Fenômeno
linguístico inevitável, nem sempre bem-visto, o estrangeirismo (uso de palavras
e expressões de outros idiomas incorporados no português) pode ser visto como
um processo natural, resultado do avanço tecnológico, do intercâmbio cultural
e/ou socioeconômico, da moda etc. São palavras ou expressões que podem ser inseridas na nossa linguagem cotidiana como escritas no idioma original ou aportuguesadas. Se excessivo, porém, o uso pode tornar-se um
vício de linguagem além de inibir e desencorajar quem não entende o que está sendo dito, o que
dificulta a própria comunicação. No caso do inglês, por exemplo, há algum
tempo, apareceu nas redes sociais uma listinha com alguns dos termos em inglês
mais usados aqui e, ao lado, a respectiva tradução em português. Era algo
assim: não é budget, é orçamento; não é job, é trabalho; não é meeting,
é reunião; e assim por diante. Lembro que no Congresso Nacional, em 2001, tramitou um projeto de lei para barrar o uso abusivo de estrangeirismos no caso de haver equivalentes no português. Alguns alegaram que o uso era sinal de submissão a culturas dominantes e outros, que era sinal dos tempos e da globalização. O projeto não foi aprovado.
O fato é que é preciso valorizar, apreciar e usar bem a nossa riquíssima língua, desde cedo, já que somos mais de 200 milhões de falantes nativos do português brasileiro, o que a torna uma das línguas mais faladas no mundo. Aliás, variações, formas diferentes de falar, diminutivos, elisão de letra e certos desvios da norma padrão são características comuns em qualquer idioma e não erros, mas só aqui isso parece tão criticado e menosprezado. Pergunto-me se não existirá aí um certo preconceito embutido... E, para citar um estudioso do campo das Letras, o autor, tradutor e professor da Universidade Federal do Paraná, Caetano W. Galindo, destaca e explica essas sutilezas em seu ótimo livro Latim em Pó.
Mas algo que também me incomoda (e muito) é o proposital uso enganoso da língua. Há dias, vi um comercial de automóveis que dizia: "Compre agora por APENAS 200 mil reais. Oi? Como assim apenas? Para mim, isso revela má fé deliberada, falta de compromisso com a verdade e de criatividade. Nesse caso, nem é preciso citar a teoria de análise do discurso, certo?
Referências
https://www.trf3.jus.br/emag/emagconecta/conexaoemag-lingua-portuguesa/estrangeirismos
https://brasilescola.uol.com.br/redacao/estrangeirismos.htm
https://www.portugues.com.br/gramatica/tudo-que-voce-precisa-saber-sobre-estrangeirismo.html
https://www.normaculta.com.br/estrangeirismos/
http://www.portaldalinguaportuguesa.org/index.php?action=loanwords&act=list

Concordo inteiramente com você. É de uma arrogância absurda este estrangeirismo .Temos um idioma tão rico!
ResponderExcluirParabéns pelo texto.
Ione
Tema apaixonante.
ResponderExcluirO que me assusta é que parte dos grupos sociais mais ricos está matriculando seus filhos em escolas bilíngues. No futuro esses jovens falarão o português com o sotaque do Mangabeira Unger e olharão com desprezo para o resto da população. Zé Marcelino
ResponderExcluir:(
ExcluirParabéns pelo texto Anita, concordo totalmente com você exercito isso sempre, inclusive sempre pergunto, quando ouço estrangeirismo novos, qual a sua versão no nosso bom português.
ResponderExcluirMuito bom Anitinha! Não entendo essa mania de usar o inglês nas lojas de shopping. Aqui, é Brasil.Pode ser a submissão ao país todo poderoso.Nossa língua é tão rica.Bebel
ResponderExcluirMuito bom. Além de influencers, não há nada que me deixe tão irritada como 10%off e sale definitivamente adotado por qualquer lojinha brasileira.
ResponderExcluirExato, sem noção.....
ExcluirConcordo plenamente com você! Nossa língua é extremamente rica para se abrir ao uso de termos estrangeiros e incorporá-los desnecessariamente. Penso que o uso de mestrangeirismos denotam nosso complexo de vira-latas que nos turva o discernimento .
ResponderExcluirLilian Cinde, obrigada , meu bem. Tal complexo é deprimente, para dizer o mínimo. Obrigada por estar sempre por aqui. Abraços
ExcluirMuito bom!
ResponderExcluirPrecisamos ler mais para conhecer e usar, de forma adequada, nossa língua portuguesa.
ResponderExcluirNão vejo o porquê do uso de termos estrangeiros, que muitas vezes se fala sem entender. Parabéns Anita pela abordagem.
Muito bom, Anita! O tal do sale é de doer! Saudades de nossas prosas! Bjs
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