Não é de hoje que o escritor, teólogo e filósofo franciscano Leonardo Boff (1938) escreve, fala e se manifesta em defesa do ser humano, do meio ambiente, da natureza, das terras indígenas, contra a exploração ilegal de ouro, de madeira etc. É a defesa intransigente de alguém que, há muito, muito tempo, entendeu que somos parte ativa e integrante da natureza e que, sem ela, não há a menor hipótese de o ser humano sobreviver. Mas não se engane, o oposto não é verdadeiro: o planeta sobreviverá muitíssimo bem sem os humanos, uma raça que, apesar de mais inteligente(?), mostrou-se totalmente inepta a compreender aintegração básica ser humano/natureza.
No artigo O grito da Terra, de 2015, Boff falava do Papa Francisco e da encíclica 'Laudato si’, recém-lançada. Dizia que o papa surpreendeu e "elaborou o tema dentro do novo paradigma ecológico, coisa que nenhum documento oficial da ONU até hoje fez". E confiante, continuava Boff, ele ainda acreditava que o ser humano pudesse encontrar "soluções viáveis".
Um ano depois, em 2016, no seu artigo A crise brasileira e a geopolítica mundial, Boff alertava que um ciclo de governos progressistas estava se encerrando. Entenda-se aqui como progressista todo governo que quer melhorar o nível de vida da população como um todo, o que inclui pobres e ricos, trabalhadores e empresários, governo e sociedade civil, sem deixar ninguém de lado. É a velha história de entender os conceitos de igualdade e equidade (aqui no blog Anita Plural há um post sobre o tema).
Filosofia Ubuntu: Eu sou porque nós somos |
No artigo Semana no meio ambiente: garantir o futuro da vida e da Terra, de 2019, Boff retomou a encíclica papal “Sobre cuidar da Casa Comum” (2015), que propunha uma ecologia integral abarcando várias dimensões: ambiental, social, política, cotidiana, mental e espiritual. Alertava para o caminho que devemos trilhar no futuro próximo - da necessidade de "olhar a Terra como Gaia, Pachamama, Grande Mãe e Casa Comum", sob pena de trilharmos um caminho sem volta.
Já em 2024, no artigo O que é bem-estar planetário dentro da atual ordem, Boff destacou a situação política mundial e as guerras em curso no mundo hoje, o que parece confirmar aquele caminho sem volta, mencionado no artigo de cinco anos antes. Ele nos propôs a seguinte pergunta: em que tipo de mundo queremos viver? Em que tipo de mundo queremos que nossos filhos e descendentes vivam? Perguntas importantíssimas, porque é isso que estamos fazendo, destruindo o mundo deles, porque o nosso parece já ter chegado (ou quase) ao seu limite.
Por fim, em texto duro e direto no Instagram, Boff falou da possibilidade concreta de uma terceira guerra mundial, alertando que mais do que apelar para Deus, que "não é um tapa-buraco", é preciso cuidar do ser humano enlouquecido, irracional e que cria, o tempo todo, meios de se autodestruir.
O tempo passa, os temas permanecem os mesmos, as mentiras surgem sem cessar, o desrespeito aumenta. A História parece não ter ensinado nada ao ser humano. Sem querer ser catastrofista, os eventos climáticos extremos e a situação política, econômica e social do mundo estão escancarando nosso futuro se continuarmos a olhar apenas para nosso próprio umbigo, sem olhar com cuidado e empatia para o outro, para o próximo, para a natureza e para os diferentes, como coabitantes e parceiros neste mesmo mundo.
Encerro com três frases que sempre me pegam de jeito e que dizem mais ou menos a mesma coisa: 1. Ninguém evolui sozinho; 2. Somos diferentes só por fora, por dentro somos todos iguais; 3. Eu sou, porque nós somos (Ubuntu).
Referências
https://leonardoboff.org/2024/08/15/o-que-e-bem-estar-planetario-possivel-dentro-da-atual-ordem/
https://jornalggn.com.br/meio-ambiente/o-grito-da-terra-por-leonardo-boff/
https://leonardoboff.org/2023/11/16/os-crimes-de-guerra-em-gaza-a-demencia-da-razao-e-a-falta-de-coracao/
https://www.instagram.com/p/DAdiYavJNq8/?igsh=cGprNWl3eDNwcWVh
https://anitadimarco.blogspot.com/2024/07/ecos-humanos-igualdade-e-equidade.html)
Miito bem. J. Camps
ResponderExcluirCiao, io sono un ottimista di natura e, mi auguro veramente nonostante la situazione a livello globale politica e climatica possa essere cambiata se vogliamo lasciare ai posteri un mondo migliore.Un abbraccio forte,forte.
ResponderExcluirVero. Se vogliamo... Pero Ci sono quelli che veramente non capiscono, oppure
Excluirpeggio, non vogliono capite. Comunque, speriamo... Abbraccio forte
Excelente artigo!!! É preciso reforçar sempre este alerta.
ExcluirMesmo para os otimistas está difícil não ser pessimista.
ResponderExcluirÓtimo texto, Anita!
ResponderExcluirSempre me lembro de Boff ter falado que nossas relações não são de pessoa para pessoa; mas sim de teias com teias.
Um abraço
Muito bom Anitinha! Texto real e direto ao nosso dia a dia que estamos vivenciando. Bebel
ResponderExcluirSou fã de Leonardo Boff! Minha adolescência foi marcada pelos livros dele!
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