eram transcritos para a estrutura linguística do italiano. Assim Tchaikovsky era escrito Ciaicovsky. Confesso que estranhei quando estive lá (e ainda estranho).

Ocorre que, se o português brasileiro tem termos equivalentes, por que usar os de outra língua? Isso pode evidenciar: jargão novo e específico de determinado campo de trabalho; assimilação cultural; ou que tal uso é considerado chique (?). Por outro lado, outros empréstimos linguísticos foram incorporados ao nosso idioma (balé, futebol, sutiã, buquê, mezanino, alegro, andante etc), e outros ainda são grafados como no original – pendrive, software, hardware e-mail, mouse etc. Serão incorporados de vez? Só o tempo dirá. Afinal, a língua é viva, muda e se renova com o tempo. Alguns desses termos podem até ser substituídos por outros, ou não. De qualquer forma, continuo preferindo a velha tigela, cumbuca ou terrina a bowl; desempenhar, realizar ou executar a contento uma tarefa a performar; conectar, fazer referência a, ligar a linkar... Ah... e nem me fale de influencers, termo que virou “profissão”. Sem comentários...

Lembro que no Congresso Nacional, em 2001, tramitou um projeto de lei para barrar o uso abusivo de estrangeirismos no caso de haver equivalentes no português. Alguns alegaram que o uso era sinal de submissão a culturas dominantes e outros, que era sinal dos tempos e da globalização. O projeto não foi aprovado.

O fato é que é preciso valorizar, apreciar e usar bem a nossa riquíssima língua, desde cedo, já que somos mais de 200 milhões de falantes nativos do português brasileiro, o que a torna uma das línguas mais faladas no mundo. Aliás, variações, formas diferentes de falar, diminutivos, elisão de letra e certos desvios da norma padrão são características comuns em qualquer idioma e não erros, mas só aqui isso parece tão criticado e menosprezado. Pergunto-me se não existirá aí um certo preconceito embutido... E, para citar um estudioso do campo das Letras, o autor, tradutor e professor da Universidade Federal do Paraná, Caetano W. Galindo, destaca e explica essas sutilezas em seu ótimo livro Latim em Pó.

Mas algo que também me incomoda (e muito) é o proposital uso enganoso da língua. Há dias, vi um comercial de automóveis que dizia: "Compre agora por APENAS 200 mil reais. Oi? Como assim apenas? Para mim, isso revela má fé deliberada, falta de compromisso com a verdade e de criatividade. Nesse caso, nem é preciso citar a teoria de análise do discurso, certo?

Enfim, não precisamos do mau uso nem do uso exagerado de estrangeirismos na nossa língua. Dependendo da ocasião, o uso desses termos no dia a dia pode parecer arrogância. Elegante é respeitar o outro e, se necessário, saber muito bem quando usá-los. Mas bom mesmo é valorizar a língua falada por Camões, Fernando Pessoa, Mia Couto, José Saramago, Clarice Lispector, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Conceição Evaristo, Lygia Fagundes Teles, Chico Buarque, Raduan Nassar, Milton Hatoum, Itamar Vieira Junior, Socorro Acioli, Djamila Ribeiro e tantos outros autores brilhantes! Aliás, a literatura nos ajuda a desenvolver a nossa língua e evitar estrangeirismos! Bom senso é a palavra-chave. Sempre.  

Referências

https://www.trf3.jus.br/emag/emagconecta/conexaoemag-lingua-portuguesa/estrangeirismos   

https://brasilescola.uol.com.br/redacao/estrangeirismos.htm

https://www.portugues.com.br/gramatica/tudo-que-voce-precisa-saber-sobre-estrangeirismo.html

https://www.normaculta.com.br/estrangeirismos/

http://www.portaldalinguaportuguesa.org/index.php?action=loanwords&act=list