quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Ecos Ecológicos | A Terra que chora




Não é de hoje que o escritor, teólogo e filósofo franciscano Leonardo Boff (1938) escreve, fala e se manifesta em defesa do ser humano, do meio ambiente, da natureza, das terras indígenas, contra a exploração ilegal de ouro, de madeira etc. É a defesa intransigente de alguém que, há muito, muito tempo, entendeu que somos parte ativa e integrante da natureza e que, sem ela, não há a menor hipótese de o ser humano sobreviver. Mas não se engane, o oposto não é verdadeiro: o planeta sobreviverá muitíssimo bem sem os humanos, uma raça que, apesar de mais inteligente(?), mostrou-se totalmente inepta a compreender aintegração básica ser humano/natureza.

No artigo O grito da Terra, de 2015, Boff falava do Papa Francisco e da encíclica 'Laudato si’, recém-lançada. Dizia que o papa surpreendeu e "elaborou o tema dentro do novo paradigma ecológico, coisa que nenhum documento oficial da ONU até hoje fez". E confiante, continuava Boff, ele ainda acreditava que o ser humano pudesse encontrar "soluções viáveis".  

Um ano depois, em 2016, no seu artigo A crise brasileira e a geopolítica mundial, Boff alertava que um ciclo de governos progressistas estava se encerrando. Entenda-se aqui como progressista todo governo que quer melhorar o nível de vida da população como um todo, o que inclui pobres e ricos, trabalhadores e empresários, governo e sociedade civil, sem deixar ninguém de lado. É a velha história de entender os conceitos de igualdade e equidade (aqui no blog Anita Plural há um post sobre o tema).

Filosofia Ubuntu: Eu sou porque nós somos

No artigo Semana no meio ambiente: garantir o futuro da vida e da Terra, de 2019, Boff retomou a encíclica papal Sobre cuidar da Casa Comum” (2015), que propunha uma ecologia integral abarcando várias dimensões: ambiental, social, política, cotidiana, mental e espiritual. Alertava para o caminho que devemos trilhar no futuro próximo - da necessidade de "olhar a Terra como Gaia, Pachamama, Grande Mãe e Casa Comum", sob pena de trilharmos um caminho sem volta.

Já em 2024,  no artigo O que é bem-estar planetário dentro da atual ordem, Boff destacou a situação política mundial e as guerras em curso no mundo hoje, o que parece confirmar aquele caminho sem volta, mencionado no artigo de cinco anos antes. Ele nos propôs a seguinte pergunta: em que tipo de mundo queremos viver? Em que tipo de mundo queremos que nossos filhos e descendentes vivam? Perguntas importantíssimas, porque é isso que estamos fazendo, destruindo o mundo deles, porque o nosso parece já ter chegado (ou quase) ao seu limite.

Por fim, em texto duro e direto no Instagram, Boff falou da possibilidade concreta de uma terceira guerra mundial, alertando que mais do que apelar para Deus, que "não é um tapa-buraco", é preciso cuidar do ser humano enlouquecido, irracional e que cria, o tempo todo, meios de se autodestruir.

O tempo passa, os temas permanecem os mesmos, as mentiras surgem sem cessar, o desrespeito aumenta. A História parece não ter ensinado nada ao ser humano. Sem querer ser catastrofista, os eventos climáticos extremos e a situação política, econômica e social do mundo estão escancarando nosso futuro se continuarmos a olhar apenas para nosso próprio umbigo, sem olhar com cuidado e empatia para o outro, para o próximo, para a natureza e para os diferentes, como coabitantes e parceiros neste mesmo mundo. 

Encerro com três frases que sempre me pegam de jeito e que dizem mais ou menos a mesma coisa: 1. Ninguém evolui sozinho; 2. Somos diferentes só por fora, por dentro somos todos iguais; 3. Eu sou, porque nós somos (Ubuntu).    

Referências

https://leonardoboff.org/2024/08/15/o-que-e-bem-estar-planetario-possivel-dentro-da-atual-ordem/  

https://jornalggn.com.br/meio-ambiente/o-grito-da-terra-por-leonardo-boff/

https://leonardoboff.org/2023/11/16/os-crimes-de-guerra-em-gaza-a-demencia-da-razao-e-a-falta-de-coracao/  

https://www.instagram.com/p/DAdiYavJNq8/?igsh=cGprNWl3eDNwcWVh 

https://anitadimarco.blogspot.com/2024/07/ecos-humanos-igualdade-e-equidade.html) 

8 comentários:

  1. Ciao, io sono un ottimista di natura e, mi auguro veramente nonostante la situazione a livello globale politica e climatica possa essere cambiata se vogliamo lasciare ai posteri un mondo migliore.Un abbraccio forte,forte.

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    1. Vero. Se vogliamo... Pero Ci sono quelli che veramente non capiscono, oppure
      peggio, non vogliono capite. Comunque, speriamo... Abbraccio forte

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    2. Excelente artigo!!! É preciso reforçar sempre este alerta.

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  2. Mesmo para os otimistas está difícil não ser pessimista.

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  3. Ótimo texto, Anita!
    Sempre me lembro de Boff ter falado que nossas relações não são de pessoa para pessoa; mas sim de teias com teias.
    Um abraço

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  4. Muito bom Anitinha! Texto real e direto ao nosso dia a dia que estamos vivenciando. Bebel

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  5. Sou fã de Leonardo Boff! Minha adolescência foi marcada pelos livros dele!

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